Agora que terminou o longo monopólio de poder de Netanyahu, que em 12 anos não deu nenhuma chance para negociar a paz, está na hora de reativar o diálogo e recolocar na mesa os importantes avanços já conquistados.
Escritores palestino e israelense trocam e-mails – e buscam o encontro
Na esteira dos últimos combates entre Israel e Palestina, a Washington Post Magazine pediu a dois escritores — Sam Bahour, escritor palestino-americano e empreendedor que vive próximo a Ramallah; e Nadav Eyal, escritor israelense que vive próximo a Tel Aviv — para trocar correspondências entre si. A conversação foi baseada na questão: Realisticamente, para onde israelenses e palestinos vão agora?
Num ponto da extensa troca entre os dois escritores, Nadav menciona diretamente o Acordo de Genebra de 2003, como o benchmark e ponto de referência para um modelo mutuamente aceitável que serve como o arcabouço mais realista atual para construir as pontes em todas as questões centrais entre os dois lados.
Mesmo que Nadav e Sam não concordem necessariamente em todos os detalhes do plano, eles se engajam numa discussão sobre seus princípios e seu significado. O simples fato dele ser usado como o padrão para os parâmetros mais reconhecidos, ressalta seu valor como uma base firme para futuros esforços de paz.
Extrato do diálogo
Nadav Eyal: “Deixe-me perguntar, olhando adiante: se Israel elegesse um novo primeiro-ministros, e ela/ele faça uma oferta real e viável de acordo com as linhas do Acordo de Genebra — a formação de um Estado Palestino nas linhas de 1967 com trocas de terras equitativas (1:1), incluindo a remoção de todos os assentamentos deixados no lado palestino; uma Capital palestina em Jerusalém Oriental com acordos especiais sobre os locais sagrados; uma solução justa e acordada pea refugiados palestinos e seus decendentes com a opção de vier no novo Estado da Palestina (mas não em Israel); e arranjos de segurança que atendam as necessidades de ambas as partes — tal oferta seria aceita pela liderança palestina? Vocês a desejariam?”
Sam Bahour: “Você me pergunta se eu aceitaria os termos do Acordo de Genebra, ou algo parecido. Recordei-me das palavras que uma vez ouvi de um amigo aqui en Ramallah. Ele disse, “Aceito todos planos, acordos, configurações e tal” E quando perguntei como isto era possível, ele respondeu: “Porque estou convencido de que Israel não permitirá que nenhuma delas veja a luz do dia”. Minha resposta é mais esperançosa — eu compartilhei consigo um modelo político atualizado – Confederação — mas no meio tempo, como amanhã cedo, vejo progresso, eu busco progresso, e é aí que você e eu temos que focar: um progresso positivo adiante, como definido pela normas desde mundo imperfeito em que vivemos. O “corte de grama” do EDI em Gaza a cada poucos anos não faz parte desse paradigma”.
Nadav Eyal: “Agora, me desculpo pela minha indelicadeza de repórter, mas permita-me pressioná-lo em minha questão. Se um acordo de paz inspiraro no Acordo de Genebra fosse apresentado por Israel e respondesse a todos os pontos apresentados pelos palestinos — um acordo que antigas autoridades da Autoridade Palestina já tivessem formalmente assinados com os israelenses (por acaso, eu estava lá) — isto seria aceito hoje pelos palestinos? Estou pedindo sua opinião de especialista. É uma questão crucial para o campo progressista de Israel — aquele que você diz estar preocupado por se tornar tão passivo. Se o compromisso mais abrangente pôde ser feito (na medida em que a esquerda sionista de Israel estiver envolvida), haveria chance de acabar com o conflito”?
Sam Bahour: “Nenhuma desculpa é necessária para perguntar qualquer questão. Eu acompanhei o Acordo de Genebra de perto e li o documento em detalhe. Ele oferece insights valiosos, como uma tentativa não oficial para chegar a um entendimento, mas, como você sabe, ele não foi completado e agora está relegado a esforços fracassados. Como notado, após negociar, pontos finais não mais são suficientes como novos pontos de partida para negociação. Foram perdidos, por uma razão que poderemos discutir um dia pessoalmente. Hoje, quaisquer negociações só poderão ser aceitas pelos palestinos se baseadas numa abordagem de direitos (lei internacional). O que isto significa? A resposta curta é que não aceitaremos que quaisquer ilegalidades criadas por Israel sejam assumidas como aceitas, como a negação do direito dos nossos refugiados voltarem para casa ou a construção de assentamentos”.
O diálogo completo (recomendamos muito) pode ser lido AQUI (em inglês)
[ por Sam Bahour e Nadav Eyal | publicado no The Washington Post Magazine e no site da Iniciativa de Genebra | 03|06|2021 – traduzido pelo PAZ AGORA|BR ]
[ Conheça o Acordo de Genebra em português na íntegra AQUI ]