Blinken: EUA se opõem a expansão de assentamentos e anexações

“Apoiamos medidas que promovam a paz e expandam o horizonte da esperança… A administração Biden é consistente com a posição de que “nenhum lado tome passos unilaterais”

“Todos lados devem adotar passos para evitar maior escalada na violência atual”

 
[ por Ben Samuels, Jack Khoury e Jonathan Lis  |  Haaretz  |  31|01|2023  | 
traduzido pelo PAZ AGORA|BR  |  www.pazagora.org ]
 

[ Nas declarações mais assertivas – com relação ao processo de paz – desde o início do governo Biden], o Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse que os Estados Unidos se opõem a quaisquer atitudes que corram contra os esforços para uma Solução de Dois Estados, incluindo a expansão de assentamentos, medidas rumo a anexação, demolições e despejos ou que mudem o status quo de lugares santos, numa conferência de imprensa que encerrou hoje sua visita de dois dias a Israel e Cisjordânia.

Blinken disse que discutiu “idéias construtivas e passos práticos  para reduzir as chamas, durante seus encontros com autoridades do Egito, Israel e da Cisjordânia. Acrescentou que pediu a membros graduados de sua equipe para “ficar na região e continuar discutindo sobre como tais passos podem efetivamente avançar”.

Os funcionários que ficarão em Israel  são Barbara A. Leaf, Secretária de Estado Assistente para Assuntos do Oriente Próximo e Hady Amr, Representante Especial para Assuntos Palestinos.

Essas presenças podem complicar os esforços para fortalecer” assentamentos que foram aprovados pelo gabinete israelense após dois atentados em Jerusalém, que deixaram sete mortos. Os ataques ocorreram após uma operação do exército em Jenin que resultou na morte de nove palestinos.

 
 
Apoiamos medidas que promovam a paz e que expandam o horizonte de esperança“, disse Blinken, acrescentando que o governo Biden foi consistente em sua declaração de que “nenhum lado tomará medidas unilaterais”.

“Todos os lados devem tomar medidas para evitar uma nova escalada e restaurar a calma”, disse ele, observando que os EUA prometeram US $ 50 milhões em novos fundos para a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), elevando o total de dois anos para quase US $ 940 milhões.

Invocando a guerra da Rússia na Ucrânia, Blinken disse que “o aprofundamento dos laços de Teerã com Moscou e o armamento sofisticado que eles estão trocando para permitir agressões, estão entre as muitas razões pelas quais levantamos com Israel a importância de fornecer apoio a todas as necessidades da Ucrânia: humanitária, econômica e de segurança”.

Hoje pela manhã, Blinken se reuniu com o presidente palestino, Mahmoud Abbas, em Ramallah, onde os dois discutiram o aumento da violência na Cisjordânia e em Jerusalém, com Abbas colocando a culpa em Israel.
 
 
Em comunicado, Abbas pediu a “cessação da agressão israelense e a implementação de acordos assinados” e reiterou sua demanda predominante pelo fim da Ocupação israelense.

Abbas também condenou a “política de medidas unilaterais” de Israel, listando a construção de assentamentos, anexação, incursões diárias na Cisjordânia e demolições de casas.

Estamos prontos para agir com a administração dos EUA e a comunidade internacional, para retornar ao diálogo político destinado a acabar com a Ocupação e estabelecer um Estado Palestino dentro das fronteiras de 1967, com Jerusalém Oriental como sua capital“, disse Abbas.

Blinken, que é o primeiro alto funcionário dos EUA a visitar Israel este mês, após a visita do conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, também se reuniu com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o presidente Isaac Herzog, o ministro das Relações Exteriores Eli Cohen, o ministro da Defesa Yoav Gallant e o líder da oposição Yair Lapid. Notadamente, Blinken também se reuniu com líderes da sociedade civil em Israel.

[por Ben Samuels, Jack Khoury e Jonathan Lis  |  Haaretz  |  31|01|2023  |  traduzido pelo PAZ AGORA|BR | www.pazagora.org ]

 

Em Israel, Blinken deu a Netanyahu uma Importante Lição de Democracia

Em uma demonstração de diplomacia de alto nível, o Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, deu na noite de segunda-feira ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu uma lição introdutória de democracia.

[  por YOSSI VERTER  |  Haaretz  |  31|01|2023  |  traduzido pelo PAZ AGORA|BR  |  www.pazagora.org  ]

A reunião muito aguardada entre o Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu ocorreu em Jerusalém na tarde de segunda-feira. Depois de entoar as frases padrão “compromisso com a defesa de Israel” e “Irã-Irã-Irã” veio a parte que Netanyahu temia.

Blinken não poupou o primeiro-ministro de citar qualquer valor, norma ou princípio em que o governo dos EUA acredita estar enfrentando um perigo claro e presente. E se estas são as coisas que foram ditas em público, só se pode imaginar o que foi dito durante a longa conversa privada entre os dois.

Na lista de “interesses e valores compartilhados” pelos dois países, Blinken nomeou “apoio aos princípios e instituições democráticas fundamentais, incluindo o respeito pelos direitos humanos, a administração igualitária da justiça para todos, os direitos iguais dos grupos minoritários, o Estado de Direito, a imprensa livre, uma sociedade civil robusta“. Foi uma referência direta a todos os elementos do autogolpe que Netanyahu está realizando em Israel.

Blinken também expressou sua opinião de que “a construção de consenso para novas propostas é a maneira mais eficaz de garantir que elas sejam abraçadas e que permaneçam”. Estas são exatamente as mesmas palavras usadas pelos líderes da oposição em Israel, os advogados, os economistas, os acadêmicos e o presidente. Em suma, não há dúvida de onde o governo dos EUA está.
 

Estes não são os tipos de palavras que Blinken usa no final de suas reuniões com tomadores de decisão em Londres, Paris, Berlim ou Ottawa. Nesses lugares, a democracia não está sendo alvejada pelo próprio governo. Não há dúvida sobre a durabilidade dos valores compartilhados. Nesses lugares, racistas e homofóbicos não são elogiados pelos líderes do Estado e premiados com altos cargos no governo.

Diante desse tapa diplomático pungente, as observações de Netanyahu sobre “duas democracias fortes” soaram desconectadas e implausíveis, assim como suas muitas outras declarações que frequentemente desafiam a verdade e a percepção da realidade de qualquer pessoa honesta.

Blinken também se referiu à situação dos palestinos em Israel e nos Territórios. Mesmo nesses assuntos, suas palavras foram mais nítidas do que o que ele jamais achou adequado dizer a Naftali Bennett e Yair Lapid, quando enfrentaram situações semelhantes. Os personagens de Bezalel Smotrich e Itamar Ben-Gvir estavam pairando sobre esta parte das observações de Blinken.

Fontes diplomáticas disseram que tudo foi uma espécie de “amolecimento do alvo” pela artilharia ou de “batida no telhado” por caças da Força Aérea, antes de Netanyahu arrumar suas malas cheias de roupa suja e voar para uma reunião com o presidente Joe Biden. Portanto, ele pode muito bem descobrir lá que os “40 anos de amizade” com o presidente que ele acalentou estão sendo deixados de lado.

 

O Negócio de Bibi

Quer se trate de suas reuniões de segunda-feira ou da onda de ataques no fim de semana, Netanyahu nunca perde de vista o negócio principal em jogo. Cada dia dá origem a outro truque sujo, a um negócio mais obscuro, a mais um exercício fedorento a serviço de um criminoso ou de outro. Desta vez, é uma Lei Dery 2.0 ou 3.0, ou sabe-se lá quantos, que impedirá a revisão judicial de nomeações ou demissões ministeriais (com exceção da nova lei de competência, sobre a qual a última palavra ainda não foi dita).

Já se passou mais de um mês desde que o governo foi formado, e a sabotagem das leis básicas do país nunca cessa. A nova lei é projetada para trazer Arieh Dery [ministro condenado por crimes financeiros] de volta ao governo; como ele mesmo ameaçou: se não através da janela, então através da porta; e se não através da porta, através do teto. Dery, dizem fontes políticas, está com um humor amargo, tóxico e perigoso. Está exigindo que Netanyahu exerça seu direito de retorno, e agora!

A pressão exercida sobre o primeiro-ministro por seu “irmão pobre” está sendo agravada pelos crescentes protestos contra a tentativa do governo de enfraquecer a Suprema Corte. Todo esse caos está deixando sua marca em Netanyahu. Insiders dizem que os apelos dos principais economistas do país, ex-presidentes do Banco de Israel e agora também ex-CEOs, o estão tirando do sério. Ele tem telefonado para as principais autoridades econômicas do país, pedindo que emitam cartas de apoio e declarem que as “reformas para fortalecer a democracia e restaurar a governança” não prejudicarão a economia. Até agora, não funcionou.

O que resta para Netanyahu? Incitar, como é seu jeito, contra a “esquerda” e “os canais de propaganda” e acusá-los de fazer campanha para destruir a economia. A mídia bibi-ista está mobilizada para espalhar a notícia, e o resultado é previsível: os jornalistas serão atacados por uma multidão violenta.

 

[  por YOSSI VERTER  |  Haaretz  |  31|01|2023  |  traduzido pelo PAZ AGORA|BR  |  www.pazagora.org  ]

 

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