Algo momentoso aconteceu em Israel nesta 5ª feira. O Procurador Geral, Avichai Mendelblit anunciou três indiciamentos contra o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu: por corrupção, fraude e quebra de confiança (Caso 4000) e por fraude e quebra de confiança nos Casos 1000 e 2000. A promessa de Netanyahu ao público, de que “não haverá nada porque não há nada” se provou, como outras promessas, falsa.
As declarações que Netanyahu fez sobre o antigo primeiro-ministro Ehud Olmert durante o tempo em que aquele estava sob investigação deverão ser feitas agora sobre o próprio Netanyahu: “Um primeiro-ministro que está afundado até o pescoço em investigações não tem um mandato moral e público para decidir coisas tão vitais para o Estado de Israel”.
Mas Netanyahu não ouve ninguém, nem mesmo a si mesmo. Qualquer um que esperasse um mínimo de conduta apropriada do primeiro-ministro, viu novamente sua irresponsabilidade colossal. Netanyahu provou que Israel não é sua principal prioridade, mas apenas um meio para continuar no cargo. Na 5ªf, Netanyahu deixou claro que a decisão de Mendelblit não era o fim de seu mandato, mas apenas a salva inicial no batalha mais viciosa e destrutiva de todas – contra o procurador geral, a promotoria e a polícia. Netanyahu usou toda a sua munição retórica, nas linhas de Sansão na Bíblia – “deixe-me morrer com os filisteus”: “frame-up,” “acusação seletiva” e “processo de investigação poluído” são apenas alguns exemplos de seu discurso desenfreado, que terminou com uma demanda de “investigar os investigadores”.
A letra da Lei permite que o primeiro-ministro se mantenha no cargo até o julgamento final. Mas se Netanyahu provou alguma coisa no seu último termo, e ainda mais no seu discurso desta 5ª feira, é que ele não é capaz de conduzir uma batalha legal para limpar seu nome e conduzir o país ao mesmo tempo.
Na escolha entre o bom para o país e o seu próprio bem, Netanyahu sempre escolheu o melhor para ele. Sempre, desde o começo das investigações, ele se comportou como um criminoso comum, negando os malfeitos e atacando a polícia e o sistema judicial. Nos últimos dois anos, todo o aparato do governo tem estado sob ataques sem precedentes. Esta campanha de destruição conduzida pelo primeiro-ministro de Israel contra o Estado de Israel tem que acabar.
Netanyahu deve ir para casa. Agora.
[ Este artigo é o principal editorial do Haaretz | publicado em 22|11|19 | traduzido pelo PAZ AGORA|BR ]