As Exportações Vis da Nação Startup
A sign leading to NSO Group’s offices in Herzliya Credit: Ofer Vaknin
A investigação internacional revelando que o software Pegasus da firma israelense de alta tecnologia NSO tem sido usada por governos estrangeiros para espionar jornalistas em todo mundo é apenas a última luz de alerta numa série de tais revelações.
Essas advertências deveriam ter sacudido as autoridades israelenses há muito tempo e tê-las levado a apertar a supervisão sobre a exportação de armas tecnológicas.
A investigação pela Anistia Internacional e Forbidden Stories, publicada no domingo, envolveu 80 jornalistas de 17 veículos de mídia em 10 países, entre os quais TheMarker. Mostrou que software de vigilância da NSO, elogiado como ferramenta inovadora para combater o crime e o terrorismo, foi também usado para monitorar 180 jornalistas visados por seus governos, alguns deles longe de democráticos. Os países que usam o software nesta forma incluem Azerbaijão, Bahrain, Hungria, India, Kazaquistão, México, Marrocos, Ruanda, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.
A informação veio à luz após o vazamento de mais de 50.000 números de telefones que foram marcados como alvos por clientes da empresa. Uma das jornalistas monitoradas foi Khadija Ismayilova do Azerbaijão, que havia publicado uma investigação sobre a família dominante, que a tornou um alvo prioritário de seu próprio governo. Sua história é mais otimistas que a do jornalista saudita Jamal Khashoggi, que foi assassinado por criticar o regime do seu país e cujo corpo foi esquartejado, em outro incidente chocante no qual a tecnologia da NOS teria sido usada. E não foram apenas jornalista que foram objeto dessa vigilância ao longo de anos, mas também ativistas de direitos humanos e rivais políticos.
==> leia mais (em inglês)
- Amazon takes down NSO-linked accounts amid Israeli spyware scandal
- How NSO’s Pegasus is used to spy on journalists
- NSO’s Pegasus: The Israeli cyber weapon oppressive regimes used against 180 journalists
A NSO afirma que seleciona cuidadosamente seus clientes e tem mesmo um mecanismo para derrubar o software caso seja usado para fins impróprios. Nega as conclusões deste relatório investigativo, assim como outros que o precederam e rejeita qualquer ligação com o assassinato de Khashoggi. Mas esta é uma falsa inocência, que as investigações provam que não tem conexão com a realidade.
Os jornalistas investigadores não se deram por satisfeitos com o vazamento de números de telefones, mas escolheram o programa em dezenas de telefones que havia sido infectados por ele.
A NSO não está sozinha na indústria de armas tecnológicas de Israel , que podem estar camufladas sob o rótulo brilhante de “high-tech” , mas de fato fabricam armas mortíferas. Essas empresas devem assumir a responsabilidade não apenas por checar a identidade dos seus compradores, mas também sobre como essas armas serão usadas.
O Estado de Israel também arca com a responsabilidade por essas exportações dúbias, uma responsabilidade que muitas vezes foi reduzida quanto a armas convencionais.
O Ministro da Defesa Benny Gantz deve ordenar imediatamente uma investigação abrangente sobre o que essas empresas estão fazendo e tornar mais rígidos os critérios para autorizações de exportação.
[ Editorial publicado no Haaretz | 20|07|2021 | traduzido pelo PAZ AGORA|BR ]
Outras referências
- A NSO Group Technologies é uma empresa de tecnologia israelense cujo spyware, chamado Pegasus, permite a vigilância remota de smartphones. Foi fundada em 2010 por Niv Carmi, Omri Lavie e Shalev Hulio. Empregava quase 500 pessoas em 2017 e está sediada em Herzliya, perto de Tel Aviv, Israel. Wikipedia (inglês)
- Após as denúncias da Anistia Internacional contra o app espião Pegasus, usado para violar a segurança e privacidade de jornalistas em 45 países, a Amazon decidiu tomar medidas duras contra sua criadora, a israelense NSO. A companhia divulgou nesta segunda-feira (19) que encerrou todas as contas usadas pela desenvolvedora e suspendeu os serviços de nuvem e armazenamento oferecidos a ela através do Amazon Web Services (AWS).
- “Quando soubemos dessa atividade, agimos rapidamente para fechar a infraestrutura e contas relevantes” [na Amazon], afirmou um representante da empresa em um comunicado enviado à Motherboard. Trabalhando junto a um consórcio de mídia, a Anistia Internacional revelou que o Pegasus era usado por governos de diversos países para obter informações que incluíam mensagens de SMS e e-mails, registros de ligações telefônicas e fotos de membros da mídia e pessoas como chefes de estados e seus familiares. (Motherboard).
- O relatório divulgado nesta segunda-feira (19) pela Anistia Internacional mostra que mais de 50 mil alvos foram infectados pelo Pegasus desde 2016 — o número exato de invasões não foi determinado. O malware é especialmente agressivo, permitindo que atacantes tenham acesso a mensagens de texto, fotos e e-mails, interceptem ligações telefônicas e ativem microfones e câmeras sem autorização. Evoluindo de forma constante, o app usa brechas de segurança no Android e no iOS para invadir os dispositivos e geralmente é espalhado através de golpes de engenharia social. A desenvolvedora NSO afirma que só oferece a ferramenta a autoridades e governos certificados, reforçando que seu uso é voltado principalmente ao combate ao terrorismo e ao crime organizado e negando todas as acusações de que ela se tornou uma forma de violar direitos humanos. (Gadgets360)
5. Amazon fecha infraestrutura em nuvem vinculada à empresa israelense NSO
O serviço de nuvem da Amazon.com Inc, Amazon Web Services, fechou a infraestrutura e contas vinculadas ao fornecedor de vigilância israelense NSO Group, informou o grupo de mídia dos EUA, de acordo com a Reuters.
O spyware do NSO Group foi usado em tentativas e sucesso de hacks de 37 smartphones pertencentes a jornalistas, funcionários do governo e ativistas de direitos humanos em todo o mundo, de acordo com uma investigação realizada por 17 organizações de mídia publicada no domingo.
A NSO negou o relatório e disse que seu produto se destinava apenas ao uso por agências de inteligência e aplicação de leis governamentais para combater o terrorismo e o crime.
“Quando soubemos dessa atividade, agimos rapidamente para encerrar a infraestrutura e as contas relevantes”, disse um porta-voz da Amazon em comunicado na segunda-feira.(MEMO)