Milhares de israelenses marcharam nesta sexta feira (9), no centro de Tel Aviv, para protestar contra as violações de direitos humanos, praticadas pelo governo de Israel, e contra uma série de leis anti-democráticas promovida por partidos governistas. Entre os participantes estavam cidadãos judeus e árabes, protestando lado a lado contra a crescente violação dos direitos humanos dos palestinos, dos cidadãos árabes-israelenses, das mulheres e dos trabalhadores estrangeiros que vivem em Israel.
Um grupo de refugiados do Sudão e da Eritrea também participou, manifestando-se contra os planos do governo de mantê-los em um campo de detenção no sul do país. Na multidão via-se jovens e idosos, inclusive pessoas em cadeiras de rodas e diversos pais jovens com seus filhos. Dezenas de ONGs de direitos humanos que atuam em Israel participaram da organização da manifestação, lutando contra novos projetos de lei que visam restringir o financiamento dos grupos por governos estrangeiros.
Vários jornalistas também marcaram presença, protestando contra novas leis que visam limitar a liberdade de imprensa. O jornalista Gideon Spiro, de 76 anos, disse à RedeTV! que foi à manifestação para “defender o que ainda restou da democracia israelense”. Spiro afirmou que “é importante protestar contra as novas leis anti-democráticas que a direita está promovendo”. “Espero que os ecos de nossa manifestação cheguem ao exterior, para que se crie um opinião pública mundial contra a política do atual governo de Israel”, disse. E acrescentou: “E não deixe de escrever que sou a favor do direito humano dos palestinos de se libertarem da ocupação israelense!”.
Nitzan Horowitz, deputado do partido social-democrata Meretz, revelou à RedeTV!: “Existe uma ameaça real à democracia israelense e queremos garantir que haja uma sociedade livre neste país”. A artista gráfica Ruth Erez afirmou que no passado não tinha o costume de participar de manifestações, porém ficou chocada com a onda de leis anti-democráticas e o susto a levou a sair às ruas.
Nos últimos meses, partidos de direita e de extrema-direita, membros da coalizão do governo do primeiro ministro Binyamin Netanyahu, vêm promovendo dezenas de leis que visam corroer a liberdade de imprensa, a independência da Suprema Corte de Justiça, o trabalho das ONGs de direitos humanos e os direitos dos cidadãos árabes de Israel. O escritor Sami Michael, presidente de Associação de Direitos Civis em Israel – uma das maiores ONGs de direitos humanos do país –, foi um dos oradores no comício na Praça Itzhak Rabin, para onde marcharam os manifestantes. Ali, Michael deu um recado aos opositores:”Essas forças obscuras querem enfraquecer as ONGs e a Suprema Corte e terminar com a liberdade de expressão. Mas nós estaremos aqui para impedi-los”.
[ Texto e fotos de Gila Flint publicados pela RedeTV! – Vídeo de Israel Puterman ]