Dia de Jerusalém: Elefantes em Loja de Cristais
Estando o grosso do tempo no nosso quarto de seguranca, tenho tempo de pensar o trágico de nossa situação.
É importante saber que ela é resultado de uma politica ruim do nosso governo, já há mais de 10 anos.
Em lugar de reforçar o partner Abou Mazen (Mahmoud Abbas) e a Autoridade Palestina, nosso governo preferiu ter como interlocutor o Hamas. A razão: Abou Mazen significa chegar a uma solução política, enquanto que o Hamas significa continuar a opção militar, que na realidade não existe, como solução para o problema!
O Hamas é a islamização do conflito. Assim afastamos, também, os cidadãos árabes de Israel, que esta vez se colocarão como aliados dos palestinos, na sua versão muçulmana!
Logicamente, isto reflete a politica de extrema direita clerical de Netanyahu e seus aliados.
Nos últimos anos, com 3 operações militares contra Gaza, a cada 3 – 4 anos, o Hamas cresceu. Israel permitiu o financiamento de suas atividades com dinheiro do Catar, enquanto que a Autoridade Palestina foi se enfraquecendo.
Em poucas palavras, é necessário um governo que volte à compreensão de que não haverá o “grande Israel” e a ocupação dos territórios não será contínua ou eterna.
Este novo turno bélico com os palestinos, incluiu também Jerusalém, coisa que gera uma ampliação da tensão nos dois lados e desenvolve um diálogo religioso, que se propaga em toda população muculmana, aqui e no mundo.
Esta é a minha análise desta nova rodada na nossa terra santa e maldita!
Marki Levy
[ por MARC LEVY (*), do Kibutz Zikim em 11|05|2021 para os Amigos Brasileiros do PAZ AGORA ]
(*) Marc Levy, membro do kibutz Zikim (fronteira com Gaza), é Professor de História na Escola Regional dos Kibutzim da região de Nof Ashkelon, com especialização no Oriente Médio. Foi diretor geral da Federação dos Kibutzim entre os anos 2008 e 2014 e ativista do movimento juvenil sionista socialista Hashomer Hatzair.