U$ 317 milhões de dólares serão investidos para construir 7.300 unidades habitacionais em região contestada pela Síria, em 5 anos, assim como projetos de habitação, infra-estrutura e outros, para atrair 23.000 colonos novos. Para o primeiro-ministro Bennett, ‘As Colinas de Golan são israelenses, é evidente’.

[ pela Agência France Press e outras | publicado na YNET e TOI | 26|12|21 | traduzido e editado pelo PAZ AGORA|BR ]

O governo de Israel aprovou no domingo um plano de 317 milhões de dólares para dobrar a população de colonos judeus nas Colinas de Golan, 40 anos depois de anexar o território capturado da Síria.

Cerca de 25.000 colonos israelenses vivem nas Colinas de Golan, juntamente com cerca de 23.000 drusos, que permaneceram na terra depois que Israel a apreendeu.

Israel anexou o território em 14 de dezembro de 1981, após tomá-la da Síria na Guerra dos Seis Dias, em um movimento não reconhecido pela maioria da comunidade internacional.

“O ex-presidente dos EUA Donald Trump concedeu o reconhecimento americano à soberania israelense sobre o Golan em 2019″ [em oposição a um consenso internacional – NT], ” As Colinas de Golan são israelenses. Isso é evidente”, disse Bennett. O fato de que a administração Trump reconheceu isso, e o fato de que o governo (do presidente Joe) Biden deixou claro que não houve nenhuma mudança nesta política, também são importantes”.

Pouco depois de Biden tomar posse em janeiro, seu Secretário de Estado Antony Blinken sugeriu que havia questões legais em torno da medida de Trump, que a Síria condenou como uma “violação flagrante” de sua soberania.

Mas Blinken indicou que não havia pensamento de reverter o curso, especialmente com a guerra civil síria continuando.

Bennett alegou que, após uma década de conflito na Síria, os apelos internacionais para restaurar o controle sírio do Golan foram silenciados. “Toda pessoa experiente no mundo entende que é preferível que as alturas sejam israelenses e calmas, florescendo e verdes em oposição à alternativa”, disse ele.

Apesar das objeções dentro do gabinete – principalmente do partido pacifista Meretz – ao plano, Bennett argumentou que a unidade no plano de Golan demonstrou que o controle israelense da área era uma questão de “consenso nacional”.

As Colinas de Golan, a necessidade de fortalecer, cultivar e viver nelas, é certamente um princípio que une todos aqui”, disse. Israel e Síria, que ainda estão tecnicamente em guerra, estão separados por uma fronteira de fato nas Colinas de Golã.

Síria condena decisão de Israel de dobrar número de colonos no Golan

Damasco chama o plano de uma “escalada perigosa e sem precedentes”, reportou a TV síria.

“A Síria condena fortemente a escalada perigosa e sem precedentes das forças de ocupação israelenses nas Colinas ocupadas do Golan sírio e sua persistência em políticas de assentamento e violações graves e metódicas que sobem ao nível de crimes de guerra”, disse um comunicado do Ministério das Relações Exteriores da Síria.

Damasco chama o plano — que exige que 1 bilhão de NIS sejam gastos em habitação, infraestrutura e outros projetos com o objetivo de atrair cerca de 23.000 novos colonos para a área — uma “escalada perigosa e sem precedentes”.

O comunicado diz que o governo sírio continua comprometido com os sírios que vivem nas Colinas de Golan, “que são firmes em sua resistência à ocupação israelense e sua rejeição à decisão de anexar o Golan”.

Aprofundar o controle israelense sobre o território pode complicar qualquer tentativa futura se de chegar a um acordo de paz com a Síria.

O gabinete do primeiro-ministro Naftali Bennett votou a favor do plano que visa construir 7.300 casas na região durante um período de cinco anos, durante uma reunião realizada na comunidade Mevo Hama, no Golã. Dois novos assentamentos deverão ser criados.

Bennett anunciara o plano pela primeira vez em outubro, dizendo que o objetivo final era alcançar 100.000 residentes nos próximos anos. Ele disse que a guerra civil de uma década na Síria tornou a ideia de controle israelense do território mais aceitável para seus aliados internacionais, acrescentando que a alternativa seria muito pior.

Em 2019, uma nova cidade, chamada Trump Heights, foi simbolicamente inaugurada no Golan para honrar o reconhecimento de Trump.

Atualmente, cerca de 53.000 pessoas vivem nas Colinas de Golã: 27.000 judeus, 24.000 drusos e cerca de 2.000 alawitas (um grupo etno-religioso originário do Islã xiita, sendo uma seita minoritária à qual a família dominante da Síria, os Assads, pertencem. Parte da população drusa se opõe ao controle israelense.

O plano do governo visa melhorar a infraestrutura, estabelecer novas comunidades e bairros e criar 2.000 novos empregos, transformando a região na ” capital das tecnologias de energia renovável de Israel”, informou a mídia hebraica.

É prevista uma série de projetos de tecnologia agrícola, incluindo projetos agro-voltaicos onde painéis solares são montados sobre campos de cultivo para facilitar o crescimento das culturas e gerar eletricidade ao mesmo tempo.

Cerca de US$ 183 milhões serão destinados ao planejamento habitacional — cerca de 3.300 novas unidades habitacionais em Katzrin e outras 4.000 no Conselho Regional do Golan — em cinco anos.

Outros US$ 51 milhões devem ser investidos em infraestrutura e transporte, para melhorar a qualidade de vida nas Colinas de Golan.

Espera-se que alguns residentes dos Golan se oponham a partes do plano. Espera-se também a oposição das organizações ambientais sobre os possíveis impactos que o desenvolvimento poderá ter sobre o meio ambiente e a vida selvagem na área.

Os ministros do Meretz (esquerda) Tamar Zandberg e Nitzan Horowitz participaram da reunião. Zandberg disse que a decisão foi “complicada. Apoiamos a paz e esperamos que um dia ela aconteça”. O ministro da Cooperação Regional, Esawi Frej, também de Meretz, não compareceu à reunião.

[ pela Agência France Press e outras | publicado na YNET e TOI | 26|12|21 | traduzido e editado pelo PAZ AGORA|BR ]