O 7 de outubro de 2023 foi uma tragédia para os israelenses: um massacre sem precedentes cujas consequências são pagas com as vidas de milhares de palestinos e israelenses. Mais de um ano depois, ademais, cresce a incerteza quanto aos 101 sequestrados ainda em mãos do Hamas.
O 7/10 também significou uma tragédia para os judeus no mundo inteiro: nos protestos contra a guerra se veem muitas vezes palavras de ordem de cunho antissemita, além de ataques pessoais de colegas e companheiros de trabalho e estudo. O aumento do antissemitismo é um fenômeno real, que os judeus das diferentes comunidades do mundo enfrentam por fatos que ocorrem a dezenas de milhares de quilômetros de distância.
O cenário não é simples: por um lado, nos afrontamos com os que seguem negando os fatos do 7/10; por outro, nos enfrentamos com uma pressão muito forte dos dirigentes comunitários judeus para não expressar qualquer crítica à sangrenta guerra em Gaza. Este paradoxo tende a nos deslocar como judeus, preocupados por encontrar uma solução política ao conflito israelo-palestino.
É esta a importância do chamado ao Cessar-Fogo, Liberação de Reféns e Negociações de Paz da J-Link, a organização de judeus progressistas que centraliza a ação de sete organizações regionais – Europa, Grã Bretanha, Estados Unidos, Canadá, Austrália, África do Sul, além da América Latina – num chamado legítimo de judeus no mundo, preocupados pela existência de Israel, mas também para que seja um Israel verdadeiramente democrático, que garanta a igualdade para todos seus cidadãos e viva em paz com seus vizinhos, incluído o povo palestino. Este é um chamado ao governo de Israel, que em mais de uma ocasião proclama representar todos os judeus do mundo. Mas é também um chamado a despertar, dirigido aos judeus inconformados do mundo. É um chamado tanto a indivíduos como a organizações judaicas, para saírem de seu silêncio e a expressarem suas convicções, exigindo um cessar-fogo, a libertação dos reféns e negociações de paz.
Romper o silêncio é nosso direito e também é nossa obrigação.
Comitê Coordenador do J-Link (Jlinkoffice@gmail.com)
O que é J-Link?
J-Link é uma rede internacional de judeus progressistas de Israel, Estados Unidos, Canadá, Europa, América Latina, Sul da Ásia e Austrália. Partilhamos um amor por Israel e um compromisso com democracia, direitos humanos, pluralismo religioso e uma resolução pacífica do conflito israelense-palestino através da criação de um Estado Palestino ao lado de Israel. Acreditamos nos valores consagrados na Declaração de Independência de Israel, de acordo com a qual o Estado de Israel, enquanto Lar democrático do povo judeu, assegura “completa igualdade de direitos sociais e políticos a todos seus habitantes, independentemente de religião, raça ou sexo”. Estamos muito preocupados por iniciativas como a Lei de Estado-Nação e políticas de anexação unilateral que poderiam derrotar a perspectiva de uma solução de Dois Estados. O J-Link aspira trabalhar com nossas respectivas comunidades judaicas locais, nossos governos nacionais e organizações internacionais, para defender nossos valores e nossa visão para Israel.