Primeiro-ministro de Israel, Yair Lapid discursa na cerimônia oficial em memória de Yitzhak e Leah Rabin no Monte Herzl em Jerusalém
[ publicado em 06|11|2022 pelo Ministério de Relações Exteriores de Israel |
traduzido pelo PAZ AGORA|BR | www.pazagora.org ]
“Não há sentido para esta comemoração, não há sentido para este dia, se não aprendermos algo com isso. O que devemos aprender com a vida e a morte de Yitzhak Rabin é que amar nossa Pátria é, antes de tudo, amar aqueles que vivem juntos com você nessa Pátria”.
🔴 Outgoing-PM Lapid and PM-elect Netanyahu speak at Knesset Yitzchak Rabin memorial
Outgoing Prime Minister Yair Lapid and Prime Minister-elect Benjamin Netanyahu give remarks at the Israeli Knesset memorial marking the 27-year anniversary since former Israel’s prime minister Yitzhak Rabin was killed
[ discursos na íntegra de Lapid e Netanyahu – dublados em inglês ]
“Como o destino desejou, esta homenagem para Yitzhak Rabin ocorre apenas alguns dias depois que o Estado de Israel realizou eleições e delas emergiu mais uma vez dividido, irritado e ameaçando separar-se entre ‘nós e eles’.
“Não há ‘nós e eles’, apenas nós. O assassinato de Rabin foi uma tentativa de assassinar a noção de morarmos juntos. Mal sobrevivemos, mas as feridas ainda não cicatrizaram. É nosso trabalho curá-las todos os dias, de novo.
“Estamos aqui juntos. Religiosos e seculares, de direita, de esquerda e centristas. Nossas diferenças de opinião são profundas, são reais e às vezes necessárias, mas acima de tudo – temos uma responsabilidade compartilhada. O EDI é todo nosso. A polícia é toda nossa. O sistema legal é todo nosso. A Torá é toda nossa.
“A maioria absoluta dos cidadãos deste país acredita no Estado de Direito, nos valores democráticos e no respeito mútuo. A maioria absoluta dos israelenses quer um judaísmo que nos una, não um judaísmo que seja uma ferramenta política e certamente não um judaísmo que seja um endosso à violência.
“A maioria absoluta dos cidadãos de Israel não está disposta a deixar que o ódio tome conta de suas vidas. Eles não estão prontos para odiar seus vizinhos, aqueles com quem serviram no Exército, aqueles com quem se sentam à mesa do Shabat.
“Temos que decidir agora, neste momento, para onde este país está indo. Estamos perto do ponto sem retorno, mas ainda está em nossas mãos. Ainda podemos mudar de direção. A realidade não é um resultado inevitável da demografia ou da geografia – é resultado das escolhas e decisões que fazemos.
“Nossa democracia pode não aparecer nas escrituras, mas esta cerimônia é um lembrete de que nossa democracia está santificada em sangue. Yitzhak Rabin foi assassinado por alguém que a incitação violenta fez acreditar que não precisa aceitar a decisão dos eleitores. Isso também devemos lembrar e não esquecer.
“Seria um insulto a este lugar, seria um golpe na memória de Rabin e nas memórias de todos aqueles imortalizados aqui neste monte, se continuarmos com esse vício destrutivo de dividir entre ‘nós e eles’. Não há “nós e eles” na cerimônia de formatura do Curso de Oficiais em Bahad. Não há “nós e eles” na Páscoa ou quando estamos juntos na fila de um centro de saúde da família.
“Não há ‘nós e eles’ quando o rosto sorridente de Noa Lazar, de 18 anos, de Emek Hefer aparece em centenas de milhares de telas ao mesmo tempo, ela que poderia ter sido nossa filha, mas foi morta defendendo nossas vidas.
“Devemos isso a ela, devemos a Yitzhak Rabin. Não desistir. Nunca, nunca, nunca desistir. Lutar pelo bem comum. Não deixar este país se desintegrar em tribos furiosas. Não estou pronto para este país entrar em colapso devido a brigas internas e ao ódio. Porque sei como isso termina.
“Termina com três tiros, termina aqui. Nesta cerimônia. Neste lugar.
“Não adianta este ato de recordação, não adiantou até hoje, se não aprendemos algo com isso. Se não aprendermos a lição.“O que devemos aprender com a vida e a morte de Yitzhak Rabin é que amar a nossa Pátria é, antes de tudo, amar aqueles que vivem juntos com você nesta Pátria.
“Que sua memória seja para uma bênção.”
[ publicado em 06|11|2022 pelo Ministério de Relações Exteriores de Israel |
traduzido pelo PAZ AGORA|BR | www.pazagora.org ]
Quem são Ben-Gvir e Smotrich, radicais que formarão governo com Netanyahu em Israel
TEL AVIV, ISRAEL (FOLHAPRESS) – Quando o então primeiro-ministro israelense Yitzhak Rabin foi assassinado, em 4 de novembro de 1995, o jovem Itamar Ben-Gvir, com seus 19 anos, comemorou. Ele fazia parte – assim como o assassino, Yigal Amir – de um grupo de radicais de extrema direita que odiava a ideia de acordos de paz com os palestinos, a exemplo dos de Oslo, que Rabin havia assinado três anos antes.
Exatos 27 anos depois, Ben-Gvir, hoje com 46, comemora novamente. Ele foi o fenômeno do pleito parlamentar de Israel desta semana junto com seu parceiro de coligação, Bezalel Smotrich. A união ultranacionalista terá 14 cadeiras das 120 do Knesset, depois de ser escolhida por 10,8% dos eleitores israelenses (516 mil votos), tornando-se a terceira maior bancada.
A coligação adotou oficialmente o nome de ‘Sionismo Religioso’, partido de Smotrich que se aliou ao ‘Otzmá Yehudit’ (Força Judaica) de Ben-Gvir.
A surpresa maior se deu porque até bem pouco tempo atrás, ambos eram considerados radicais demais, marginalizados pelo mainstream político. Suas ideias e discursos xenófobos e racistas chocavam, mas não eram levados muito a sério. Agora, porém, essa retórica parece ser deglutida por cada vez mais eleitores israelenses, principalmente mais jovens, religiosos e abertos a estratégias violentas – e a comparação a líderes de ultradireita em outros países não é mera coincidência.
Outra explicação para a ascensão de Ben-Gvir e Smotrich é o xadrez jogado pelo político mais habilidoso do país, o ex-primeiro-ministro (e provavelmente futuro) Binyamin Netanyahu. Foi ele que apadrinhou a união dos dois, que viviam às turras em meio à disputa de egos e firulas ideológicas, para essas eleições. Motivo: o ex-premiê sabia que só conseguiria formar um governo caso fortalecesse a direita – incluindo partidos religiosos e ultranacionalistas -, já que havia brigado com quase todos os líderes de centro e de esquerda. Foi um xeque-mate.
Separados, Ben-Gvir e Smotrich talvez não chegassem a 14 cadeiras. Mas, unidos, formaram um impulso que atraiu até eleitores do Likud de Netanyahu. A força da coalizão deve levar Netanyahu a conceder a eles espaços importantes na gestão, como os ministérios da Defesa e da Segurança Interna, num pesadelo para o centro, a esquerda e ativistas palestinos; nesta quinta, sirenes soaram em Israel depois do relato de disparos na Faixa de Gaza.
Itamar Ben-Gvir é um advogado que se especializou em defender ativistas judeus radicais, principalmente em casos ligados a confrontos com árabes-israelenses e palestinos. Ele mesmo foi indiciado várias vezes por incitação ao racismo.
O político nasceu em Mevasseret Zion, subúrbio de Jerusalém, em uma família secular. Mas, quando adolescente, aderiu a grupos religiosos de ultradireita em meio à Primeira Intifada (1987-1990), uma violenta revolta popular palestina. Nessa época, passou a seguir as ideias do rabino Meir Kahana, ultranacionalista acusado de terrorismo nos EUA e em Israel que chegou a ser eleito para o Knesset em 1984, mas foi boicotado e banido do Parlamento. Seu partido, o Kach, no qual Ben-Gvir militou, foi declarado ilegal.
O rabino, que acabou assassinado em Nova York em 1990 por um egípcio-americano, apoiava o uso da violência contra o que via como inimigos do povo judeu. Mas se na década de 1980 seu “kahanismo” era uma aberração, 2022 mostra que ele se tornou mais palatável. “Kahana estava certo” é uma pichação visível em muros, viadutos e prédios pelo país.
Nesse contexto, Ben-Gvir – que tinha em casa uma foto de Baruch Goldstein, que assassinou 29 muçulmanos numa mesquita na Cisjordânia em 1994 – experimentou uma ascensão que agora se transforma em meteórica. Suas ideias como que modernizaram o “kahanismo”. Entre elas, a de que é necessário expulsar do país cidadãos árabes que não jurem lealdade à bandeira nacional de Israel.
Sua intenção sempre foi a de ingressar no Knesset, o que tentou várias vezes pelo ‘Força Judaica’ desde 2019. Ele conseguiu um assento no pleito de 2021, em uma coligação de religiosos de ultradireita que obteve seis cadeiras. Em dois anos, sua popularidade só aumentou, principalmente quando passou a usar com mais habilidade as redes sociais para veicular suas ideias e a aparecer na mídia em protestos e manifestações contra palestinos e a minoria árabe.
Na ‘Sionismo Religioso‘, coligação formada agora, porém, o número um será Bezalel Smotrich, 42, advogado de extrema direita que chegou a fazer parte do partido Yamina, do ex-premiê Naftali Bennett. Um pouco menos controverso –e menos carismático– que Ben-Gvir, ele também nutre ideias ultranacionalistas e anti-LGBTQIA+.
Smotrich nasceu nas Colinas de Golã, território anexado por Israel após a Guerra dos Seis Dias (1967). Mas cresceu em Beit El, colônia judaica na Cisjordânia, em uma família ultraortodoxa. Em 2005, aos 25 anos, foi detido ao protestar contra a retirada israelense da Faixa de Gaza promovida pelo então premiê Ariel Sharon. No ano seguinte, participou de protestos contra a Parada do Orgulho Gay em Jerusalém, que chamou de abominável.
Sua trajetória política começou em 2015, quando foi eleito parlamentar pela coligação Casa Judaica. Uma de suas plataformas é a adoção do Velho Testamento como fonte para o sistema jurídico. Ele também já deu declarações preconceituosas, defendendo que construtoras não deveriam vender apartamentos para árabes e, dizendo-se contra o casamento homoafetivo, referiu-se aos LGBT como anormais.
Netanyahu deve se apoiar neles para formar seu próximo governo, o mais direitista da história de Israel.
Nesta quinta, o atual premiê, Yair Lapid reconheceu a derrota na eleição. Os números finais da apuração indicam que o bloco de forças ligadas a Netanyahu terá 64 cadeiras no Knesset –32 do Likud, 18 para os ultraortodoxos Shas e Judaísmo da Torá e 14 do Sionismo Religioso. Lapid e aliados terão 51 assentos, e independentes árabes, 5.
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