Centenas de Parlamentares Europeus protestam contra “anexações de fato” por Israel
Parlamentares representando 22 países da Europa dizem que a política israelense na Cisjordânia está ‘eliminando a possibilidade de uma Solução de Dois Estados e forçando uma realidade de um Estado Binacional, direitos desiguais e conflito perpétuo.
Quase 450 parlamentares europeus assinaram uma carta enviada no domingo a ministros do exterior da Europa, instando-os a aproveitar a mudança no governo dos Estados Unidos para retomar a pressão sobre Israel para sustar sai ‘anexação de fato’ da Cisjordânia.
Entre os signatários estão parlamentares de 22 países europeus, assim como membros do Parlamento da União Européia. A vasta maioria é filiada a partidos da centro-esquerda, como os Social-Democratas e os Verdes. Mais de um terço dos signatários são do Reino Unido, principalmente do Partido Trabalhista.
“O início da presidência de Biden propicia uma oportunidade muito necessária para abordar o conflito israelense-palestinos com um novo esforço”, escreveram.
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“A administração americana anterior deixou o conflito mais distante da paz do que nunca. O governo Biden apresenta a chance de corrigir o curso e criar espaço para um significativo engajamento e liderança. Em paralelo, o anúncio de eleições palestinas para os próximos meses oferece uma oportunidade para uma renovação política palestina e reunificação”.
Os parlamentares notam em sua carta que os acordos de normalização assinados recentemente com os Emirados Árabes Unidos e o Bahrain causaram a suspensão pelo governo israelense de seus planos de anexar grandes porções da Cisjordânia. “ntretanto, desenvolvimentos no terreno apontam claramente para uma realidade de progressão rápida de anexações de fato, especialmente através da expansão acelerada de assentamentos e demolição de edifícios palestinos”, escreveram.
Tais políticas, notaram, “estão eliminando a possibilidade de uma Solução de Dois Estados e consolidando uma realidade de Um Estado com direitos desiguais e conflito perpétuo. Que esse seja o futuro da região é inaceitável e estrategicamente inviável”.
Em sua carta, os parlamentares instam as nações da Europa a trabalhar juntos com a administração Biden e as partes relevantes no Oriente Médio para evitar uma “ação unilateral” – uma referência à política israelense na Cisjordânia – que poderia minar as chances de alcançar a paz.
“Neste esforço, a União Européia e os países europeus devem demonstrar sua liderança, utilizando seu arsenal de ferramentas políticas”, escreveram.
A iniciativa da carta partiu de quatro conhecidos ativistas israelenses da paz: Zehava Galon, ex-presidente do Meretz; Avrum Burg, co-fundador do PAZ AGORA, ex-presidente da Agência Judaica, ex-deputado trabalhista e ex-presidente do Knesset; Naomi Chazan, ex-presidente do New Israel Fund e Michael Ben-Yair, ex-procurador geral.
NT – A União Européia é a maior parceira comercial de Israel; por outro lado, vários de seus países dão apoio consistente a ONGs israelenses e palestinas que atuam na coexistência e aproximação entre os dois povos. Sua atuação nos processos de paz em Madri, Oslo e Genebra revela grande potencial para intermediar a construção de uma paz duradoura no Oriente Médio.
[ por Judy Maltz | publicado em 28|02|2021 no Haaretz | traduzido por Moisés Storch para o PAZ AGORA|BR ]