2011 foi um ano de mudanças radicais. 2012 é só incertezas.

2011 está terminando e os ventos de mudança sopram por todo o mundo, atravessando fronteiras e interrompendo o passar rotineiro de meses e anos. Isto fica evidente pelo simples fato de que as mudanças são refeidas em termos de clima e estações.

As esperanças que foram acesas na “Primavera Árabe” e a onda de protestos que engolfaram todo o mundo foram substituídas pelas frustrações e medos do “inverno”, no qual as nuvens do extremismo islâmico esmaeceram as esperanças de democracia. A crise econômica cerca a Europa, mas o frio – que afastou os manifestantes das ruas de cidades ocidentais – não está detendo os da Rússia.

Muita gente sente que existe mesmo “algo no ar”. Estamos à beira de uma nova era, talvez revolucionária, cuja essência não é ainda clara, e cujo futuro é desconhecido.

A Internet, as redes sociais e os smart phones redistribuíram poder e influência pelo mundo, fato que se manifestou dramaticamente neste ano através de manifestações em massa, a derrubada de regimes que pareciam impossíveis de mudar e a descentralização de meios de expressão e de influência que eram previamente exclusivas do establishment político e de grandes plataformas de mídia.

Mas as esperanças de que os novos instrumentos de mídia tragam um espírito de democracia, reconciliação e solidariedade – e não atomização, divisão e ódio – ainda dependem da aplicação de velhos valores humanos, como boa vontade, maior liberdade e liderança criativa.

Fogos em Jerusalém

Fogos em Jerusalém

Israel neste ano foi um tanto sincronizado com as tendências globais. As demonstrações em massa o colocaram na linha de frente do espírito mundial dos protestos juvenis, enquanto sua administração econômica o deixou numa ilha de relativa estabilidade. Mas, de um ponto de vista político e diplomático,  Israel foi mergulhado no  fundo do inverno da região.

O movimento de protesto fugiu das questões mais fundamentais de Israel e não obtece nenhuma alavancagem política real. E enquanto as cadeiras dos líderes do mundo balançam, em Israel um governo ao qual não existe uma alternativa concreta, está se entrincheirando ainda mais, mesmo que não ofereça esperanças e se ocupe principalmente em amordaçar opiniões dissidentes e se engaje em maquinações políticas para se preservar.

Israel também está sendo inundado pelas águas escuras do extremismo religioso. Está sendo conduzido para a alienação e isolamento, imerso em ameaças de guerra e temores diplomáticos.

A previsão global para o próximo ano é nebulosa. Mas em Israel é clara: a primavera nunca pareceu tão distante.

 

[ Editorial do Haaretz em 30/12/2011 | traduzido pelo PAZ AGORA|BR ]

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