Gantz Rejeita Demanda para Adiar Evacuação de Outpost ilegal na Cisjordânia
O outpost, construído no local de uma base do exército em terras pertencentes aos vlarejos palestinos de Beita, Qabalan e Yatma, foi criado após um tiroteio em maio, no que um estudante de yeshiva, Yehuda Guetta, foi assassinado.
O outpost leva o nome de Evyatar Borovsky, morador do assentamento de Yitzhar, que foi morto num ataque em maio de 2013. Após sua morte, houve 3 tentativas de construir um outpost no local – em 2013, 2016 e 2018 – mas as casas móveis e outras instalações foram rapidamente evacuadas.
No apagar das luzes do governo de Netanyahu, Gantz ‘descobre’ que tem autoridade para autorizar ou não a construção de assentamentos nos territórios ocupados…
Após alguns insucessos, o outpost está sendo construído em terras pertencentes aos vilarejos de Beita, Qabalan e Yatma, muito próximos aos seus pomares e terraços de pedra, sobre uma colina que foi a sede de uma base militar nos 1980s. No mês passado, durante protestos dos moradores contra o outpost, soldados israelenses mataram a bala dois jovens de Beita e feriram outros 25. No domingo, o exército bloqueou a principal entrada do vilarejo.
A secretária-geral do Nahala, Daniella Weiss – que foi apresentada pelos colonos como sua porta-voz – disse na 5ª feira que o outpost cobre hoje algumas dezenas de dunams, com potencial para expandir para 600 dunams (cerca de 150 acres). No domingo, já existiam 46 famílias vivendo lá. Weiss disse que outras 75 esperavam chegar logo.
Evyatar está a cerca de 1,6 km a leste do cruzamento de Za’atara (Tapuah) e conforme a página dos colonos no Facebook “evitará a criação de uma conexão entre os vilarejos de Qabalan, Yatma e Beita”. Mas, por outro lado, criará contiguidade entre os assentamentos de Tapuah, a oeste do cruzamento de Za’atara, e Migdalim, cerca de 9 km a sudeste.
A Administração Civil [órgão do exército encarregado de administrar os territórios Ocupados] disse ao Haaretz que as estruturas em Evyatar foram erigidas “ilegalmente, sem as permissões necessárias”. Em outras palavras, sem uma decisão do Conselho Supremo de Planejamento daquele órgão e seu projeto geral apropriado – o que significa que o público não teve a chance de apresentar suas objeções. A Administração também disse que “a lei será aplicada no local, de acordo com autorizações e regulamentos e sujeição a considerações operacionais”.
O Haaretz tomou conhecimento que este tipo de resposta é dado quando líderes militares ou políticos intervem para evitar a evacuação de um assentamento, como evidenciado pelos muitos outposts rurais ilegais e não autorizados que pontilham o norte do Vale do Jordão: Eles continuaram se expandindo nos 3 a 4 anos, apesar das ordens de demolição emitidas contra eles.
Daniella Weiss confirmou que realmente foram emitidas ordens de demolição para o outpost Evyatar, mas “não para todas as estruturas”, porque a cada dia são construídas novas”. Em outras palavras, os inspetores da Administração Civil não conseguem acompanhar o ritmo das obras.
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Um morador [do assentamento] de Kiryat Arba que se mudou para Evyatar disse ao Haaretz na 3ª feira: “Os hebreus deixaram o Egito com pressa, e Evyatar está sendo construído com pressa.” De fato, residentes de Qabalan e Beita relatam ouvir ruído de máquinas pesadas operando dia e noite.
A Administração Civil não nos respondeu à questão sobre o status legal das terras. Weiss diz que a propriedade sobre a qual o outpost está sendo erigido está no processo de ser declarada como terra do Estado, dentro da área de jurisdiçãodo Conselho Regional de Samária. Quando a base militar foi construída originalmente neste local, foi emitido um termo de posse temporária da terra (de propriedade privada) para fins militares.
O outpost leva o nome de Evyatar Borovsky, morador do assentamento de Yitzhar que foi assassinado por um palestino em maio de 2013. Após seu assassinato houve três tentativas de construir um outpost no local – em 2013, 2016 e 2018 – mas as casas móveis e outras estruturas erigidas foram evacuadas muito rapidamente. Desde vez – apenas horas após um ataque a tiros contra três estudantes de yeshivá no assentamento de Itamar, em 2 de maio – colonos começaram a preparar tendas e casas móveis, de uma vez. Após relatos da morte de Yehuda Guetta, um dos estudante, foi decidido dar seu nome ao salão de estudos.
‘Nenhuma cabana na colina pedregosa’
Quando o Haaretz perguntou por que as autoridades não evacuaram imediatamente as estruturas desta vez, Weiss dissee que foi devido à combinação da ousadia dos colonos e a uma decisão deliberada de operar diferentemente.
“Se você assume o risco e demonstra ousadia, aumenta as chances [de sucesso]”, disse ela, adicionando que o movimento Nahala e os colonos decidiram que não desejavam “uma cabana numa colina pedregosa”, mas uma massa, com blocos de concreto imediatamente, com equipamento pesado imediatamente – uma coisa grande”.
Weiss disse ainda que logo após o ataque de 2 de maio, as forças militares ficaram preocupadas com a procura do atirador, o que criou uma oportunidade em Evyatar.
“Não é que alguém nos tenha dado liberdade de movimento”, disse. “Mas surgiu uma situação e as famílias começaram a chegar. E aí a guerra [entre Israel e o Hamas, na Faixa de Gaza] irrompeu”. Em outras palavras, outro fator que manteve o exército ocupado.
Weiss não estava ciente da reportagem no Maariv. que em 11|05 dizia que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu emitira uma diretiva pedineo ao Conselho Supremo de Planejamento aprovar a construção de mais 400 unidades residenciais em Beit El, Evyatar, Shavei Shomron e outros assentamentos.
Algumas das estruturas trazidas para Evyatar são casas móveis que já conheceram dias melhores; outras edificações foram montadas no local com componentes pré-fabricados (como paredes, janelas, etc..), e há também várias estruturas de concreto. Na semana passada, colonos começar a asfaltar ruas internas. Na terça, o estacionamento não estava pavimentado; na quinta estava asfaltado.
90% do trabalho é voluntário. A Nahala é responsável por trazer equipamento pesado. Uma campanha de crowdsourcing é dirigida por Zvi Sukkot, associado da chefia do Conselho Regional da Samária, membro do partido de extrema-direita Otzmá Yehudit e porta-voz do assentamento de Yitzhar – a campanha reuniu doações totalizando 1,200,000 shekels (cerca de U$370.000). Weiss informa que um número de família com 8 ou 9 crianças mudaram para o outpost (em casas de concreto). Duas famílias vieram de Petah Tikva e as outras de assentamentos da Cisjordânia.
No último Shabat o outpost recebeu centenas de apoiadores.
O deputado Mossi Raz (Meretz) se dirigiu ao Ministro da Defesa, Benny Gantz, em 3 de maio, no dia em que o estabelecimento do outpost foi declarado, e demandou sua imediata evacuação de forma a evitar uma escalada de tensões.
Ele viajou ao vilarejo de Beita “para pedir permissão dos proprietários legais para subir [ao outpost] de forma a ver o que estava acontecendo nas terras deles, e consolá-los em seu luto”. Raz disse ao Haaretz que sua carta a Gantz, que advertia sobre o crime que estava sendo perpetrado pelos colonos “estava totalmente ignorado e ainda não havia sido respondido. Assentamentos são um crime de guerra que não deve ser ignorado”.
[ por Amira Hass | publicado em 07|06 no Haaretz – traduzido pelo PAZ AGORA|BR ]