O Ministro do Exterior adverte que a participação israelense em eventos internacionais pode ser ameaçada por campanhas em Haia e na ONU; diz que Israel está aberto para um bom acordo sobre o programa nuclear do Irã.
[ por Lazar Berman, Itamar Eichner | The Times of Israel, YNet | 03|01|2022 | traduzido pelo PAZ AGORA|BR ]
O Ministro do Exterior Yair Lapid advertiu na segunda-feira que Israel enfrentará campanhas intensas para rotular Israel como Estado de Apartheid em 2022.
“Achamos que no próximo ano, haverá um debate sem precedentes em seu veneno e radioatividade em torno da expressão “Israel é um Estado de apartheid”, disse Lapid durante uma conferência por Zoom com jornalistas israelenses.
“Em 2022, será uma ameaça tangível”, previu, acrescentando: “Sem um processo político com os palestinos, as coisas irão piorar“. Lapid também disse que os palestinos devem aumentar sua pressão sobre o Corte Penal Internacional da Haia para lançar uma investigação ativa sobre a conduta de Israel nos Territórios (Ocupados). Isto terá repercussões diretas para autoridades israelenses, inclusive líderes militares.
Lapid apontou para campanhas palestinas contra Israel na Corte Penal Internacional (ICC) e na Corte Internacional de Justiça em Haia e para o estabelecimento de uma “Comissão de Inquérito” Permanente no Conselho de Direitos Humanos da ONU – a ferramenta mais poderosa à disposição do Conselho — sobre o tratamento por Israel dos palestinos, incluindo a “Operação Guardião dos Muros” em maio de 2021.
“A comissão de inquérito sobre a “Guardião dos Muros” é inédita, porque não tem um limite de tempo ou escopo, e está sendo estruturada por muita gente”, enfatizou um alto diplomata de Israel.
Lapid observou ainda que a COI tem um orçamento de U$5.5 milhões e 18 analistas. Em comparação, a COI que estuda a Guerra Civil Síria tem um orçamento anual de U$2.5 milhões e 12 analistas.
“Isso mostra para onde estamos indo”, disse, frizando que a campanha da Autoridade Palestina e organizações anti-Israel podem afetar a capacidade de Israel participar em eventos internacionais, culturais e esportivos, entre outros desafios.
Lapid classificou a acusação de que Israel é um Estado de apartheid como “uma mentira desprezível”.
Israel nega há muito tempo acusações de apartheid, dizendo que sua minoria árabe goza de direitos civis completos, bem como o termo “ocupação” para descrever suas atividades na Cisjordânia e em Gaza. Lapid vê Gaza, da qual retirou soldados e colonos em 2005, como uma entidade hostil governada pelo grupo terrorista islâmico Hamas, e considera a Cisjordânia como um território disputado sujeito a negociações de paz — que entraram em colapso há mais de uma década.
Em maio de 2021, logo após o fim do conflito de 11 dias entre Israel e o Hamas em Gaza, o principal órgão de direitos humanos das Nações Unidas criou uma investigação internacional aberta sobre o tratamento de Israel aos palestinos, depois que o chefe de direitos humanos da ONU disse que as forças israelenses podem ter cometido crimes de guerra e culpou também o grupo terrorista Hamas por violações do direito internacional.
O primeiro relatório do inquérito deverá ser publicado em junho e autoridades israelenses acreditam que entre outras coisas, Israel será acusado de Estado de apartheid. Os palestinos já solicitaram ao ICC formular sua opinião sobre Israel ser racista em suas políticas na Cisjordânia.
A resolução pedia a criação de uma Comissão permanente de Inquérito para monitorar e relatar violações de direitos em Israel, na Faixa de Gaza e na Cisjordânia.
Lapid disse que Israel deve ter cuidado para não parecer se recusar a negociar com os palestinos. “Isso seria factualmente errado porque os palestinos falam em avançar em um processo de negociação, por um lado, mas apelam ao TPI em Haia com reivindicações contra Israel, por outro.” O ministro acrescentou que a AP paga salários a terroristas condenados.
“Nossos inimigos sabem como nos machucar e tentarão nos expulsar de eventos esportivos internacionais, o que pode ser muito eficaz em todas as linhas políticas,” Lapid disse, acrescentando que acusar Israel de apartheid pode se tornar uma ameaça estratégica.
Um Bom Acordo
Como as negociações nucleares do Irã retomam em Viena após um hiato de Ano Novo, Lapid disse que Israel “não é contra todos os acordos” e que poderão sair coisas boas das negociações entre o Irã e o P5+1.
“Um bom acordo é uma coisa boa. Israel não se oporá a um bom acordo”, disse ele.
O ministro das Relações Exteriores disse que Israel e seus aliados internacionais estão conduzindo “discussões intensivas” sobre o que seria um bom acordo sobre o programa nuclear iraniano.
“Nessas discussões, estamos à mesa. Há atenção global, e mais do que isso, atenção dos atores envolvidos à posição israelense”, explicou.
Lapid afirmou que Israel tem sido consistentemente capaz de mover posições ocidentais nas negociações com os iranianos para mais perto da posição de Jerusalém.
“Sentimos que conseguimos um pouco – não quero exagerar – em trazer o mundo para nos ouvir e tratar o assunto como uma questão crítica”, disse ele.
Durante o briefing, o diretor-geral do Ministério das Relações Exteriores, Alon Ushpiz, disse que as três principais metas do ministério para 2022 são fortalecer os laços com os Estados Unidos, especialmente protegendo o apoio bipartidário a Israel; restringir o programa nuclear do Irã e as atividades de seus proxies armados; e continuar o processo de normalização nas relações com parceiros regionais.
Um resultado importante dos Acordos de Abraão, disse ele, foi uma parceria tecnológica e econômica emergente entre Israel, Emirados Árabes Unidos, os EUA e a Índia.
[ por Lazar Berman, Itamar Eichner | The Times of Israel, YNet | 03|01|2022 | traduzido pelo PAZ AGORA|BR ]