O fato de que a eleição levou políticos de direita a se juntar à esquerda no apelo para botar Netaniahu para fora mostra que a nação quer um governo enraizado em valores democráticos e o fim do divisionismo e da corrupção.
Israel exige mudanças. Não é apenas pensamento positivo: as pesquisas de opinião uma e outra vez mostram uma maioria clara e absoluta para os que querem a saída do primeiro-ministro Benjamin Netaniahu.
Mesmo o novo mapa político sem precedentes, criado antes das eleições, pede mudanças de uma forma ou de outra.
Desde quando consigo lembrar – como um jovem, um soldado votando pela primeira vez e como um pai levando sua filha para a seção eleitoral – sempre houve uma divisão clara entre direita e esquerda em Israel.
Mas, de repente, nestas eleições e de uma forma admirável, líderes e figuras públicas da direita estão se levantando contra Netaniahu e dizendo: “Basta é basta. Seu tempo terminou.”
Gideon Sa’ar, Yifat Shasha-Biton e Zeev Elkin do Tikvá Chadashá, Avigdor Liberman e Eli Avidar do Yisrael Beitenu e, de certa forma, até Naftali Bennett do Yamina – todos direitistas da gema – entendem que o severo perigo de Netaniahu permanecer no poder justifica as novas alianças políticas.
Netanyahu **gando na Sociedade israelense | JÁ BASTA!
(escultura anônima no centro de Tel-Aviv)
Todos eles acreditam inequivocamente que algo deu errado com Netaniahu em se tratando do equilíbrio entre interesses políticos e interesses pessoais. Eles acreditam que nós, como sociedade, temos que arrancar o navio do Estado das mãos de um homem que esqueceu o que é ser israelense.
Parece que apesar dos esforços de Netaniahu, os valores centrais de Israel – aqueles que herdamos através das tradições judaicas e que se tornaram o coração da nossa Declaração da Independência – ainda permanecem fortes.
Esses princípios centrais – democracia, responsabilidade mútua, respeito ao estado de direito, honestidade e exemplo pessoal – foram forjados nas fornalhas das muitas guerras de Israel e muito também pela sua cultura.
Netaniahu desafiou essas crenças desde que assumiu o poder, mas parece que no último ano nada mais é visto como sagrado.
– Um homem acusado de suborno, fraude e quebra de confiança, que se permite atacar e desacreditar interminavelmente o sistema judiciário e a Polícia, esqueceu o que é ser israelense.
– Um homem que se auto contempla com centenas de milhares de shkalim em isenções de impostos, enquanto centenas de milhares de famílias batalham diariamente para não afundar, esqueceu o que é ser israelense.
– Um homem que no meio de uma crise econômica impede a aprovação do orçamento estatal, simplesmente para poder se manter no poder, apesar do acordo firmado com seus parceiros de coalizão, esqueceu o que é ser israelense.
– Um homem que permite que um setor da população viole as restrições do coronavírus enquanto todos os demais têm que obedecê-las, esqueceu o que é ser israelense.
– Um homem que ignora mais de seis mil mortes por coronavírus considerando-as uma bobagem, esqueceu o que é ser israelense.
– Um homem que tenta retirar de seus oponentes o direito de protestar, chamando-os de “propagadores de doenças” e “anarquistas”, esqueceu o que é ser israelense.
Há uma linha direta entre os protestos semanais em frente da residência oficial de Netaniahu em Jerusalém e a postura corajosa dos políticos de direita que saíram contra ele.
Ambas são reações marcantes e emocionais de israelenses contra a tentativa até aqui sem sucesso de um primeiro-ministro que divide e corrompe nossa sociedade.
Temos apenas que ter a esperança de que após as eleições veremos uma coalizão SEM Netaniahu, uma que conecte os partidos israelenses e seja baseada nos valores caros a esta grande nação.
Votar na terça-feira é a única opção para aqueles que lembram o que é ser israelense.
[ por Eshkol Nevo | publicado no Ynetnews em 21|03|2021 | traduzido por José Manasseh Zagury | editado pelo PAZ AGORA|BR ]