Olá, meu nome é Adrian e fiz Aliá vindo da Europa quando tinha um ano de idade. Sou israelense, patriota, soldado de combate na reserva do exército e também…cristão. E tenho algo a lhe dizer, Sr. Primeiro Ministro, então me escute bem.
Você não vai corrigir as palavras de Rotem Sela [“…Israel é o país de todos seus cidadãos…”].
Eu vou corrigí-lo – o Estado de Israel é o Estado do povo judeu, mas também de todos os cidadãos que aqui vivem e o amam. Não menos que o Sr., Miri Regev ou Oren Hazan. Não somos simplesmente “cidadãos com direitos igualitários”, este é tambem o nosso país. Quando eu saio para defendê-lo, saio para defender o meu país, o país aonde cresci, o país aonde vou criar minha filha. E não deixarei que o Primeiro Ministro faça minha filha crescer com a sensação de que o país lhe pertence menos por não ser judia. Isso simplesmente não acontecerá.
Durante muitos anos eu tambem vivi à sombra desse ódio que o Sr. dispersa e odiei aqui todos os que ousaram se expressar “contra o país”, todos os que tiveram a audácia de abrir a boca e criticar a posição do governo. Eu amadureci, “abri a cabeça” e entendi que amar o país não consiste apenas em agitar a bandeira e marcar aqueles que “não são patriotas”.
Trata-se de garantir que aqui será um bom lugar para crianças, idosos, soldados, enfermos, seres humanos. Iguais entre iguais. Arie Dery, ministro no seu governo, sugere fazer testes de DNA aos imigrantes vindos da Rússia. O teu filho dissemina veneno nas redes sociais, estigmatiza metade do povo. Esta é a cara do Estado de Israel? Racismo e ódio?
Que seu filho, o “grande patriota”, desgrude do teclado e me acompanhe dois minutos numa ronda aos campos de refugiados. Que ele sinta uma vez o que significam tiros de Kalachnikov vindos de todas as direçōes quando não há como se esconder, quando você é apedrejado, e tudo isso para que no final esse filhote de Primeiro Ministro incite contra os esquerdistas e que o próprio Primeiro Ministro me explique que este país não é meu.
Esse país pertence a todos os que aqui vivem. E isso inclui o auxiliar de enfermagem árabe, o soldado druso, a arquiteta cristã, os quais são parte desse país – e isso em nada contradiz a definição de lar do povo judeu. O que fará, Primeiro Ministro, se amanhã todos os cidadaos não judeus decidirem simplesmente não comparecer ao trabalho em protesto a essa incitação? Não haverá enfermeiros e médicos, seguranças, professores, motoristas e nem sequer quem faça a coleta do lixo.
Quem sabe só desta maneira voces aprenderão a valorizar um pouco as pessoas que vivem aqui nesse país e que com ele contribuem, em lugar de odiar e espalhar veneno. Em suma, Sr. Bibi, que fique claro, este é também o nosso lar.
Não é menos meu lar do que seu, eu não sou menos que você e você não é menos que eu.
[ por Adrian Otiles | traduzido por Dafna Barkan Felícia Najman para o PAZ AGORA|BR ]