NETANYAHU SE UNE À EXTREMA-DIREITA RACISTA

ITAMAR BEN GVIR

Quem é ITAMAR BEN-GVIR, o fiel discípulo de Meir Kahane?

 

Segundo as pesquisas de opinião pública, Itamar Ben-Gvir se converterá em membro do Knesset em 23 de março. Quem é este indivíduo e em que acreditam ele e seus correligionários?

NETANYAHU SE ALIA À EXTREMA-DIREITA RACISTA

São discípulos do finado rabino Meir Kahane, e durante décadas tem praticado o mesmo tipo de política perigosa, racista e de ódio que Kahane fomentou. Estas idéias e mensagens políticas, que já foram consideraram ilegítimas na cultura política israelense. agora estão sendo promovidas abertamente pelo primeiro ministro Benjamin Netanyahu.

Vale a pena recordar o que representava Kahane e o que se está avizinhando. Quando Kahane e seu partido Kach foram eleitos para o Knesset em 1984 com 25.907 votos, a maior parte da sociedade israelense se sentiu envergonhada pela eleição de um racista que pregava o ódio à democracia israelense.

118 membros do Knesset boicotaram Kahane e abandonavam a sessão plenária do Knesset a cada vez que ele tomava a palavra. O presidente do Parlamento tinha que permanecer na câmara, mas sempre tratou de evitar que Kahane apresentasse algum projeto.

Finalmente, a Corte Suprema de Israel ordenou que se permitisse a Kahane apresentar propostas legislativas. A mais famosa delas, foi um conjunto de leis para separar físicamente cidadãos judeus dos árabes. Um jovem membro do Knesset do Likud, Miki Eitan, apresentou imediatamente uma comparação da proposta de Kahane com as infames Leis de Nuremberg, leis antissemitas e racistas promulgadas na Alemanha nazista em 15|09|1935, numa reunião especial do Reichstag (Parlamento Alemão) convocada durante o encontro anual do Partido Nazista em Nuremberg. Segue texto desta comparação; qualquer semelhança não é mera coincidência:

A PROPOSTA DE KAHANE

  • Separação nas praias: estabelecer-se-ão praias separadas para Judeus e não judeus. Uma pessoa de um povo que seja encontrada na praia destinada ao segundo povo estará sujeita a 6 meses de prisão.
  • O status dos não Judeus

MEIR KAHANE 

A- Os não judeus no Estado de Israel não terão nenhum direito nacional e não participarão nos procedimentos políticos no Estado de Israel. Um não judeu não poderá ser designado para nenhum posto de autoridade e não poderá votar nas eleições ao Knesset nem a nenhum outro organismo estatal ou público.

  1. Os não judeus estarão obrigados a assumir direitos, impostos e escravidão. Se não aceitarem a escravidão e os impostos, serão deportados a força.
  • Restrição de residência: um não judeu não viverá dentro da jurisdição da cidade de Jerusalém.
  • Proibição de matrimônios mistos: os cidadãos judeus do país não podem casar-se com não Judeus, tanto em Israel como no estrangeiro. Tal matrimonio misto não será reconhecido como matrimonio em absoluto.
  • Relações extramatrimoniais entre judeus e não judeus.
  • Aos Judeus do Estado de Israel não é permitido ter relações maritais, totais ou parciais, de nenhum tipo com não judeus, nem sequer fora do matrimonio. Qualquer em que infrinja esta secção pode ser condenado a dois anos de prisão.
  1. Um não judeu que tenha uma relação marital com um judeu pode ser condenado a 50 anos de prisão. Uma prostituta judia ou um homem judeu que tenha uma aventura com uma pessoa não judia será condenado a 5 anos de prisão.

A LEGISLAÇÃO NAZISTA

  • Separação em piscinas

A-Os Judeus não podem entrar em piscinas públicas.

B.-Nos lugares de asseio e hospedagem, judeus e não judeus devem estar separados. Para este fim, os judeus devem se alojar em hotéis e pensões separadas.

  • O status dos judeus:

Os judeus não podem ser cidadãos do Reich. Não tem direito político ao voto e não podem ocupar cargos públicos.

  • Restrição de residência: os apartamentos em Berlim e Munich que se tenham alugado a judeus não voltarão a se alugar a judeu sem permissão especial.
  • Proibição de casamentos mistos: Matrimônios entre Judeus e cidadãos do Estado com sangue alemão ou próximo ao alemão.

Os casamentos realizados em violação da lei estão proibidos, inclusive caso celebrados no estrangeiro.

  • Relações extramatrimoniais entre judeus e cidadãos do Reich
  1. Se proíbem as relações fora do matrimônio entre judeus e cidadãos do Estado com sangue alemão ou próximo.
  2. Os judeus não podem empregar em seus locais cidadãos de um país de sangue alemão ou próximo.

KAHANE não era sutil nos seus conceitos. Eis alguns deles:

“Seguramente é hora de que os judeus, preocupados pelo enorme crescimento dos árabes em Israel, considerem terminar o intercâmbio de populações que começou há 35 anos”.

“Sei que as eleições devem limitar-se só àqueles que entendem que os árabes são o inimigo mortal do Estado judeu, que nos trariam um Auschwitz de maneira lenta, não com gás, mas com facas e machados”.

“Não há maior antissemita que o judeu, e ninguém odeia mais o povo judeu do que o judeu traidor e apóstata”.

“ÁRABE BOM É ÁRABE MORTO”
“KAHANE VIVE”


 

Itamar Ben-Gvir, o novo aliado político de Netanyahu, é um dos discípulos mais leais de Kahane. Se apresenta regularmente como seguidor de Kahane e fala apaixonadamente sobre ele nas ceremônias comemorativas anuais de seu rabino e mestre.

O ‘Otzma Yehudit’ (Poder Judeu) , o agrupamento “legal” dos seguidores de Kahane do proscrito Partido Kach, inclui  vários kahanistas autoproclamados, entre eles Michael Ben-Ari, a quem foi negado visto dos EUA em 2012 por seus vínculos com o Kach; Baruch Marzel, que atuou como secretário de Kahane no Knesset; Bentzi Gopstein, ex aluno do rabino extremista e ativista anti-LGBT que regularmente enfrenta acusações de incitação à violência, racismo e terrorismo; e Itamar Ben-Gvir, que quando era adolescente atuava no Kach e agora é amplamente conhecido por representar  suspeitos judeus de terrorismo .

O companheiro de Ben-Gvir, Bezalel Smotrich, deputado e ex ministro de Netanyahu, fez uma série de declarações infames e racistas:

“O povo palestino é um povo inventado há um dia e meio. O povo palestino nunca existiu e nunca se estabelecerá um Estado palestino”.

“Minha esposa realmente não é racista, mas depois de dar a luz quer descansar em vez de ter um hafla [festa massiva acompanhada de música e dança] como fazem os árabes depois de seus nascimentos. É natural que minha esposa não queira deitar-se [numa cama] junto a uma mulher que acaba de dar a luz a um bebê que poderia querer assassinar o seu bebê dentro de 20 anos. Os árabes são meus inimigos e por isso não curto estar junto a eles “.

Sua esposa, Revital, disse ao Canal 10 de Israel que havia “posto para fora uma obstetra árabe da sala [de partos]. Quero que mãos judias toquem no meu bebê, e não me sentia cómoda deitada no mesmo quarto que uma árabe. Me nego a ter una parteira árabe, porque para mim dar a luz é um momento judaico e puro”.


Não se deveria permitir estas idéias  racistas em nenhuma democracia genuína. São uma incitação direta contra segmentos inteiros da população.

Sua ascensão à legitimidade, patrocinada por Netanyahu é só uma das muitas razões para seu reinado chegar ao fim.


NT:  Estes partidos/candidatos marginais extremistas normalmente não conseguiriam o coeficiente-eleitoral para entrar no Parlamento.  Recentemente, Netanyahu os convidou para entrar no Likud, em posições privilegiadas na lista de candidatos, e com promessa de lhes conceder ministérios onde possam aplicar suas ideologias supremacistas.

Pode-se dizer que, caso tais candidaturas não seja impugnadas, cada voto no Likud será uma contribuição para o extremismo racista.

 

[ Por Gershon Baskin | The Jerusalem Post | 17|02|2021 | traduzido pelo PAZ AGORA|BR ]

 

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