Milhares de judeus e árabes juntos em Tel Aviv pela Paz e Coexistência

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Milhares de israelenses marcharam em Tel Aviv na noite deste sábado, numa mostra de apoio à paz e coexistência entre judeus e árabes em meio a duas longas semanas de tumultos violentos espalhados pelo país.

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Os manifestantes também expressaram apoio ao recente cessar-fogo entre Israel e o Hamas, iniciado na manhã de 6ª feira, instando o governo a tomar ações imediatas para acabar com a ocupação israelense da Cisjordânia e chegar à paz com os palestinos.

O desfile em massa foi organizado pelo ”Standing Together“, os movimentos “Rompendo o Silêncio” [“Breaking the Silence“] e o PAZ AGORA

Bradando slogans como “Esta é a casa de todos nós”, “Estamos juntos sem ódio nem medo” e “A resposta à direita é Israel e Palestina”, a manifestação partiu da Praça Rabin em Tel Aviv e chegou à Praça Habima.

Os discursos (ouça acima) incluíram o conhecido romancista e ativista de esquerda David Grossman, o autor árabe-israelense ʻAwdah Bishārāt, o líder da Lista Conjunta Árabe Ayman Odeh, a deputada Tamar Zandberg (Meretz), entre outros, finalizando com a secretária-geral do PAZ AGORA, Shaqued Morag.

O escritor David Grossman disse: “a batalha de hoje não é entre árabes e judeus, mas entre aqueles nos dois lados que lutam por viver em pais numa parceria justa, e aqueles nos dois lados que são carregados de ódio e violência”.

Grossman lamentou a perda, na recente guerra, de crianças, israelenses e palestinas. “Permitam-me dedicar minhas palavras nesta noite às crianças da fronteira de Gaza e às crianças de Gaza”.

“Nós somos os reféns dos vários extremistas. Sentamos e assistimos como seres humanos se tornam alvos, como mulheres deitam sobre seus filhos na rua para protegê-los, como altos edifícios caem como castelos de cartas e famílias inteiras desaparecem num piscar de olhos”, disse Grossman, cujo filho foi morto na 2ª Guerra do Líbano em 2006.

Referindo-se à recente violência, Itamar Avnery, judeu israelense, disse à multidão para canalizar seus sentimentos para o ativismo. “Se as últimas duas semanas foram duras para vocês, se sentiram desesperança, nós estamos aqui para dizer: não se desesperem, organizem-se”.

Ao seu lado, Sally Abed, que junto a Avnery chefia a organização “Omdim Beiachad” (Juntos de Pé), disse que árabes e judeus devem trabalhar juntos para criar uma sociedade mais igualitária.

“Sou Sally, uma cidadã palestina de Israel. Me recuso a voltar para a rotina de discriminação institucional, de violência policial e prisões políticas. Me recuso a ter uma cidadania de segunda classe, e um governo racista que está ameaçando todas nossas vidas em benefício de uma elite econômica e de colonos…”.

Ayman Odeh mostrou otimismo : “Pessoas estão falando sobre a escuridão que está descendo sobre este país… eu vejo luz. Vejo uma luz forte. Judeus e árabes juntos dissiparão a escuridão. Vocês são a luz”.

“Eu ouço políticos e autoridades de segurança falando sobre outra rodada de combates dentro de poucos meses ou anos, enquanto estão cegos para os 7 milhões de palestinos que vivem entre o Rio Jordão e o Mar Mediterrâneo”, disse Odeh.

Ele disse que não aceita a idéia de que o nacionalismo é um jogo de soma zero. “Não aceitamos a dicotomia do nacionalismo. Nosso caminho adiante é juntos. Judeus e árabes juntos… Existem duas nações aqui. Ambas tem direito a auto-determinação. Ambas merecem paz e igualdade, Nós respeitamos a identidade nacional dos judeus e a identidade nacional dos árabes, respeitamos ambas as nações. Temos um caminho a frente”.

‘As coisas podem ser diferentes’

“Viemos à manifestação para escutar vozes diferentes da mídia, ver pessoas que pensam como nós”, disse Vanessa, cidadã árabe israelense que vive em Tel Aviv com o parceiro Issa.

Tanto, que tem uma loja de roupas como Issa, estudante de engenharia da Universidade de Tel Aviv, são oriundos de Jafa e ficaram chocados com a maneira como a polícia tem tratado os moradores árabes nos últimos dias.

“Eu quero viver no presente, não no passado. Quero viver com meu vizinho porque é meu vizinho agora, e não lidar com o fato de que meu avô brigou com o avô dele”, disse Issa.

Vanessa adicionou, “Eu não acredito na Ocupação. Precisamos acabar com ela de forma a podermos ter uma verdadeira paz entre Israel e Palestina, porque não estamos indo a lugar nenhum e eles não estão indo a lugar nenhum”.

Saheil Biab, 65, de Nazaré, disse que as últimas semanas o deixaram perturbado: “Eu temi que esses grupos fascistas Lehavá, Itamar Ben Gvir e La Familia não permitiriam aos dois povos coexistir”, referiu-se as ativistas judeus de extrema-direita envolvidos em várias das ações violentas.

Yonatan Hefetz, 36, judeu israelense compareceu à manifestação com vários amigos alunos do acampamento de verão “Seeds of Peace” [Sementes de Paz], que reúne adolescentes israelenses e árabes, Disse que tinha conversado com amigos da Cisjordânia, Jordão e Egito nas últimas semanas.

“Esses últimos dias nos mostraram como a vida neste país pode parecer – um pesadelo”, disse Tamar Zandberg, deputada pelo Meretz. “Não queremos começar a esperar pela próxima guerra, mas mudar a direção, em direção à paz – para viver juntos numa verdadeira parceria”.

Mira Awad e Noa cantam a Paz para a multidão

Uma manifestação similar ocorreu no sábado anterior na Praça Habima, entre várias outras manifestações de judeus e árabes em todo país, instando pela paz e coexistência, em meio a tumultos no país e a operação militar em Gaza.

Judeus e árabes se reuniram diariamente durante a “Operação Guardiães das Muralhas” em pontes e cruzamentos de todo país, protestando contra a violência.

Fora Bibi

Ainda no sábado, centenas se reuniram diante da residência do Primeiro-Ministro em Jerusalém, instando Netanyahu a renunciar e culpando-o pela escalada em Gaza e dizendo que ele aumentou deliberadamente a operação apenas por interesse pessoal.

Sábado cedo, cerca de 200 pessoas marcharam pelas ruas da cidade árabe-judia de Jaffa/Yafo, expressando apoio à coexistência entre árabes e judeus e visitando as pequenas lojas locais.

O Conselho de Segurança da ONU está aplaudindo o cessar-fogo entre Israel e Hamas e insta pela completa aderência à cessação de hostilidades. Afirma ser urgente restaurar a calma e “reiterou a importância de se chegar a uma paz abrangente baseada na visão de uma região onde dois países democráticos, Israel e Palestina, vivam lado a lado em paz dentro de fronteiras seguras e reconhecidas”. O Conselho reconheceu “o papel importante” desempenhado pelo Egito, assim como outros países da região, o Quarteto de mediadores (ONU, USA, União Européia e Rússia) e outros atores internacionais.

Os Emirados Árabes Unidos se ofereceram para mediar uma solução pacífica para o conflito.

[ fontes diversas: Jerusalem Post, The Times of Israel, PAZ AGORA, week e outras | traduzido e editado pelo PAZ AGORA|BR ]

 

 

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