O que Biden deve lembrar ao lidar com Netanyahu

 

Há cerca de dois meses, escrevi que as condenações ao Golpe Judiciário por líderes de países que se autodenominam “amigos de Israel” não deteriam a família criminosa que assumiu o Knesset e o governo.

Enquanto isso, o presidente dos EUA, Joe Biden, passou da conversa para as reprimendas e o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu passou a conversar com a oposição americana, deixando seus assessores para criticar os Estados Unidos. É difícil avaliar a contribuição que Biden pode dar para uma decisão do primeiro-ministro de pausar o golpe. Proibir Netanyahu de ir à Casa Branca seria suficiente para frustrar seu plano de se manter fora da cadeia?

por AKIVA ELDAR (*)  |  HAARETZ  |  05|04|2023  |  traduzido por Moisés Storch
para o PAZ AGORA|BR   pazagora.org  >

Como Netanyahu gosta de dizer, a relação especial entre Israel e os Estados Unidos é “a própria vida”. É o tanque de oxigênio que mantém o Estado vivo. Mas, o “Bibi complicado”, como Gideon Levy uma vez o chamou, não se furta ao confronto direto com líderes dos EUA. Ele mostrará a judeus orgulhosos como Israel Harel (Haaretz, 2 de abril), que o primeiro-ministro de Israel não é concubina para ninguém, nem para a maior superpotência do mundo. Uma prova pode ser encontrada em uma fita secreta icônica exibida pelo noticiário do Canal 10 de Israel em 2001. Nela, Netanyahu se gaba do truque que jogou no governo Clinton, para acabar com o processo de paz de Oslo. “Eu sei o que é a América” – dizia Netanyahu presunçosamente – “a América é algo que pode ser facilmente deixado de lado”.

Depois de retornar ao poder, em 2009, Netanyahu tentou mais uma vez “afastar a América”. Depois que ficou claro que o presidente Barack Obama não seria facilmente removido das negociações nucleares com o Irã, Netanyahu se voltou para o Congresso pelas costas do presidente. E conseguiu mover vários democratas seniores contra ele.


Desastrosamente para Israel, ele conseguiu mover para o seu lado o ocupante seguinte da Casa Branca, Donald Trump, que retirou os Estados Unidos do acordo nuclear. Agora, o regime fascista-messiânico em Jerusalém está mais longe de uma luz verde dos EUA para atacar o Irã do que o regime do aiatolá está de uma bomba nuclear. Se Trump retornar à Casa Branca, também não terá pressa em convidar os Netanyahus.
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    Há mais de 30 anos, o vice-ministro das Relações Exteriores Netanyahu, já considerado um especialista em Estados Unidos, foi o ponta de lança de um grupo de parlamentares do Likud que pediu ao primeiro-ministro Yitzhak Shamir que rejeitasse a exigência do presidente George H. W. Bush de congelar a construção nos assentamentos.

     

    Netanyahu e seus colegas da direita arrogante convenceram Shamir de que eles tinham o poder de usar a influência do Congresso e do lobby judaico para forçar Bush a desistir do congelamento e dar a Israel US $ 10 bilhões em garantias.

    Em resposta aos insultos de Netanyahu contra o governo, o secretário de Estado James Baker (um republicano conservador) declarou-o persona non grata em seu escritório. Bush deixou claro que o empreendimento de assentamentos não é um assunto interno israelense (soa familiar?) porque a construção contínua na Cisjordânia sabota o processo de paz, que é um grande interesse dos EUA.


    Os Estados Unidos não se contentaram com a criação de uma crise político-diplomática de alto perfil e passaram das palavras às ações. Washington rejeitou o pedido de garantias e Israel foi forçado a tomar empréstimos caros para financiar a onda de imigrantes da antiga União Soviética.

    Shamir não conseguiu convencer os israelenses de que uma afronta ao primeiro-ministro acompanhada de uma sanção econômica nada mais é do que uma “briguinha passageira em família”.

    Pouco tempo depois, a direita dos colonos perdeu o poder.


    Sobre o autor
    Nascido em 1945, o jornalista Akiva Eldar formou-se pela Universidade Hebraica de Jerusalém, em Economia, Ciência Política e Psicologia.
    Akiva Eldar foi porta-voz do então prefeito de Jerusalém, Teddy Kollek. Foi repórter e editor da Kol Israel (rádio oficial).  Começou a trabalhar para o Haaretz em 1978; de 1983 a 1993 foi  correspondente diplomático do jornal e de 1993 a 1996 chefiou seu escritório nos EU e  foicorrespondente em Washington, cobrindo o processo de paz israelense-palestino, as relações Israel-Estados Unidos, as questões americanas e as relações Israel-diáspora. Foi consultor especial dos documentários da televisão pública PBS sobre Abba Eban, a História de Israel e os Acordos de Oslo.

    De 2012 a 2020, foi analista político do Al-Monitor.com. Desde então, colabora pnovamente com o Haaretz e é frequentemente entrevistado por programas de notícias de redes internacionais.
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