ELEIÇÕES EM ISRAEL: MAIS DO MESMO?
Dentro de três dias, neste 4 de fevereiro, terminará o prazo para apresentação de candidaturas com vistas às eleições israelenses de março.
É bem possível que nos próximos dias vejamos avalanches, correrias e cotoveladas com o fim de ocupara posição mais vantajosa nos comícios.
O panorama que se apresenta é diferente do que se viu até afora, tanto na direita como na centro-esquerda.
Benny Gantz, do partido centrista Azul e Branco, se nega a abandonar a competição apesar de as pesquisas indicarem que está à beira de desaparecer e não conseguir nenhuma cadeira.
A tragédia de Gantz estava cantada desde o princípio e é muito difícil entender por que o ex-chefe do exército se empenhou em se suicidar ao aceitar as mentiras de Binyamin Netanyahu.
Hoje, há mais de meia dúzia de partidos de centro-esquerda que competem entre si. Muito partido para pouca carne. Se alguns deles não se unirem, é muito provável um desastre monumental.
Na direita, o perigo de Bibi é Gideón Sáar, político que militava no setor mais radical do Likud, do qual se desligou.
Sáar é ambicioso e não traga Netanyahu. Em função de como os israelenses votarem em 23 de março, pode converter-se no seu substituto.
Em qualquer caso a direita, com a extrema direita e os religiosos, tem uma sólida maioria no parlamento, e sua vantagem tende a aumentar.
Se não ocorrer um milagre de grandes proporções, a próxima legislatura consolidará as posições de Netanyahu com respeito ao novo governo americano, os palestinos e o Irã.
Netanyahu foi um dos últimos a felicitar o novo presidente Joe Biden, e o fez com os dentes cerrados. A vitória de Biden não foi uma boa notícia para o governo israelense, que durante os 4 anos de mandato de Trump ditou a política da Casa Branca relativa ao Oriente Médio.
Não obstante, uma pesquisa do jornal Maariv neste fim de semana mostrou que mais da metade dos cidadãos são a favor da demissão de Netanyahu.
O Maariv é uma publicação que sistematicamente apoia Bibi, de maneira que a pesquisa, em principio, não é suspeita de ter sido manipulada.
Segundo a pesquisa, 54% dos israelenses são partidários da demissão do primeiro ministro e 35% querem que continue no cargo, enquanto 10% não tem opinião formada.
Dentro do Likud, o partido de Netanyahu, 28% dos que votaram em Bibi nas últimas eleições querem agora que ele vá embora.
A pesquisa revela que se as eleições fossem agora, o Likud cairia para 28 cadeiras. Mas os dados acima enganam.
O partido de extrema-direita Iemina, de Naftali Bennnet teria 15 cadeiras. E a extrema-direita poderiam criar com os ultraortodoxos uma coalizão amplamente majoritária no Parlamento, que lhes permitiria governar sem necessitar alianças com o centro.
Mesmo Netanyahu, como líder do partido mais votado da coalizão, poderia seguir governando e aprovando leis sob medida para ele.
Três circunstâncias explicam a queda de Netanyahu na pesquisa: o repique dos casos de contágio pelo coronavírus, o longo confinamento e os casos de corrupção em que está indiciado.
De qualquer maneira, a mensagem dos eleitores, segundo as pesquisas recentes, é mais que clara: os israelenses estão a cada dia mais nacionalistas e religiosos, mais radicais e reacionários…
[ por Alberto Mazor | publicado por pazahora.net em 01|02|2021 | traduzido por pazagora.org ]