Carta de 1.080 deputados de 25 países pede ‘ação decisiva’ e ‘salvaguardar as perspectivas de uma Solução de Dois Estados e uma resolução justa do conflito’.
Mais de mil parlamentares europeus assinaram uma carta conjunta protestando contra a anexação planejada por Israel de partes da Cisjordânia, dizendo que tal movimento seria “fatal” para esperanças por uma solução pacífica para o conflito israelense-palestino.
A carta foi endereçada a governos europeus e publicada online hoje. É parte de um crescente clamor internacional contra o plano da administração Trump e do primeiro-ministro Netanyahu, que promete anexar partes da Cisjordânia que contém assentamentos israelenses, talvez já no 1º de julho.
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A carta, de 1.080 parlamentares de 25 países europeus pediu uma ação decisiva de líderes europeus, para “evitar a anexação e salvaguardar as perspectivas para uma solução de Dois Estados e uma resolução justa do conflito”.
“A falta de uma resposta adequada estimularia outros países com demandas territoriais a desobedecer aos princípios básicos da lei internacional”, dizia a carta. Caso Israel siga em frente, a carta fala de “conseqüências proporcionais”.
A declaração dos parlamentares expressou preocupação com “o impacto da anexação sobre as vidas de israelenses e palestinos, assim como seu potencial de desestabilização numa região situada à porta de nosso continente”. Chamou os líderes europeus “a agir decisivamente em resposta a esse desafio”.
“Uma solução duradoura para o conflito precisa atender as aspirações legítimas e necessidades de segurança e garantir direitos iguais para israelenses e palestinos. A Europa tem as ferramentas diplomáticas para promover este objetivo justo, e estamos prontos para apoiar tais esforços”, seguiu a declaração.
Entre os signatários estão parlamentares da Áustria, Bélgica, República Tcheca, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Malta, Holanda, Polônia, Portugal, Romênia, Eslováquia, Eslovênia, Espanha e Suécia. Também assinaram legisladores da Inglaterra, Noruega, Islandia e Suiça, que não são membros da União Européia.
Israel capturou a Cisjordânia na Guerra de 1967 e desde então construiu dezenas de assentamentos que hoje alojam cerca de 400.000 israelenses. A maior parte da comunidade internacional considera os assentamentos ilegais. Os palestinos querem o território como parte de um futuro Estado independente.
O Plano do presidente Trump, que favorece pesadamente Israel e foi rejeitado pelos palestinos, frustraria quaisquer esperanças de um Estado Palestino viável.
O governo Netanyahu ainda deve publicar detalhes da anexação proposta, mas já falou de cerca de 30% do território — incluindo o Vale do Jordão, de importância estratégica — a ser anexado por Israel.
O Secretário-Geral da ONU, Antonio Guterres instou Israel a escutar os chamados globais e não proceder com os planos de anexação, Ele disse à Associated Press que a anexação não apenas viola a lei internacional, mas “seria um grande fator de desestabilização da região”.
Na semana passada, o primeiro-ministro Boris Johnson disse se opor fortemente à anexação de partes da Cisjordânia, que equivaleria a uma violação do direito internacional”.
Ahmed Aboul Gheit, secretário-geral da Liga Árabe (que congrega 22 países), disse numa reunião especial do Conselho de Segurança sobre anexação, que se o governo de Israel continuar com seu plano, “poderá se incendiar uma guerra religiosa dentro e fora de nossa região e que anexação não só iria prejudicar as chances de paz hoje, mas destruiria qualquer perspectiva de paz no futuro”.
[ Publicado por Ynetnews em 24|06|20 | Traduzido pelo PAZ AGORA|BR ]