A BANDEIRA ESTÁ EM NOSSAS MÃOS | Leia o Editorial do Haaretz ao final
Celebrando o 75º Aniversário da Declaração da Independência do Estado de Israel, refletimos sobre os progressos e desafios que deram forma ao nosso País.
Enquanto comemoramos a Independência de Israel, devemos também reconhecer que a nossa Liberdade e a nossa Democracia estão incompletas ao não abordarmos a contínua Ocupação e a necessidade de Paz com os palestinos.
No PAZ AGORA, distribuímos “Bandeiras da Paz” a cada Dia da Independência, para os companheiros israelenses que compartilham nossa crença de que o FIM DA OCUPAÇÃO É NECESSÁRIO PARA A DEMOCRACIA DE ISRAEL.
Através dessas bandeiras, o PAZ AGORA espera inspirar mais companheiros a aderir à nossa luta.
É claro que a verdadeira Democracia não pode coexistir com a Ocupação. Alcançar nossa visão de igualdade e liberdade para todos – israelenses e palestinos – demanda o fim da Ocupação.
Não podemos fechar os olhos às implicações morais da Ocupação e da negação da liberdade ao povo palestino, que ferem os próprios alicerces da democracia israelense.
Ao celebrarmos o aniversário de Israel e continuarmos na nossa luta pela Democracia, Paz e Justiça, também devemos reconhecer a importância vital de uma resolução política para o conflito.
Continuamos nossa luta, mantendo a esperança de que um dia Israel será um verdadeiro farol de Democracia, Igualdade, Liberdade e Paz!
PAZ AGORA
A Bandeira Israelense Está em Nossas Mãos
[ Editorial Haaretz | 25|04|2023 | traduzido pelo PAZ AGORA|BR ]
Como é possível ser feliz em um momento em que a sociedade israelense está tão dilacerada, quando o gabinete e o Knesset tentam engolir o Judiciário, quando a economia está em queda livre e nuvens negras de guerra cobrem os céus?
Mas, na verdade, o bloco democrático liberal de Israel tem muitos motivos para estar feliz, orgulhoso e cheio de esperança neste ano. Depois de anos vagando em luto, assistindo à mudança da face do país, anos sentindo-se impotente.
Após anos vendo a bandeira israelense gradualmente se tornar um símbolo da Ocupação, do ultranacionalismo e dos assentamentos, hasteada durante manifestações racistas de supremacia judaica, como na ‘Marcha das Bandeiras’ de Jerusalém, como pano de fundo de cantos ‘Kahanistas’, ou usada para marcar mais um posto avançado ilegal nos Territórios Ocupados…
Depois de anos durante os quais um bloco inteiro foi se distanciando gradualmente da bandeira e comemorando a nossa independência sem ela, órfão de símbolos nacionais, este ano, uma revolução aconteceu.
Graças à ordem de demolição que o governo de Netanyahu decretou contra as fundações de nosso lar israelense, a maioria silenciosa finalmente se levantou para dizer “BASTA“.
Este ano, o bloco democrático liberal se levantou, começou a caminhar e se tornou uma poderosa e imparável onda cívica como nunca antes vista em Israel.
Este enorme movimento de protesto conseguiu algo incrível. Não apenas interrompeu a “revisão judiciária” [por enquanto], mas também se reapropriou da bandeira israelense.
Este ano, a bandeira representa um Israel liberado que busca a paz e a normalidade. Massas de pessoas, que por anos tiveram reservas sobre isso e sentiam uma crescente alienação, agora vão ostentá-la com muito orgulho.
Esta reapropriação da bandeira de Israel é uma das maiores conquistas dos protestos e simboliza muito mais do que a própria bandeira. Efetivamente, essa reapropriação da bandeira prenuncia a conquista do objetivo supremo dos protestos – não permitir que os ultranacionalistas judeus moldem o país e o destino de Israel à sua própria imagem.
Simboliza o fim de nossa passividade, a percepção de que existem milhões de outros israelenses que se sentiam impotentes quando viam tudo em que acreditavam indo para o inferno, e o fato de que estamos nos unindo e lutando juntos pelo caráter do nosso país.
Após o feriado, o recesso de primavera do Knesset terminará e a espada da ‘revisão da legislação’ mais uma vez pairará sobre nós. Os protestos também serão retomados e continuarão se expandindo e se intensificando, até que o governo ceda e arquive seus planos maliciosos.
Neste 75º Dia da Independência, a bandeira de Israel está em nossas mãos.
e… à margem dos protestos, a Ocupação avança!
Criação de novo assentamento turístico no sítio arqueológico de Sebastiya, ao lado do vilarejo palestino de Sebastiya
Durante reunião semanal trealizada ontem, o governo israelense aprovou uma proposta de investir até 32 milhões de shekels no desenvolvimento de um sítio arqueológico em Sebastiya, norte da Cisjordânia.
O governo ordenou que a Autoridade de Natureza e Parques apresentasse um plano de desenvolvimento para o local em 60 dias. O investimento no local será parcelado em três anos, de 2023 a 2025. O plano de desenvolvimento envolve a pavimentação de uma estrada para dar acesso ao local e transformá-lo em uma atração turística aberta ao público. O local está localizado em parte na Área B e em parte na Área C [da Autoridade Palestina], adjacente à vila palestina de Sebastiya, e é cercado por cidades e aldeias palestinas.
Entre Homesh e Sebastiya:
A luta pela presença israelense no norte da Cisjordânia é uma parte significativa da política do atual governo israelense. Uma das primeiras leis aprovadas pelo governo foi a lei para revogar a Lei de Desengajamento do norte da Cisjordânia [simultânea à do Desligamento de Gaza], que permite uma presença mais significativa em Homesh, que fora evacuada em 2005 e é atualmente um posto avançado ilegal.
O sítio arqueológico de Sebastiya está localizado quase a meio caminho entre o assentamento de Shavei Shomron e Homesh. Transformar Sebastiya em um assentamento turístico sob o controle da Administração Civil e da jurisdição do INPA aumentará a presença de colonos na área, o que inevitavelmente levará a uma presença militar mais significativa e, portanto, também a um aumento do atrito e da violência. Além disso, e de muitas maneiras, transformar Sebastiya em um local que atrai o público israelense encurta a distância para Homesh e os assentamentos evacuados na região norte da Cisjordânia.
PAZ AGORA: “A decisão de transformar Sebastiya em um local turístico sob a gestão da Administração Civil [órgão do exército israelense] e do INPA representa o estabelecimento de fato de um novo assentamento no coração do território palestino contíguo nas profundezas da Cisjordânia. A decisão decorre da pressão política vinda dos colonos e faz parte da política do governo israelense de aprofundar ao máximo o controle israelense no coração do Território Palestino ocupado. As intenções do governo parecem ser eliminar a chance de uma Solução de Dois Estados, e a área de Nablus é um dos focos centrais onde essas ações são tomadas. Desde sua criação, o novo governo israelense legalizou postos avançados, revogou a Lei de Desengajamento e agora promove assentamentos turísticos, tudo para minar as chances de paz entre Israel e os palestinos.
PANO DE FUNDO
O Sítio Arqueológico de Sebastiya foi declarado parque nacional por Israel no final da década de 1960. A área declarada do parque é de aproximadamente 714 dunams, parte das quais está na Área C e parte na Área B. O local é identificado com a cidade bíblica de Samaria, a antiga capital do Reino do Antigo Israel (século 8 a.C.). Herodes construiu Sebastiya no século I a.C. sobre as ruínas da cidade de Samaria, nomeando-a em homenagem ao imperador romano Augusto. Sebastiya foi uma das principais cidades da região e continuou a ser um polo central durante o período bizantino (séculos 4-7 d.C.).
O local está localizado na vila palestina de Sebastiya e é cercado por aldeias e populações palestinas. O assentamento mais próximo é Shavei Shomron, onde o chefe do Conselho Regional de Shomron [Samária], Yossi Dagan, reside. Nos últimos anos, grupos de colonos realizaram uma ampla campanha pública, alegando que os palestinos estão danificando vestígios arqueológicos e prejudicando o local. No passado, chegaram a apresentar queixa à Administração Civil sobre a colocação de uma bandeira palestina no local e danos em vários monumentos. Recentemente, também reclamaram da pavimentação de uma estrada que, segundo eles, prejudicou vestígios arqueológicos. Uma das vozes proeminentes que pedem a presença israelense e a gestão do local de Sebastiya é o líder dos colonos Yossi Dagan.
Apesar das reivindicações dos colonos, o local de Sebastiya é cuidadosamente mantido e preservado pela Autoridade Palestina e pelo povo de Sebastiya em particular. É um dos locais mais importantes e impressionantes da Cisjordânia, e palestinos colaboram com as principais universidades de todo o mundo em escavações e pesquisas do local.