Dois cemitérios árabes – um muçulmano e outro cristão-ortodoxo – foram vandalizados na região de Yafo, no sul de Tel Aviv. Os responsáveis depredaram lápides e deixaram pichações com os dizeres “morte aos árabes” (foto abaixo).
Poucos dias depois do incêndio da mesquita na aldeia árabe de Tuba Zangaria, mais um ato de vandalismo voltado contra cidadãos árabes desperta protestos em Israel.
Durante o feriado do Yom Kipur, a data mais sagrada para a religião judaica, mais de 25 lápides nos dois cemitérios de Yafo foram destruídas.
Entre as pichações deixadas sobre os túmulos se encontravam os dizeres “etiqueta de preço” – expressão que grupos de colonos israelenses na Cisjordânia costumam deixar como uma espécie de “assinatura” depois de atos de vandalismo contra palestinos.
Abu Shahade, membro da Câmara Municipal de Tel Aviv-Yafo, falou ao Ynet: “Este é um resultado esperado da política promovida pelo governo Netanyahu-Lieberman. Os atentados de ‘etiqueta de preço’ não são punidos e as forças de segurança mostram inércia frente aos colonos. O resultado é uma luz verde para os colonos e radicais continuarem normalmente suas atividades, porque Netanyahu decidiu que as ações de ‘etiqueta de preço’ não terão nenhum preço”.
Algumas horas depois da descoberta da violação dos cemitérios, centenas de moradores de Yafo, árabes e judeus juntos, se manifestaram erguendo cartazes contra o racismo. Vários deles diziam “judeus e árabes se recusam a ser inimigos”.
Yom Kipur
De acordo com o site de noticias Ynet uma bomba incendiária foi lançada na noite deste sábado contra uma sinagoga em Yafo, mas, como o local estava fechado no momento do ataque, não houve feridos nem danos materiais.
O presidente de Israel, Shimon Peres, condenou o vandalismo nos cemitérios qualificando-o como uma “ação criminosa que contradiz os valores morais da sociedade em Israel”.
O prefeito de Tel Aviv, Ron Huldai, declarou que “é triste que justamente no Yom Kipur (Dia do Perdão, em tradução livre), extremistas cometam atos desse tipo. Espero que a policia prenda os criminosos e que eles sejam punidos por seus atos”.
O deputado Jamal Zahalka, do partido Balad (representante da minoria árabe), atribuiu a responsabilidade pelos atos de vandalismo, tanto nos cemitérios em Yafo como na mesquita de Tuba Zangaria, ao governo israelense.
Zahalka acusou o ministro das Relações Exteriores israelense, Avigdor Liberman, de incitar contra os cidadãos árabes de Israel. “A distância entre palavras racistas e ações é terrivelmente curta, os pequenos racistas que incendiaram a mesquita e depredaram os cemitérios têm seus líderes espirituais no governo”, disse o deputado. De acordo com Zahalka, “grupos clandestinos judaicos decidiram atacar os lugares sagrados”.
O líder do movimento PAZ AGORA, Yariv Oppenheimer, condenou o vandalismo nos cemitérios e afirmou que “extremistas de direita estão fazendo todos os esforços para levar a região a uma guerra religiosa”.
[ por Guila Flint (BBC Brasil) e Hassan Shaalan (Ynet) em 08/10/2011 ]