Peter, Paul & Mary | “Light one Candle” | Acenda uma Vela
Show de 25º aniversário | 1986
( leia a letra completa no final )
É preciso – AGORA – que os líderes religiosos conversem sobre a paz
Existe uma canção de Hanucá, cantada por Peter, Paul & Mary, “Light One Candle” [“Acenda uma Vela”], que começa assim:
“Acenda uma vela para as crianças macabéias,
Com agradecimentos por sua luz não ter morrido,
Acenda uma vela pela dor que elas sofreram,
Quando seus direitos a existir eram negados”
Os temas da música são universais.
Falam sobre manter vivas as chamas da Justiça e da Paz.
No mês passado saí da minha zona de conforto, deliberadamente, para participar de duas conferências de paz – a Israel Peace Conference, promovida pelo Haaretz em Tel Aviv, e a Future of Interreligious Dialogue, em Jerusalém.
Os judeus ortodoxos de Israel normalmente não comparecem a conferências de paz. Na verdade, procurei por kipot entre a multidão de vários milhares em Tel Aviv. Não consegui encontrar o suficiente para completar um minián (quórum mínimo de 10 homens para orações coletivas).
Não obstante, com a violência grassando em Israel por mais de dois meses, senti a necessidade de fazer algo que me desafiava. Recusei-me a ceder ao sentimento de impotência.
Estava procurando uma inspiração e a encontrei no personagem do rabino Michael Melchior, que falou em ambos os eventos. Sua mensagem foi clara: tentar repetidamente impor uma solução política para a paz é um processo falido e condenado a fracassar, caso dele não participem líderes religiosos.
Num workshop judaico-muçulmano na conferência de Jerusalém, conduzido pelo rabino Melchior e o prefeito de Abu Ghosh, Salim Jaber, Melchior disse: “Precisamos de novas regras de engajamento para um diálogo judeu-muçulmano, semelhante ao que alcançamos no diálogo judaico-cristão. E que permitam a ambas as partes terem a visão de um futuro melhor”.
Melchior disse que a sabedoria política aceita se afastou de questões existenciais difíceis, como o destino de Jerusalém e o direito de retorno, até que sejam alcançadas decisões em temas menos complicados. Ele defende que a perspectiva religiosa deve abordar e se engajar nesses temas, desde o início.
Em vez de excluir facções vistas como extremistas, Melchior disse: reconheçamos todas elas, dando as boas-vindas para o diálogo sob a Tenda de Abraão e Sara. Reconheçamos que os radicais que adotam a violência – tanto os muçulmanos como os judeus – são “as pontas visíveis de icebergs”, enquanto que os que buscam a paz são principalmente as maiorias silenciosas, “grandes icebergs ocultos sob a superfície da água”.
Líderes religiosos precisam tornar explícitos os valores compartilhados da Torá e do Alcorão. Em ambos os textos pode-se encontrar o mandamento – “Não faça ao Outro o que não quer que lhe façam”.
Tanto no Islã como no judaísmo existem jurisprudências sobre fazer a paz entre religiões. A Mishná, no início do tratado Bava Metzia, conta que dois litigantes disputando um objeto, comparecerem à Corte, cada um reclamando sua propriedade. A Corte sentenciou que metade do objeto ficaria com ela e o restante seria dividido entre as partes.
De modo semelhante, Abu al-Hasan Ali Ibn Muhammad Ibn Habib al-Mawardi, reconhecido jurista muçulmano do século XI, estabeleceu princípios pelos quais a paz poderia ser feita com não-muçulmanos, com base em um precedente do Profeta.
Podemos focalizar narrativas contraditórias da Torá e do Alcorão descrevendo quando Abrahão trouxe seu filho (Isaac ou Ismael) para a Akeida, como potencial sacrifício. Ou podemos focalizar sobre, como apontou Rabi Melchior, o fato de a conclusão de ambas as tradições de fé é a de que não devemos sacrificar os nossos filhos.
Aarão, irmão de Moisés, foi investido por D’us – a si mesmo e seus descendentes – como sacerdote. Aarão é descrito na Torá como um amante da paz (ohev shalom) e perseguidor da paz (rodef shalom).
Os macabeus pertenciam à família dos hasmoneus. Eram Kohanim (sumos sacerdotes), a liderança religiosa daquele tempo. Foram à guerra e a sua vitória sobre os selêucidas (gregos) assegurou a paz para Israel por 100 anos, até que Roma estabelecesse Israel como um “estado-cliente”.
Sei que é difícil, com o que está ocorrendo à nossa volta. Mas, por favor, tenha um pouco de tolerância e sonhe comigo, por um momento. Imagine que agora, nesta onda de violência que nos está assolando, líderes religiosos das maiorias silenciosas que querem a paz – judeus e muçulmanos – levantem e ergam suas vozes. Tão alto que possam superar o barulho da minoria rancorosa que está alimentando o incêndio. Para nos ajudar a atravessar estes tempos turbulentos.
Então, imagine a próxima vez em que um consórcio de poderes mundiais pressionem Israel e os palestinos a sentar-se para conversações de paz. E que, em vez de representantes de Netanyahu e de Abbas, sejam escolhidas lideranças religiosas, como o Rabi Michael Melchior e o Sheikh Raed Badir, líder do ramo sulista do movimento islâmico e proponente do diálogo e da paz. Eles convidariam todos os setores, homens e mulheres, a serem representados e ouvidos, para repartir a comida e fazer uma paz justa, sob a tenda de Abraão e Sara.
Parece um sonho impossível. Mas o milagre de Hanucá também parecia assim.
“Acenda uma vela pelo sacrifício terrível,
que a justiça e a liberdade demandam.
Mas acenda uma vela pela sabedoria de reconhecer
que o tempo de se fazer a paz já chegou. ”
Rabbi Yehoshua Looks emigrou para Israel com a família em 1996. Tem um MBA de Harvard e uma carreira de 20 anos como administrador senior nos EUA. É COO da Ayeka e consultor independente de ONGs educacionais.
[ Publicado no Haaretz em 07|12|15 e traduzido pelo PAZ AGORA|BR ]
Letra de Light One Candle:
Light one candle for the Maccabee children
With thanks their light didn’t die;
Light one candle for the pain they endured
When their right to exist was denied;
Light one candle for the terrible sacrifice
Justice and freedom demand;
And light one candle for the wisdom to know
That the peacemaker’s time is at hand!Chorus:
Don’t let the light go out,
It’s lasted for so many years!
Don’t let the light go out!
Let it shine through our love and our tears!Light one candle for the strength that we need
To never become our own foe;
Light one candle for those who are suff’ring
A pain they learned so long ago;
Light one candle for all we believe in,
That anger not tear us apart;
And light one candle to bind us together
With peace as the song in our heart!(chorus)
What is the memory that’s valued so highly
That we keep it alive in that flame?
What’s the commitment to those who have died?
We cry out “they’ve not died in vain,”
We have come this far, always believing
That justice will somehow prevail;
This is the burden, This is the promise,
This is why we will not fail!(chorus)
Don’t let the light go out!
Don’t let the light go out!Don’t let the light go out!
Acenda esta vela e passe adiante.
Não deixe a chama se apagar!