Os Amigos Brasileiros do PAZ AGORA condenam o ataque por uma multidão furiosa de colonos à comunidade palestina de Hawara, na Cisjordânia. A violência da turba deixou um palestino morto, cerca de 100 feridos e muitos danos materiais, incluindo o incêndio de casas e dezenas de automóveis.
Também condenamos o brutal atentado que foi usado como justificativa para esta violência: o assassinato por um terrorista palestino solitário de dois jovens irmãos do assentamento de Har Bracha, mortos a tiros enquanto dirigiam próximo a Hawara. Nenhum ato terrorista é justificável, seja qual for a causa que o motivou.
Medidas tranquilizadoras são extremamente necessárias para conter o ciclo de violência que já está saindo de controle e ameaça se tornar uma conflagração em grande escala.
Ainda mais imperativas são as iniciativas que abordem as causas profundas do conflito israelense-palestino, especialmente a imediata interrupção da construção em assentamentos e a evacuação dos que já são considerados ilegais pela própria lei israelense.
Infelizmente, a tendência está na direção oposta.
Os ataques de colonos contra comunidades palestinas na Cisjordânia não são novidade, mas a fúria em Hawara foi particularmente selvagem.
Conforme afirmou o PAZ AGORA: “Vamos chamar o evento pelo nome adequado: foi um POGROM“.
O Haaretz relata que cerca de 400 colonos invadiram Hawara no domingo, atirando pedras e incendiando casas, carros e árvores em um frênesi de vingança que durou horas. Os colonos haviam divulgado suas intenções nas mídias sociais, com antecedência, o que era conhecido pelas forças de segurança israelenses. Mas elas “não conseguiram” evitar o motim dos colonos ou proteger adequadamente os residentes palestinos, uma vez que “o motim já estaria em andamento”.
Certos ministros do gabinete israelense emitiram algumas tênues declarações, avisando que os cidadãos não devem “tomar a lei em suas próprias mãos”. Mas é de conhecimento público que são esses mesmos ministros que incitam diariamente à violência contra os árabes. Sem contar que grande parte das forças israelenses estacionadas na Cisjordânia obedecem agora ao comando de um deles.
Os colonos extremistas e racistas – e suas lideranças que conseguiram lugar no governo Netanyahu – farão de tudo para jogar mais gasolina na fogueira, achando que os palestinos irão simplesmente abrir mão de suas terras, dando lugar para um Grande Israel exclusivamente judaico. Querem literalmente ver o circo pegar fogo. Querem provocar uma nova Intifada, que será certamente muito mais sangrenta que as anteriores.
Os postos avançados ilegais, que o atual governo pretende “legalizar” são coalhados de jovens “religiosos”, doutrinados desde o berço a acreditar que toda a Cisjordânia foi dada pelo “todo poderoso” ao povo judeu. E que os palestinos que lá habitam são meros intrusos,
No domingo, Itamar Ben Gvir, ministro da Segurança Nacional de Israel, disse a um grupo de colonos que “nossos inimigos precisam ouvir uma mensagem de… esmagando-os um a um“. Após o pogrom de Hawara, Bezalel Smotrich, que é ministro das Finanças, mas também ocupa um cargo ministerial no Ministério da Defesa, apelou aos colonos para permitir que as forças de segurança israelenses “planejem a resposta apropriada e deixem o ministério vencer” – isto dificilmente foi uma repreensão ao vigilantismo dos colonos. Antes disso, Smotrich havia “curtido” um tweet do vice-chefe do Conselho da Samaria, que dizia: “a aldeia de Hawara deve ser exterminada hoje”.
A matriz das crescentes tensões na Cisjordânia é uma agenda do governo israelense, de Ocupação militar contínua, expansão acelerada dos assentamentos e frustração de qualquer perspectiva de uma Solução de Dois Estados.
PAZ AGORA:
“Este foi o evento culminante de um longo processo que vem acontecendo há anos, no qual os colonos não poupam meios para implementar sua visão perigosa.
Anos de violência dos colonos, apropriação de terras, estabelecimento ilegal de postos avançados e apreensão maciça de terras através de assentamentos, teriam que acender uma luz vermelha em cada um de nós, de que tal evento ocorreria. Pogroms como este acontecerão novamente, porque esta é a política para a qual o governo israelense está se dirigindo.”
Os postos avançados ilegais, que o atual governo pretende “legalizar” são coalhados de jovens “religiosos”, doutrinados desde o berço a acreditar que toda a Cisjordânia foi dada pelo “todo poderoso” ao povo judeu. E que os palestinos que lá habitam são meros intrusos,
É preciso Sustar Imediatamente – e Reverter a Ocupação
Apelamos a todas as partes, incluindo os intervenientes internacionais, para que tomem medidas que possam evitar uma nova escalada da violência, criando simultaneamente um horizonte político para construção da paz.
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