Israel está perdendo a opinião pública mundial

 

O governo de Israel decidiu que não deve se preocupar com o governo americano, com os governos na Europa e a união pública mundial.  O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu sabe que a Lei de Regularização [que visa “legalizar” assentamentos construídos em terras privadas de palestinos] é perigosa e pode levar Israel à Corte Internacional de Haia, mas continua sendo uma marionete nas mãos de Naftali Bennett, líder do partido de ultra-direita Bayit Yehudi [‘Lar Judeu’].

Uma das ilusões é a de que não apenas teremos um novo governo americano ao nosso lado, mas também sua opinião pública. Diversas pesquisas apontam para diferenças significativas entre americanos e europeus. Uma pesquisa da BBC, por exemplo, apurou que nos Estados Unidos 52% da população enxerga Israel de forma positiva, enquanto na Grã-Bretanha só 19% tem uma atitude positiva sendo que 72% veem Israel. negativamente.

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Construção em assentamentos na Cisjordânia segue a todo vapor

A simpatia dos americanos é com o Estado de Israel – e não com a “Grande Terra de Israel”. É duvidoso que o Conselho Yesha [órgão dos colonos na Cisjordânia] tenha o novo governo Trump no bolso. Mas é certo que, contrariamente ao que muita gente acredita em Israel, o público americano está se tornando cada vez menos tolerante com a contínua expansão dos assentamentos.

Em 15 de novembro de 2015, 37% deles eram favoráveis à imposição de sanções econômicas sobre Israel pela correntes construções nos assentamentos. Um ano depois, tal opinião já é compartilhada por 47%. A população americana apoia Israel, mas deixa claro que na questão mais controversa – dentre o povo israelense e entre Israel e os Estados Unidos – ela está mudando de posição.

Alguns diriam, após as eleições nos EUA, que as pesquisas não tem valor. Isso não tem sentido. Os erros das pesquisas estavam dentro de um desvio padrão. Hillary Clinton, mencione-se, bateu Donald Trump por 2 milhões de eleitores no voto popular.  Assim, mesmo que esta pesquisa esteja um pouco imprecisa, aponta para a direção certa.

A pesquisa citada foi realizada pela Brookings Institution, um dos mais importantes grupos de pesquisa e consultoria em Washington. Ela mostra que o apoio a tais sanções subiu de 19% há um ano para 60% entre os eleitores democratas. E de 26% para 31% entre os republicanos.

Se o governo israelense insistir na continuação da sua política atual, esta tendência continuará. Não é claro se perderemos o apoio do governo, mas é claro que Israel está perdendo apoio na opinião pública, em função da expansão dos assentamentos.

Não se trata de propaganda anti-Israel, nem de campanha do BDS. Não há necessidade de lhes atribuir uma honra que não merecem. Quem está fazendo isto é o próprio governo de Israel. Mesmo apoiadores eloquentes de Israel, que travam uma dura batalha contra o BDS, estão longe de apoiar as construções fora dos blocos de assentamentos. Mas o governo israelense continua insistindo.

A direita israelense tem muitos argumentos corretos e justificados quanto ao rejeccionismo palestino, o medo de o Hamas tomar também a Cisjordânia, o incitamento palestino, os erros feitos no processo de Oslo e no desligamento de Gaza.  Mas tais argumentos não levam à conclusão de que a construção for a dos blocos deve ser expandida.

A hipótese de que palestinos estariam rejeitando a fórmula de Dois Estados para Dois Povos levaria à conclusão de que devamos criar um único grande Estado?

O Ministro Avigdor Lieberman não é o único que reconhece isto. O fazem muitos eleitores de direita.  Não foram os eleitores do Likud que foram puxados para a direita, são os deputados e ministros do Likud que se estão tornando mais direitistas do que o Bayit Yehudi.

O crescente apoio nos Estados Unidos a sanções contra Israel está disparando os alarmes. Só o governo israelense não escuta.

A simpatia americana é pelo Estado de Israel. - não pela 'Grande Terra de Israel'

A simpatia americana é pelo Estado de Israel – não pela ‘Grande Terra de Israel’

[ por Ben-Dror Yemini | publicado pelo Ynet em 12|12|2016 | traduzido pelo PAZ AGORA|BR ]

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