A Solução de Dois Estados: impedir anexação e salvaguardar a democracia israelense
‘Eu não sabia que tínhamos feito a paz com os árabes’, dizia um israelense do 7º ano ao professor, após assistir a um vídeo do PAZ AGORA produzido no marco de 40 anos desde o tratado de paz assinado com o Egito. No clip, o astro local Lior Ashkenazi se refere ao acordo histórico conquistado com um dos piores inimigos de Israel. O vídeo (veja abaixo) recebeu cerca de 1,5 milhão de visualizações e é parte dos esforços do PAZ AGORA para trazer a paz de volta ao discurso israelense. O aniversário histórico do tratado foi oficialmente ignorado, inclusive pelo Ministério da Educação. O PAZ AGORA ocupou o vácuo e trabalhou com professores e pais para criar um website fornecendo materiais educativos como roteiros de aula, filmes de arquivo e esse vídeo. Ativistas conectaram milhares de professores, planejadores de currículo e diretores de escolas ao site, procurando ensinar alunos sobre a história da paz com o Egito e mostrando que os conflitos podem ser resolvidos politicamente.
“Por que ainda estou vivo” – Fonte: PAZ AGORA
O PAZ AGORA foi fundado sobre esta idéia: que Israel pode conseguir a paz com seus vizinhos, e que deve renunciar aos territórios capturados em 1967 para fazê-lo. O movimento foi criado sobre as asas esperançosas da visita história do presidente Sadat do Egito a Israel em 1977, que foi seguida por uma crise previsível nas negociações em 1978. Naquele ano, um grupo de ex-veteranos do exército enviou ao primeiro-ministro Menachem Begin o que veio a se chamar de “A Carta dos Oficiais”, demandando que ele fizesse todo esforço para chegar à paz e evitar a morte de mais milhares de soldados e civis.
Muitos israelenses se uniram ao chamado pela paz, construindo as fundações do PAZ AGORA como movimento sionista que apoia acordos políticos entre Israel e seus vizinhos. O movimento acredita que Israel precisa acabar com sua ocupação militar da Cisjordânia e Gaza e assinar um acordo de paz baseado em Dois Estados-Nação, um judeu e outro palestino – a única solução que permitirá que Israel se mantenha tanto judeu como democrático.
Para nos mantermos leais ao sionismo, devemos renunciar ao sonho do Grande Israel e promover o estabelecimento de um Estado Palestino soberano na Cisjordânia e Gaza.
A existência de um Estado judeu e democrático em Israel iria satisfazer os três princípios básicos do sionismo. A realidade mostrou que todos esses princípios não podem ser realizados integralmente juntos. Quase tantos judeus quanto palestinos vivem hoje entre o Rio Jordão e o Mar Mediterrâneo. Enquanto Israel controlar os territórios conquistados em 1967 e os milhões de palestinos que vivem neles, não existirá uma completa democracia. Se esta terra for anexada e seis cidadãos receberem a cidadania israelense, isto comprometerá o caráter judaico do Estado. Então, para se manter leal ao sionismo, precisamos renunciar ao sonho do Grande Israel e promover o estabelecimento de um Estado Palestino soberano na Cisjordânia e Gaza, onde cerca de 5 milhões de palestinos vivem atualmente sem direitos civis plenos. Israel não pode, e não deve, continuar suprimindo as aspirações nacionais dos palestinos. Visto que eles estão dispostos a aceitar uma Solução de Dois Estados, este deve ser o nosso objetivo. Qualquer coisa diferente irá prejudicar ou a natureza judaica ou a natureza democrática do Estado, e frustrará a visão sionista.
Protesto eficaz, então e agora
Como observado, o PAZ AGORA foi formado em decorrência da ‘Carta dos Oficiais’ de 1978, que instava o então primeiro-ministro a fazer tudo que pudesse para chegar à paz com o Egito. Graças à cobertura da imprensa, muitos israelenses expressaram apoio à Carta, criando um amplo movimento que desenvolveu meios sofisticados de protesto. O estilo formal da Carta foi complementado por uma forma criativa de enviá-la: a carta foi passada de mão em mão, numa espécie de corrida de revezamento de Tel Aviv até a residência do primeiro-ministro em Jerusalém. Ativistas faziam piquetes e montavam stands para as pessoas adicionarem suas assinaturas. Os comícios em massa que se seguiram forçaram o governo a considerar as prioridades nacionais promovidas por esse grupo de pressão.
Nos 40 anos desde então, o PAZ AGORA mudou, para liderar a luta pela paz com os palestinos e pela solução de Dois Estados. O movimento de colonos também se desenvolveu desse tempo, instando os israelenses a se assentar na Cisjordânia e Gaza. À medida que os assentamentos cimentam o controle sobre esses territórios e obstruem um futuro Estado Palestino, o PAZ AGORA devota esforços significativos para combater a política pró-assentamentos do governo. Nos anos 1990’, o movimento organizou um departamento especial para coletar e analisar dados sobre o desenvolvimento de assentamentos. Os relatórios e mapas do “Observatório PAZ AGORA de Assentamentos” são considerados como fonte autoritativa por políticos, jornalistas, embaixadores e pesquisadores.
Ao coletar e publicar informação, o PAZ AGORA continua a liderar o chamado à paz e os compromissos territoriais no lugar da visão dos colonos do Grande Israel, que envolve anexar os Territórios Ocupados. O movimento reporta sobre a realidade em mutação nesses territórios e sobre as políticas, em boa parte não-declaradas lá implementadas. Enquanto as circunstâncias geopolíticas mudavam, o movimento ainda confiava nos seus métodos tradicionais de protesto. Além disso, muitas tendências novas tornaram mais difícil recrutar novos ativistas.
Uma mudança notável é a crescente influência política das redes sociais na última década – como exemplificado, por exemplo, pelo grande papel que o Facebook desempenhou na Primavera Árabe. A mídia mainstream também vem sendo cada vez mais moldada pela nova mídia. Nos últimos dez anos, o PAZ AGORA investiu no desenvolvimento de material dirigido à mídia social e na administração de páginas de mídia social que respondem a eventos correntes e conduzem o debate político. Isto significa que não dependemos mais da cooperação da mídia tradicional para gerar discussões sobre assuntos importantes.
Redes sociais são uma forma eficaz de compartilhar informação, organizar e coordenar ativismo. De certa forma, o ativismo foi transportado das ruas para o ambiente virtual. Para o bem ou mal, a audiência-alvo do PAZ AGORA pode agora ser encontrada online. Estar envolvidos no debate virtual, às vezes ocorre às expensas do ativismo clássico. Agir em conjunto costumava ser a melhor forma de se conectar e de pensar em conjunto (brainstorm). Agora, a maior parte dessas necessidades são resolvidas online. Esta pode ser uma razão da maior dificuldade de motivar ações de rua hoje.
De todas as questões que importam para a esquerda israelense, lutar contra a ocupação é a menos recompensadora para o ativista médio.
Seja na Praça ou no Facebook, a sociedade civil israelense é vibrante. Graças à revolução da informação, muitas lutas podem ser travadas ao mesmo tempo. Israelenses que se identificam com o campo da paz tem sido ativos em vários fronts nos últimos anos, tais como a separação entre religião e Estado, direitos dos animais, direitos d@s LGBTs e a guerra contra a corrupção. Enquanto o progresso com os palestinos empacou sob sucessivos governos de direita, ativistas elevaram a consciência ou conquistaram mudanças políticas específicas em outras áreas. De todas as questões que importam à esquerda israelense, a luta contra a Ocupação é a que menos tem rendido para o ativista médio. Muitos cidadãos envolvidos preferem devotar seus esforços a lutas populares focadas, que têm maiores chances de sucesso, tais como a batalha pelas reservas naturais de gás, do que tentar solucionar um conflito sem fim, onde cada passo adiante (como a evacuação do outpost (posto avançado de assentamento) ilegal de Amona, que demandou muitos anos de batalha judicial, é logo seguido por um passo atrás (como a criação de um novo assentamento em terras palestinas para os evacuados de Amona).
Outra mudança é evidente entre jovens israelenses que completaram seu serviço militar e estão embarcando na vida adulta. Esta geração cresceu sob governos de direita que trabalhavam para fazer dos assentamentos uma parte integral de Israel. Materiais escolares foram reescritos para apagar a fronteira entre o Estado soberano de Israel e os Territórios Ocupados e os alunos foram ensinados que o direito do povo judeu à terra é mais importante do que a igualdade. O discurso da mídia mudou com relação aos assentamentos e se tornou menos engajado com a realidade diária nos Territórios Ocupados. Enquanto os cidadãos palestinos de Israel eram enquadrados como quinta coluna e suas aspirações nacionais eram depreciadas.
Ironicamente, é o sucesso dos Acordos de Oslo e a cooperação de segurança com a Autoridade Palestina que permitem que a maior parte dos israelenses ignorem a necessidade de resolver o conflito.
A vasta maioria dos adolescentes israelenses, diferentes de alguns aficionados, raramente são conscientes de que existe um regime militar na Cisjordânia. Muitos não têm opinião sobre a Ocupação. Como teriam, se nem tem idéia de sua existência? Alguns encontrarão palestinos em seu serviço militar, e mesmo estes não necessariamente saberão a diferença entre os palestinos de cidades como Tulkarm (na Cisjordânia) e Umm al-Fahm (dentro de Israel).
Ignorância e má informação levou toda a questão para as margens da consciência do jovem israelense. Ironicamente, o sucesso dos esforços conjuntos de contra-terrorismo de Israel e Autoridade Palestina, uma cooperação que começou após os Acordos de Oslo, permite que a maior parte dos israelenses ignore a necessidade de resolver o conflito. Esta é mais uma explicação para a redução dos voluntários estáveis do PAZ AGORA. O movimento está agora encarando um desafio não apenas para mobilizar o “campo da paz”, mas também de cultivar uma geração futura.
As organizações da sociedade civil no olho do furacão.
O processo de paz praticamente parou na última década. A política do governo é de “administrar o conflito”, enquanto no curto-prazo tenta prejudicar os cidadãos o mínimo. Assim, o “Status-Quo” deixa as ONGs com a tarefa de não só lutar contra a Ocupação e por um acordo, mas também de proteger os direitos humanos dos palestinos sob Ocupação.
Como o governo atual de Israel não busca resolver o conflito, mas sim perpetuar a Ocupação, e como não existe uma oposição efetiva no Parlamento, o ônus de manter a luta acesa fica sobre a sociedade civil. O PAZ AGORA há muito tempo é um sinônimo de “campo da paz”, no diálogo israelense. O campo se expandiu para incluir novas organizações e movimentos que oferecem outros caminhos para combater a Ocupação, como medidas legais, pressões internacionais e grupos de diálogo israelense-palestinos. Nosso poder coletivo é evidente, precisamente porque a direita deslanchou uma pesada campanha para nos silenciar, interromper as operações de várias ONGs, e minar a própria legitimidade do Campo da Paz.
Ministros direitistas e deputados do Knesset pessoalmente difamam ativistas e ONGs que lutam contra a Ocupação, rotulando-os de traidores. Este incitamento é muitas vezes acompanhado por demandas para impedir pessoas ou grupos de esquerda de aparecer em público, ou de cortar seus fundos. As batalhas legais sugam recursos preciosos e desviam a atenção da questão principal, transformando o debate público num tema de liberdade de expressão e os limites da crítica legítima.
Como parte do ataque contra a sociedade civil de Israel, a coalizão de Netanyahu introduziu medidas legislativas direcionadas, como a Emenda à Lei das ONGs, que aparentemente visa aumentar a transparência, mas de fato mina a legitimidade pública de organizações de esquerda. Por acaso, a transparência dos fundos não mais é importante quando se trata de ONGs de direita, principalmente financiadas por doadores privados ocultos que apoiam a ideologia do governo de direita de Israel e não participam de esforços pró-paz e anti-Ocupação.
A mídia muitas vezes se refere a ativistas pela paz e contra a Ocupação como “esquerdistas radicais”, criando uma simetria invertida com elementos da extrema direita.
Os resultados desta campanha de deslegitimização são claros. A linguagem da mídia mudou e os políticos da oposição estão reformulando suas posições e mesmo os próprio vocábulos que usam para descrever a realidade. A mainstream tende a equalizar as políticas do governo com interesses claros do Estado e não abordam a oposição de esquerda como alternativa ideológica legítima. Em vez disto, a mídia muitas vezes se refere a ativistas pela paz e anti-Ocupação como “esquerdistas radicais”, criando uma simetria invertida com elementos extremistas de direita, cujas críticas do governo às vezes escorregam para discursos racistas e mesmo violência. O argumento de existirem “extremistas nos dois lados” mina as críticas legítimas ao regime e exclui idéias de esquerda da esfera das políticas aceitáveis.
E agora?
Os governos de direita de Israel na última década têm desafiado as próprias fundações da democracia e o domínio da lei. A divisão binária introduzida entre “bons sujeitos” e “maus sujeitos” está achatando o debate civil, substituindo-o por ameaças, violência e idéias superficiais. Isto dificulta a ação do PAZ AGORA. Abrir espaço para conversação sobre o conflito israelense-palestino é agora um de nossos maiores desafios.
Para gerar uma conversação significativa, o PAZ AGORA vai além de discussões online. Conduzimos excursões para a Cisjordânia e Jerusalém Oriental, convidando israelenses para ver a rotina diária do conflito e da Ocupação com seus próprios olhos. Participantes são expostos – muitas vezes pela primeira vez na vida – à separação entre judeus e palestinos; ao espalhamento do projeto de outposts e assentamentos ilegais, que chegam ao coração da Cisjordânia e da população palestina; e as histórias pessoais de palestinos que vivem sob Ocupação. Muitos participantes dizem que “seus olhos tinham sido abertos” e que percebem agora que a política de “administrar o conflito” é, na realidade, insustentável e absurda.
Para adultos jovens israelenses, que cresceram sob o domínio da direita, a idéia de paz parece distante e até absurda.
O PAZ AGORA também realiza conferências, atividades informativas e seminários para examinar constantemente a luta contra a Ocupação e para mobilizar parceiros. Mas o núcleo leal de ativistas dos anos ’90 não cultivou um grupo forte de sucessores. Para os jovens adultos israelenses que cresceram sob o domínio da direita, a idéia de paz parece distante e mesmo absurda, e eles muitas vezes descartam qualquer referência ao tema. Expor futuros líderes à ideologia e atividades do PAZ AGORA é um desafio formidável. O que pode atrair jovens israelenses? Como combater estereótipos e formas de pensar cristalizadas, após anos de incitamento contra o Campo da Paz? Como pode a narrativa dominante de “administrar o conflito” ser mudada?
Há dois anos, o PAZ AGORA estabeleceu a Academia de Paz “Hazon” (Visão), reunindo jovens israelenses interessados em iniciar uma carreira na vida pública, para lhes ensinar sobre o conflito e provê-los de habilidades necessários para se tornar porta-vozes eficazes no apoio à paz. Após vários meses de workshops intensivos, palestras e excursões, os graduados passam a palestrar em movimentos juvenis, academias pré-militares e colégios. Sobre o conflito israelense-palestinos, a solução de Dois Estados, o preço da ocupação e suas implicações para o sionismo.
Hoje, cerca de 80 futuros líderes se graduaram em 4 classes e palestraram para 5.000 adolescentes por todo Israel; Seu objetivo de despertar a curiosidade, prover informação, desafiar pressupostos, combater fake news e incitamento e mobilizar suas audiências. Muitas vezes, são exatamente os adolescentes que se identificam como direitistas e mesmo extremistas, que se surpreendem ao aprender que seus pares “do outro lado” também têm no coração os melhores interesses por Israel – opostamente ao que tinham sido levados a acreditar.
Também estamos construindo a próxima geração de ativista políticos nos campi. No ano passado, o PAZ AGORA formou grupos em três universidades para mobilizar ativistas, recrutar membros e gerar debates sobre a solução do conflito. Estudantes que assinam são especialmente interessados em excursionar pela Cisjordânia e conhecer palestinos – experiências que normalmente não são oferecidas pelas universidades, mesmo por departamentos relevantes. Os grupos de campi também conectam com lutas locais. Por exemplo, estudantes da Universidade Hebraica participaram de manifestação contra a expulsão de famílias palestinas de Jerusalém Oriental em seguida a invasões de colonos, e ativistas de Universidade de Ben Gurion no Neguev protestaram contra a colaboração do Grêmio Estudantil com uma empresa que oferece aos alunos acomodação barata num assentamento próximo.
A Solução de Dois Estados: evitar anexações e salvaguardar a democracia israelense
O PAZ AGORA publicou um Relatório Especial em dezembro de 2018 sobre várias medidas legais tomadas pelo Ministério da Justiça sob a então ministra Ayelet Shaked e o Procurador Geral Avihay Mandelblit para lançar a base legal para anexar os Territórios Ocupados enquanto dava apoio de facto à atividade de assentamento.
A Solução de Dois Estados não é apenas a escolha moral, é também a única maneira de salvaguardar a democracia israelense.
No último ano, o movimento de colonos se tornou crescentemente vocal el sua demanda de “aplicar a soberania na Judéia e Samária”, ou seja, anexar oficialmente partes da Cisjordânia, Numa entrevista antes da primeira rodada de eleições em abril de 2019, o primeiro-ministro Netanyahu declarou que apoiaria passor para aplicar soberania a essas áreas, à luz do reconhecimento pelo Presidente Trump um mês antes da anexação das Colinas de Golan. Isto foi pouco depois de Trump transferir a embaixada americana de Tel Aviv para Jerusalém – um movimento simbólico que poderia significar uma mudança potencial no status internacional com respeito à futura divisão de Jerusalém como parte de uma Solução de Dois Estados. Anexar a Cisjordânia claramente não é mais um objetivo apenas do movimento de colono. Não é uma noção hipotética ou um processo secreto, mas uma promessa eleitoral significativa que envolve negar cidadania aos residentes desses territórios. O movimento dos colonos costumava demandar que esquecêssemos o sonho de paz de forma a manter os Territórios Ocupados. Agora, também precisamos estar dispostos a abrir mão da democracia.
Esta ameaça real à democracia israelense significa que é hora de o campo da paz ampliar seu paradigma. A Solução de Doies Estados não é apenas a escolha moral, ou a melhor opção em termos de segurança e economia – também é a única forma de salvar a nossa democracia.
Além de combater a corrupção institucionalizada, o desafio ao domínio da lei, o ataque ao judiciário, a Lei do Estado-Nação e o encolhimento do debate civil – é claro que a luta pela Solução de Dois Estados e contra a anexação da Cisjordânia é parte da luta maior pela democracia de Israel.
[ por Shaqued Morag– Diretora Executiva do PAZ AGORA | publicado em israel-peace.com | traduzido por Moisés Storch para o PAZ AGORA|BR ]