Estamos com Tel Aviv !
“Combatamos o terrorismo como se não houvesse Processo de Paz, e
empenhemo-nos pela Paz, como se não existisse terrorismo!”
[ Yitzhak Rabin z’l ]
A democracia de Israel está em perigo
Israel, país cercado não apenas por ameaças a sua existência, mas também por governos e movimentos que praticam a tirania, é uma sociedade teimosamente livre.
Mesmo que a sua democracia seja imperfeita e inquieta, seu compromisso fundamental tem sido mantido durante anos de conflito intenso.
Este compromisso é a razão precisa pela qual o parlamento israelense deve rejeitar uma legislação em trâmite que estigmatizaria ONGs que recebem fundos do exterior.
A proposta reflete o tipo de tática que Rússia e China têm usado para esmagar seus dissidentes. Não se coaduna com os valores essenciais de Israel como Estado democrático.
A lei proposta, apresentada pela Ministra da Justiça Ayelet Shaked, foi aprovada por um comitê do gabinete em 27|12 e enviada ao Knesset, onde será submetida a mais debates e votações. Aplicar-se-ia àquelas organizações que recebem mais de metade dos seus fundos de “entidades de governos estrangeiros”.
Tais grupos deveriam se identificar como principalmente financiados do exterior em qualquer comunicação pública e na suas interações com autoridades de governo. E teriam que relacionar suas fontes de fundos em relatórios.
Membros desses grupos também teriam que vestir um crachá com seu nome e o da organização, quando presentes no parlamento. obrigatoriedade que já é válida para lobistas, Violações poderiam resultar em multas altas.
A ministra Shaked anunciou a legislação como contribuição para maior transparência. Mas esta não é a verdadeira agenda.
Na verdade, a lei objetiva deslegitimizar grupos progressistas em Israel que , há muito tempo, defendem direitos humanos e se opõem à colonização judaica na Cisjordânia, tais como o PAZ AGORA, B’Tselem, o New Israel Fund e outros.
A realidade é que muitos desses grupos progressistas dependem dos fundos de organizações estrangeiras. A lei os forçaria a carregar um rótulo desagradável que poderia sugerir conflitos com os interesses de Israel.
Milhões de dólares também estão sendo enviados a Israel em apoio a causas da direita, como atividades de assentamento, mas esse dinheiro vem, na maior parte, de doadores individuais e não são cobertos pela lei.
AS ONGs israelense já são obrigadas, pelas leis vigentes, a apresentar relatórios abertos sobre as suas fontes de fundos. Portanto, o único efeito da nova lei seria forçar as organizações progressistas a vestir um crachá público numa forma odiosa,
O presidente Vladimir Putin, da Rússia, obrigou ONGs a se registrar como “agentes estrangeiros”, como se fossem inimigos do Estado. Na China, as novas restrições sobre ONGs irão proibir apoio do exterior e assegurar sua fiscalização por aparelhos de segurança. Em ambos os casos. o propósito é silenciar dissidentes. Serviços valiáveis serão negados a pessoas que deles precisam.
Israel não pode permitir-se alinhar com tais regimes.
A democracia de Israel sempre foi um pilar de força, através de anos de cerco. Não é sempre fácil tolerar ou defender grupos que criticam o Estado ou aqueles no poder. Mas permitir a eles que funcionem normalmente é um importante teste da democracia.
[ Editorial do Washington Post publicado em 02|01|2015 e traduzido pelo PAZ AGORA|BR]