Mais de 40 organizações de 15 países e 5 continentes assinaram uma carta pedindo ao governo israelense para “acabar com a guerra e retirar todas as forças israelenses de Gaza” em troca dos reféns.
[ por Judy Maltz | Haaretz 20/12/2024 |
[ tradução: Amigos Brasileiros do PAZ AGORA www.pazagora.org ]
Uma rede internacional de organizações judaicas progressistas publicou uma Carta Aberta na sexta-feira pedindo um cessar-fogo imediato em Gaza, um acordo de reféns e uma ação diplomática rápida para lidar com a crescente crise humanitária.
A Carta observa que, embora as capacidades militares do Hamas tenham diminuído, o grupo continua a controlar áreas em Gaza e mantém 100 reféns israelenses . “Embora apoiemos totalmente o direito de Israel de se defender, os eventos do ano passado e o trágico preço pago por ambos os lados são prova de que não há solução militar”, diz a Carta.
É a primeira Carta desse tipo exigindo um cessar-fogo imediato a angariar tanto apoio de organizações judaicas em todo o mundo. Entre os signatários estão J Street (EUA), JSpaceCanada , as filiais do Ameinu nos Estados Unidos e no Brasil, Jewish Democratic Initiative (África do Sul), J Call Europe, J Amlat Argentina-Chile-Brasil-México-Uruguai, as filiais do New Israel Fund no Canadá, Austrália, Suíça, Alemanha e Estados Unidos, Partners for Progressive Israel (EUA), Americans for Peace Now e We Are All Hostages – organização que representa famílias de reféns em Israel [NT = relação não exaustiva].
[NT: Assinaram ainda, no Brasil, Amigos Brasileiros do PAZ AGORA, ASA, JJPD_SP e Women Wage Peace|Brasil]
> para novas adesões, envie e-mail para pazagora@pazagora.org, com o título “Aderimos à Carta Aberta”, anexando logo da instituição, informando nomes completos da Instituição e do responsável ]
A Carta foi liderada pela J-Link, uma rede internacional de grupos judaicos progressistas estabelecida em 2020, cujas organizações filiadas “compartilham o amor por Israel e um compromisso com a democracia, os direitos humanos, o pluralismo religioso e uma resolução pacífica do conflito israelense-palestino”.
Muitas das famílias de reféns expressaram sua decepção com as organizações judaicas americanas por não exercerem maior pressão sobre o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu para acabar com a guerra e chegar a um acordo sobre os reféns.
Expressando sua frustração em um ensaio publicado no Atlanta Jewish Times , Yehuda Cohen, um dos principais membros do We Are All Hostages [que também subscreve a carta], escreveu recentemente: “Toda vez que pedimos a uma grande organização para se levantar e denunciar o papel do primeiro-ministro Netanyahu em impedir um acordo sobre reféns e ver nossos entes queridos devolvidos, todos eles responderam a mesma coisa: ‘Entendemos, mas não podemos dizer isso em voz alta, já que estamos sob ataque. Se falarmos sobre divisões internas em Israel, isso só levará a mais antissemitismo.'” [NT: este não é o caso das organizações que firmam esta Carta Aberta, mas de lideranças que apóiam incondicionalmente o governo israelense de plantão ].
Yehuda Cohen é pai de Nimrod Cohen , soldado estacionado na fronteira de Gaza que foi feito refém no 7 de outubro .
Na mesma linha, Alaina Zeitchuk, americana que teve parentes feitos reféns no 7 de outubro — todos, exceto um, já foram libertados — criticou recentemente a comunidade judaica americana “pró-Israel” por “ser incapaz de ver que a guerra tinha ido longe demais e estava prejudicando nosso próprio povo”.
Em uma coluna publicada no The Jewish News of Northern California , ela escreveu: “A narrativa judaica americana promovendo a solidariedade parecia sufocante, ao exigir que sejamos uniformes, sob a bandeira de estarmos unidos. Eu não precisava de solidariedade — eu precisava de aliados que se manifestassem contra qualquer um e todos que colocassem em risco as vidas dos reféns.
Os grupos que assinaram a Carta Aberta esperam mostrar às famílias dos reféns que há outras vozes nas comunidades judaicas, que apoiam o fim da guerra e vêem um cessar-fogo como o único meio possível para alcançar a libertação dos reféns. Eles escolheram pressionar com sua publicação por conversações renovadas para um acordo de reféns, após um longo hiato.
Em sua Carta, as organizações judaicas também apelam à comunidade internacional para “se envolver em um processo diplomático abrangente e criar um futuro seguro para todos os israelenses e palestinos, com base no direito à autodeterminação de ambos os povos em Dois Estados soberanos”.
Íntegra da Carta Aberta
Cessar-Fogo, Devolução de Reféns e Negociações de Paz JÁ!
” Nós, as organizações judias no mundo abaixo firmadas, os chamamos a se somar ao nosso pedido de cessar imediatamente as hostilidades em Gaza e a libertação dos reféns israelenses, seguido por negociações de paz.
Após o brutal ataque às comunidades do sul de Israel, perpetrado pelas forças do Hamas no 7 de outubro de 2023, o Estado de Israel lançou uma ofensiva militar massiva em Gaza. Os objetivos declarados eram desmantelar o poder militar do Hamas e libertar os reféns capturados.
Mais de um ano depois, o Exército de Israel continua muito envolvido em Gaza, dezenas de milhares de habitantes do enclave foram mortos, e muitos outros estão feridos ou mutilados de forma permanente. Os danos causados pelos bombardeios destruíram a infraestrutura essencial e tornaram Gaza quase inabitável para os sobreviventes. Ainda que a capacidade militar do Hamas se tenha degradado, a organização mantém um controle significativo de Gaza e continua mantendo como reféns 101 israelenses, dos quais é desconhecido o número de pessoas vivas ou mortas.
Se bem que apoiemos plenamente o direito de Israel a se defender, os acontecimentos do ano passado e o trágico saldo que ambas as partes pagam são prova de que não há uma solução militar. A única maneira de cumprir os objetivos originais é conseguir um acordo imediato sobre um cessar-fogo e a libertação de reféns, um aumento significativo da assistência humanitária e um marco multilateral para as negociações para a futura reconstrução e administração de Gaza.
Portanto, fazemos um chamamento ao Governo de Israel para que aceite pôr fim à guerra e retirar todas as forças israelenses de Gaza, em troca da devolução de todos os reféns. Também apelamos à comunidade internacional para que participe em um processo diplomático integral para criar um futuro seguro para todos os israelenses e palestinos, baseado no direito à autodeterminação de ambos os povos em dois Estados soberanos. “
Comitê Coordenador da J-Link
Barbara Landau (JSpace, Canadá), Ken Bob (Ameinu, EE.UU.), Basil Dubb (JDI, África do Sul), Giorgio Gomel (JCall Europa, Italia), Alon Liel (PWG, Israel), Shlomo Slutzky (J AmLat).
J-Link é uma rede internacional de organizações judias progressistas. Compartilhamos o amor por Israel e o compromisso com a democracia, os direitos humanos, o pluralismo religioso e uma resolução pacífica do conflito israelense-palestino. Cremos nos valores consagrados na Declaração de Independência de Israel, que promete “total igualdade de direitos sociais e políticos para todos seus habitantes independentemente de sua religião, raça o sexo”.
Para mais informações visite www.jlinknetwork.org
Para novas adesões, envie e-mail para pazagora@pazagora.org, com o título “Aderimos à Carta Aberta”, anexando logo da instituição, informando nomes completos da Instituição e do responsável ]