Pela primeira vez desde os Acordos de Abraão, Israel aprova construções na Cisjordânia
O PAZ AGORA diz que a última rodada de aprovações, onde a construção de quase 5.000 unidades de habitação obteve sinal verde, pode não ser a última deste ano. E adverte para a anexação ‘de facto’ de terras da Cisjordânia.
Israel aprovou mais de 12.000 casas na Cisjordânia em 2020, um record de construções para colonos judeus, divulgou o PAZ AGORA nesta quinta-feira.
O anúncio veio após o Conselho Supremo de Planejamento da Administração Civil – o mais alto órgão do ministério da defesa para construção no território “contestado” [ocupado] – aprovar planos para mais 4.948 unidades habitacionais, ao fim de reunião de dois dias.
Estas aprovações vieram menos de um mês após a União de Emirados Árabes e o Bahrain assinarem acordos para normalizar relações com Israel, que em retorno se comprometeu a congelar seus planos para extender a soberania israelense sobre partes da Cisjordânia.
“Estas aprovações tornam 2020 o ano record em termos de unidades em planos de assentamento promovidos desde que o PAZ AGORA começou a registrá-los em 2012″, declarou o Movimento.
“A conta até aqui é de 12.159 unidades aprovadas em 2020” , acrescentou o movimento, observando que o comitê pode anunciar nova rodada de aprovações até o fim do ano.
“Enquanto a anexação ‘de jure’ pode ser suspensa, a expansão ‘de facto’ dos assentamentos está claramente continuando”, disse o PAZ AGORA.
“Tais aprovações eliminam qualquer especulação sobre um congelamento ‘de facto’ dos assentamentos”.
Os palestinos e a vizinha Jordânia condenaram os atos na 4ª feira.
O porta-voz da presidência palestina, Nabil Abu Rudeina disse que Israel explorou a melhoria das relações no Golfo e o “apoio cego da administração Trump”.
Trump vê os acordos do Golfo como parte de sua iniciativa mais ampla para a paz no Oriente Médio. Mas, um plano controverso que ele revelou em janeiro deu a bênção americana para Israel estender sua soberania sobre grande parte da Cisjordânia, incluindo os assentamentos, comunidades consideradas ilegais sob a Lei Internacional.
Israel concordou em postergar esses planos sob seu acordo de normalização com os EAU, algo que autoridades dos emirados citaram como resposta às críticas árabes e muçulmanas.
Os Emirados e Bahrein foram o 3º e 4º países árabes a normalizar relações com Israel, seguindo o Egito (1979) e a Jordânia em 1994. Netanyahu diz que há outros chegando.
Os Acordos do Golfo quebraram anos de política da Liga Árabe no conflito israelense-palestino, que faziam de sua resolução uma pré-condição para normalizar laços com Israel.
Excluindo Jerusalém Oriental, mais de 450.000 judeus israelenses vivem em assentamentos na Cisjordânia, ao lado de cerca de 2,7 milhões de palestinos.
Shlomo Neeman, chefe do Conselho Regional de Gush Etzion (na Cisjordânia), elogiou a medida tomada na 4ª feira: “a missão de desenvolver os assentamentos continua sendo um dos objetivos centrais do Estado de Israel e estamos agradecidos por liderá-lo…”
O Movimento de esquerda SHALOM ACHSHAV (PAZ AGORA) assegurou que esta autorização para construir põe em perigo o acordo firmado com os Emirados: “Promover milhares de habitações na profundeza da Cisjordânia é uma anexação ‘de facto’, argumenta o grupo.