Militares exigem investigação de Bibi no caso dos Submarinos

Ex-Militares de Alta Patente Exigem Inquérito no Caso dos Submarinos

Como parte de uma ação judicial de um grupo anti-corrupção, depoentes exigem que Netaniahu seja investigado no escândalo de propinas na aquisição de embarcações alemãs.

Várias ex-altas autoridades do exército e do ministério da defesa de Israel prestaram depoimento recentemente ao Supremo Tribunal de Justiça exigindo o reexame do papel do primeiro-ministro na compra pelo Estado de submarinos e navios da Alemanha, num negócio que se tornou o centro de um grande escândalo de corrupção.

De acordo com o jornal Yediot Ahronot, que publicou trechos neste fim de semana, foram feitas quinze declarações por ex-oficiais de alta patente como parte de uma ação judicial encaminhada em junho pela organização Movimento para Governo de Qualidade em Israel, que está pedindo para renovar a investigação sobre o papel do Primeiro-ministro Benjamin Netaniahu no caso, bem como uma comissão de inquérito.

Chamado de Caso 3000, o escândalo está centrado no possível conflito de interesses em torno da compra multa-bilionária de navios e submarinos militares do estaleiro alemão Thyssenkrupp em 2016.

BIBI SUBMARINO

Os promotores alegam que autoridades israelenses foram subornadas para defender o volumoso negócio das embarcações, no valor de centenas de milhões de dólares. A investigação policial concluída em fevereiro envolveu diversas pessoas próximas a Netaniahu, mas o próprio primeiro-ministro não foi considerado suspeito.

O escândalo também envolve a venda de dois submarinos da classe Dolphin e dois navios anti-submarinos pela Alemanha ao Egito, supostamente com aprovação de Netaniahu, sem consultar ou notificar o ministério da defesa. Embora a Alemanha não necessite da aprovação israelense para vender submarinos avançados para outros países, ela tem feito essa gentileza à Jerusalém para que Israel possa manter uma superioridade tecnológica na região.

Em 29 de junho, o Comitê de Controle do Estado da Knesset votou contra uma proposta para que o Auditor do Estado investigasse o assunto, após um debate quente, durante o qual o líder do governo de coalizão (na Knesset) Miki Zohar ameaçou tirar do posto o chefe do comitê, o deputado de oposição do partido Yesh Atid-Telem, Ofer Shelah.

Num dos depoimentos publicados pelo Yediot Ahronot, um indivíduo identificado como um ex-líder da comunidade de inteligência que disse ter servido nas Forças de Defesa de Israel por três décadas, escreveu que “o fato de terem permitido que os alemães vendessem submarinos de ataque ao Egito, sem que o Comandante da Marinha, o Comandante do Estado Maior do Exército, o Ministro da Defesa e as agências de inteligência tivessem conhecimento, tem que ser investigado pelas autoridades competentes”.

O oficial escreveu que não tinha conhecimento de “nenhum caso em que toda a comunidade de defesa…foi deliberadamente excluída de um sensível processo de segurança”, dizendo que esse tipo de ação é contrária aos procedimentos de governo e “à lógica da segurança estratégica”.

Outro ex-oficial de inteligência, que não submeteu um depoimento mas expressou sua intenção de fazê-lo, foi citado dizendo que “está claro que isto é corrupção”. Ele acrescentou que acredita que a politização do processo de aquisição pode “levar à morte de soldados na próxima guerra”.

O ex-agente da Thyssenkrupp em Israel, Miki Ganor, está sendo acusado por suborno, lavagem de dinheiro e crimes fiscais, assim como Eliezer Marom, o ex-Comandante da Marinha de Israel. Avriel Bar-Yosef, candidato de Netaniahu ao posto de assessor de segurança nacional, enfrenta acusações de pedir suborno, receber suborno, fraude e quebra de confiança.

De acordo com os promotores públicos, Bar-Yosef primeiro abordou Ganor sobre tornar-se o representante da Thyssenkrupp em Israel porque ele “queria obter benefícios financeiros”. Ele então, supostamente, cooptou Marom, que era na época o Comandante da Marinha, para ajudar no lobby pela nomeação de Ganor. Ganor supostamente então pagou a eles 200.000 shkalim (58.000 dólares) no total, com os promotores acusando Bar-Yosef de trabalhar para promover aquisições navais enquanto exercia como vice-conselheiro de segurança nacional.

Também enfrentando acusações de suborno, quebra de confiança e lavagem de dinheiro no caso está David Sharan, um ex-assessor de Netaniahu e do Ministro da Energia Yuval Steinitz. David Shimron, primo de Netaniahu e seu ex-advogado particular, está acusado de lavagem de dinheiro.

O primeiro-ministro está atualmente sendo julgado por suborno, fraude e quebra de confiança em três casos criminais não relacionados (aos submarinos). Ele nega as acusações contra ele.

[ pela equipe do Times | Publicado no Times of Israel em 02|08|20 | traduzido por José Manasseh Zagury ]

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