HÁNUCA:  Os Novos MACABEUS | documentário: “Incitement”

O artigo “Hánuca“, de Alberto Mazor, evoca o mesmo sentimento de URGÊNCIA, de necessidade de agir antes que seja tarde, que o documentário “INCITEMENT” (Iamim Noraim). Existem forças poderosas que estão minando a Sociedade e a Democracia israelense.

Assista ao filme (instruções ao final  e leia o artigo.  Depois, não diga que não foi prevenido…


HÁNUCA:  OS NOVOS MACABEUS

Há 2.200 anos, nos tempos dos autênticos macabeus, o Deus de Israel lutava ao seu lado, a favor da independência judia, a autodeterminação, a identidade nacional, a liberdade de cultos e contra a cultura helênica imposta pela espada. O que estava em jogo naquela época era nada menos que um contrato social baseado no ‘amarás ao próximo como a ti mesmo’ e numa sociedade na qual há justiça e há juiz.

Depois de 2000 anos de perseguições, expulsões, pogroms e Holocausto, outra classe de macabeus chegou a um Estado de Israel livre e independente, para inagurar um novo templo em que politicos extremistas e rabinos fundamentalistas se consideram superiores aos organismos nacionais e formam um santuário segregacionista, no qual as mulheres devem entrar pela porta traseira.

Desde as mesmas fileiras do governo, estes novos macabeus lançaram um ataque frontal contra as minorias, os direitos individuais e humanos.

Os novos macabeus assediam o Exército, a Polícia, a Corte Suprema, os meios de comunicação livres, as organizações de direitos humanos e a sociedade aberta.

Supremacismo

Supremacismo

Os novos macabeus, em mãos de rabinos ultranacionalistas-messiânicos e defensores da superioridade de seu grupo, combinam uma devoção fervorosa à Terra de Israel com o desprezo aos seus cidadãos e às autoridades legítimas que os representam.

Os novos macabeus declararam uma nova guerra cultural, sem quartel e em diferentes frentes, contra o próprio caráter do Estado.

Os novos macabeus promovem o aumento da xenofobia contra qualquer minoria, o ódio aos laicos, a opressão das mulheres, o desprezo aos estrangeiros, a subestimação das autoridades legítimas e ameaçam converter-nos num Israel sinistro.

Os novos macabeus proíbem vender ou alugar moradias à população árabe, separam as meninas sefaraditas das ashkenazis – e ambas das etíopes – nas escolas, obrigam as mulheres a sentar-se nos assentos traseiros dos ônibus, “decapitam” as jovens em cartazes publicitários dos núcleos urbanos, conquistam cidades e populações, impondo seus costumes aos habitantes veteranos, incendeiam mesquitas, destróem oliveiras, se apropriam de terrenos privados, erigem assentamentos ilegais, desacatam as leis, atacam bases do mesmo exército que os protege e agridem seus oficiais.

O que os fundamentalistas islâmicos geraram no Irã, Afeganistão e Arábia Saudita, entre outros, os novos macabeus pretendem fazer no Estado judeu. A modernidade israelense se vai derrubando pouco a pouco. Os novos macabeus estão aqui. Um novo Deus e uma nova coluna de fogo lhes iluminam o caminho para o obscurantismo.

Os novos macabeus acentuam decididamente nosso isolamento na comunidade internacional; levantam cada vez mais obstáculos, barreiras, valas e cercas; aprovam  leis antidemocráticas e neofascistas; enterram a igualdade de gênero e as liberdades pessoais. Interferem diretamente no âmbito da educação, a cultura e as artes para adaptá-las a suas concessões.

 

 

 

Um desses novos macabeus assassinou pelas costas um primeiro-ministro de Israel, eleito pela maioria do povo, só porque pensava diferente.

Os novos macabeus gozam de uma impunidade de facto. Ainda que pareça mentira, o próprio governo os mantêm, lhes dá armas, não os prende. E se em alguma ocasião o faz, os castigos são insignificantes.

Todos sabemos onde estão as raízes deste sinistro fenômeno: na incitação de rabinos fanáticos, no governo de coalizão que mira para o outro lado, na indulgência de vários juízes e na impotência dos serviços de segurança que permanecem com as mãos atadas.

Ante o objetivo de ser um Estado judeu, democrático e ilustrado, os novos macabeus marcham a uma velocidade aterradora – e nós com eles – para um Israel ignorante, racista, ultranacionalista e fundamentalista.

Este não era o sonho sionista que, diferentemente, dos novos macabeus, não acreditava em milagres.

Quem disser que os novos macabeus são quatro gatos loucos ou apenas um punhado de ervas daninhas, e que sua ação é mero exagero, está tentando nos adormecer. A árvore não deixa ver o bosque, e o bosque é escuro e profundo. Faz tempo que os novos macabeus cruzaram todas as linhas vermelhas.

Se não acordarmos a tempo, se não agarrarmos o touro pelos chifres, em poucos anos encontraremos um Israel muito diferente. Esta batalha é tão crucial na História do Estado de Israel quanto a própria Guerra da Independência.

Estamos chegando a Hánuca.

Chegou a hora de voltarmos a ser os verdadeiros Macabeus.

[ por Alberto Mazor | 29|11|2020 | traduzido pelo PAZ AGORA|BR ]

DEMOCRACIA AGORA

DEMOCRACIA AGORA

 

O filme “Incitement”, do diretor Yaron Zilberman, chama-se, em Hebraico, “Yamim Noraim”, ou seja, “dias terríveis”.

O filme trata do período em que a sociedade israelense caminhava para um dos momentos mais trágicos de sua história: o assassinato do primeiro-ministro Yitzhak Rabin. A partir da análise da produção dos discursos de ódio, Zilberman reconstrói o cenário que tornou a fatalidade possível.

Que grupos políticos e religiosos geraram o clima de incitação que armou o revólver do assassino?

Como Rabin, de herói militar e líder das negociações pela paz, passou a ser visto, por muitos, como um traidor? Yaron Zilberman fala, sobretudo, em extremismos.

Para fomentar a discussão de um filme que poderia ser sobre o Brasil de hoje, mas que é sobre Israel de 25 anos atrás, o IBI, em parceria com a Comunidade Shalom, promove a exibição de “Incitement”, que ficará disponível na plataforma cinebyte.com.br entre os dias 25/11 e 02/12.

Não perca!

só até 02|12!

 

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