EDITORIAL HAARETZ – 26|03|2021
ALERTA – Uma Mancha no Knesset
Um partido obscurantista composto de racistas e homófobos foi eleito nesta semana para o Knesset. Não se deve subestimar este acontecimento preocupante. 26 anos atrás, o Knesset adotou uma emenda à Lei Básica, definindo sua função. A emenda estipulava que um partido com uma plataforma racista não podia participar de eleições. 23 anos depois da desqualificação de partido Kach, de Meir Kahane como candidato, os discípulos e seguidores da trilha do racista do Brooklyn voltaram à nossa assembléia legislativa com força bem maior do que a presença individual de Kahane nesse órgão.
Os representantes do “Sionismo Religioso”, partido formado por três movimentos competindo entre si em seus graus de ultranacionalismo, racismo, homofobia e fundamentalismo religioso obscurantista, irão tomar o pódio do Knesset e jurar fidelidade, como servidores do parlamento de Israel. Existe até uma possibilidade de que seus representantes ocuparão um cargo no governo de direita. Israel terá então membros de gabinetes que são racistas declarados, orgulhosa e abertamente alardeando seu racismo.
A atitude da população frente aos partidos Kahanistas racistas sofreu grandes mudanças desde os dias do seu pai fundador. Kahane foi desprezado pela maioria dos partidos do Knesset, inclusive o Likud. O partido de Bezalel Smotrich, Itamar Ben-Gvir, Avi Maoz e Orit Struck está agora sendo abraçado pelo Likud. O “Sionismo Religioso” foi aceito como um partido legítimo no mapa político de Israel, com o premier Benjamin Netanyahu estimulando os eleitores de direita a votar nele. O partido é um importante candidato a se unir ao seu governo, caso ele o forme, Assim fazendo, Netanyahu contribuiu para legitimar esta abominação, mas que qualquer outro político, e ela carrega a culpa de disseminar e fortalecer a supremacia judaica. Menachem Begin [fundador do Likud] provavelmente está rolando em sua tumba.
Não podemos deixar isso passar. Nenhum país na Europa Ocidental se permitiria acrescentar ao seu gabinete racistas e homófobos como os do “Sionismo Religioso”. Simplesmente não passaria. O que não passaria na Europa Ocidental não pode passar em Israel.
A bola está agora nas mãos dos membros do 24º Knesset e da mídia. Um não pode lavar este partido e a outra não pode colaborar co ele. Esta é uma facção ilegítima que projeta uma sombra escura sobre Israel, seus eleitores e seus representantes.
[ Editorial do Haaretz | 26|03|21 | traduzido pelo PAZAGORA|BR ]