Cresce violência de colonos da Cisjordânia contra soldados de Israel

Depois de vários anos nos quais grupos de colonos israelenses residentes em assentamentos na Cisjordânia realizaram inúmeros ataques contra civis palestinos, agora eles se voltam contra o próprio Exército de Israel.

Esses grupos radicais são compostos por jovens que pertencem à terceira e quarta geração de colonos. Motivados por uma ideologia nacionalista e religiosa eles se opõem à devolução aos palestinos de “qualquer partícula” do território que Israel ocupou durante a guerra de 1967.

13/12/2011 - Terroristas judeus sabotam base militar israelense - exército não reage

13/12/2011 - Terroristas judeus sabotam base militar israelense - exército não reage

Na última terça feira, cerca de 100 ativistas do grupo, denominado “Jovens das Colinas”, invadiram a base militar de Efraim, perto da cidade palestina de Qalqylia, no norte da Cisjordânia, causando danos a equipamentos do Exército, lançando pedras e ferindo oficiais que estavam no local.

De acordo com um comunicado emitido antes da invasão, ativistas do assentamento Ramat Gilad se comprometeram a “lutar por cada partícula da nossa terra”.

Esse assentamento foi erguido em terras privadas pertencentes a proprietários palestinos e o próprio governo israelense o considera “ilegal”.

Segundo a imprensa local, a invasão à base militar ocorreu depois que os colonos ouviram rumores de que o Exército iria derrubar alguns barracões que construiram no assentamento.

A ação dos colonos despertou uma indignação geral em Israel e o ex-ministro da Defesa, Binyamin Ben Eliezer, chegou a dizer que os soldados “deviam ter atirado nos vândalos que invadiram a base militar”.

Os militares que estavam na base no momento da invasão não reagiram e nenhum dos ativistas foi preso.

ONGs de direitos humanos compararam o incidente com outro fato, ocorrido dias antes, quando um manifestante palestino da aldeia de Nabi Salah foi morto depois de lançar uma pedra em um jipe militar. As ONGs afirmaram que se dezenas de palestinos tivessem invadido uma base do Exército israelense provavelmente vários dos invasores seriam mortos.

Segundo o editorial do jornal Haaretz “o incidente na base militar demonstra a impunidade em relação aos colonos na Cisjordânia”.

“O Exército, a policia e o serviço de Inteligência ficam de braços cruzados quando colonos cometem atos de vandalismo contra habitantes palestinos, incendeiam mesquitas e plantações, depredam casas e veículos, e agora continuam de braços cruzados quando atacam bases militares e oficiais”.

O jornal também alerta que se o governo não tomar uma atitude enérgica contra os grupos, o próximo ataque poderá ser contra cidadãos judeus dentro de Israel que se opõem às suas posições.

Os mesmos grupos de extrema-direita já enviaram ameaças de morte a membros de organizações de esquerda que são contra a ocupação dos territórios palestinos.

Várias autoridades passaram a chamar os “jovens das colinas” de “terroristas judeus” e o ministro da Justiça, Yacov Neeman, recomendou ao primeiro ministro, Binyamin Netanyahu, que eles sejam tratados como uma “organização terrorista”.

O premiê rejeitou a recomendação do ministro, mas aprovou algumas medidas contra os colonos, das quais a mais importante é o aumento dos recursos às equipes responsáveis pela investigação do chamado “terrorismo judaico”.

A colonização israelense na Cisjordânia – onde já moram cerca de 300 mil colonos – é considerada pela comunidade internacional como um dos principais obstáculos à paz entre israelenses e palestinos.

De acordo com analistas, milhares fazem parte dos grupos mais radicais.

 

[ Publicado pela RedeTV!-Notícias em 15/12/2011 ]

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