Cerca de cem mil israelenses se reuniram na noite de sábado, na praça diante da prefeitura de Tel Aviv, onde o primeiro-ministro Itzchak Rabin foi assassinado 13 anos atrás.
Os participantes encheram a Praça Rabin e transbordaram para as ruas próximas, com faixas e cartazes pedindo paz e tolerância.
O ato começou com a projeção de um filme do discurso de Rabin na mesma praça em 1995, onde ele agradecia a presença dos participantes em apoio ao lema: “Não à violência. Sim à paz“.
Rabin negociou o primeiro acordo interino com os palestinos. Ganhou um Prêmio Nobel por seus esforços. Acabava de sair, em 4/11/1995, de uma manifestação pela paz quando foi baleado pelas costas por um ultra-nacionalista que se opunha à sua política de trocar terra por paz com os palestinos.
Filme Parecido
O evento deste ano coincide com um aumento nas tensões na fronteira de Gaza, de onde dezenas de foguetes foram lançados contra o sul do país, e num momento de preocupante radicalização dos extremistas de direita em Israel.
Agressões de colonos contra palestinos, e mesmo de soldados e policiais israelenses na Cisjordânia têm sido notícias quase diárias. Líderes extremistas judeus têm instado abertamente a desrespeitar as autoridades do país, desafiando as leis do Estado.
Recentemente, o renomado intelectual, Zeev Sternhell, veterano ativista do PAZ AGORA, foi vítima de um atentado a bomba. Foi distribuído um panfleto oferecendo uma recompensa milionária a quem matasse um membro do movimento. Ameaças de morte vêm sendo feitas repetidamente contra o secretário-geral do movimento Yariv Oppenheimer.
Pixações ameaçadoras foram feitas num muro em Tel Aviv, como “Yariv, porco, seu fim está próximo”, “Kahana estava certo” e “Morte aos Árabes”.
O rabino Israel Rozen, num panfleto semanal distribuído em sinagogas ortodoxas, imputou aos ativistas do PAZ AGORA o pecado de traição. Citando Maimônides, escreveu que “segundo a halachá (normas religiosas), a punição do comportamento deles é a morte“.
Órgãos de segurança têm alertado para o ambiente semelhante ao do assassinato de Rabin e o perigo iminente de acontecer uma tragédia.
13 Anos Sem Rabin
O presidente Shimon Peres dirigiu-se aos manifestantes na Praça Rabin, dizendo que são pessoas como elas que ajudam Israel a se manter democrático e a salvo da anarquia e discursando: “Yitzhak, você se foi, mas o seu caminho não foi perdido. A paz está mais próxima do que pensamos, e precisamos fazer todo esforço, em sua memória, para completá-la”.
Peres alertou para o perigo de desintegração da sociedade israelense por causa de lutas internas: “União Soviética, Tchecoslováquia, Iugoslávia e outras nações acabaram se dissolvendo – política e culturalmente – porque foram corroídas por dentro. Estamos em meio a uma crise. A disputa entre nós foi intensificada e está ameaçando seriamente o grande tecido humano que é o Estado de Israel”.
“Vocês são a espinha dorsal de Israel. A diferença entre uma democracia inspiradora e a anarquia. São os que se preocupam e as esperanças e o futuro de Israel dependem de vocês”.
A ministra do exterior Tzipi Livni expressou sua tristeza pela perda do querido primeiro-ministro e declarou: “Precisamos por um fim à divisão em Israel”.
O ministro de defesa, Ehud Barak chamou os extremistas de direita israelenses de “tumores cancerosos”, que representam uma séria ameaça à “democracia, ao sistema legal, ao Exército de Defesa de Israel, à polícia e a toda sociedade”.
Ressaltou a importância da paz, dizendo: “Não temos nenhum outro país e nenhum outro caminho. A única alternativa é a paz”.
Como vem ocorrendo ano após ano, os governantes de plantão subiram ao palanque garantindo a busca de um acordo com os vizinhos árabes, baseado na entrega de terras em troca de paz. Prometeram que o legado de Rabin seria levado adiante.
Mais um ano se passou, e esses governantes avançaram muito pouco além de palavras. Enquanto falam, os fanáticos que apertaram o gatilho assassino se multiplicam.
Os assassinos de Rabin, por todos esses anos, continuaram ditando a agenda de Israel, expandindo a ocupação dos territórios e impondo ali sua própria lei.
É hora de Israel libertar-se do jugo desses extremistas que, sob o pretexto de reconstruir o “Grande Israel” bíblico, estão minando as bases do Estado de Israel e a possibilidade de sua existência em paz e segurança.
É hora de finalmente as vozes de Rabin e da maioria serem finalmente ouvidas:
BASTA DE VIOLÊNCIA !
PAZ AGORA !