‘Hashoter’ (O Policial) – Prêmiado no Festival de Cinema de Locarno
O filme ‘Hashoter’ (O Policial), do diretor israelense Nadav Lapid, recebeu neste sábado o prêmio especiall do Júri como o 2º melhor filme no 64º Festival de Cinema de Locarno.
“Hashoter” competiu no festival suiço contra 19 filmes de todo o mundo, incluindo França, Estados Unidos, Romênia, Suiça e Líbano.
O maior prêmio do Festial, o ‘Leopardo de Ouro’, foi concedido a “Back to Stay” – produção suiço-argentina dirigida por Milagros Mumenthaler.
“Hashoter”, estrelado por Yiftach Klein, Menashe Noy e Michael Moshonov, é o primeiro longa de Lapid; Seus curtas já foram exibidos nos festivais de Berlim, Cannes e Locarno.
O filme estreou no Festival do Filme de Jerusalém, onde ganhou o prêmio Van Leer como primeiro ou Segundo filme de um diretor israelense, junto a “Beautiful Valley” de Hadar Friedlich. Mas os cineastas decidiram não aceitar sua parte na premiação, que lhes foi dada após repetidas votações devidas a um visível conflito de interesses na decisão do júri.
O filme conta a história de Yaron (Klein), combatente numa unidade de contraterrorismo. Yaron e seus amigos são a arma dirigida pelo país contra o ‘inimigo árabe’. Um encontro com um grupo radical, violento e incomum o faz enfrentar a luta de classes da sociedade israelense, assim como a batalha interna dentro de sua mente.
Outro filme co-israelense que competiu no festival foi “Last Days in Jerusalem” , produção israelense-franco-germânica dirigida por Tawfik Abu Wael.
[ Publicado no Ynet em em 13/08/2011 e traduzido pelo PAZ AGORA|BR ]
Um pequeno grupo de esquerdistas, agindo como nos anos 60, denuncia desigualdade social em Israel – crítica de Rui Martins
O diretor israelense do filme O Policial (Hashoter), no Festival de Cinema de Locarno, Nadav Lapid, utiliza a personagem de um policial da tropa de elite de combate ao terrorismo, Yaron, para tratar não da repressão aos palestinos mas de um clima de insatisfação economica interna que poderá levar a ações semelhantes às mostradas no filme.
O filme foi premiado no Festival de Telaviv e vem provocando polêmicas em Israel.
Yaron é um sabra típico, forte, musculoso, corajoso, e ao mesmo tempo um futuro pai preocupado com a gravidez da esposa e fiel aos encontros com a família, mesmo porque os laços familiares são fortes entre israelenses, confirma o cineasta Nadav Lapid, surpreso, quando estudava na França, com a solidão dos pais, esquecidos pelos filhos adultos.
Yaron pertence à elite policial israelense e está sob processo, pois o grupo do qual fazia parte cometeu excesso (morte de adolescente e de um idoso) ao executar um líder palestino envolvido em atos de terrorismo. Para evitar a punição e desligamento de todos da tropa, um soldado do grupo, com um câncer irreversível, assume os excessos cometidos, inocentando seus colegas de farda.
O filme coincide com o clima de protesto em Telaviv, provocado pelos caros aluguéis e por um encarecimento da vida, em manifestações pacíficas que parecem se conectar com o movimento da primavera árabe iniciado na Tunísia e que se alastrou pelos países vizinhos de Israel, contaminando agora o Estado hebreu.
Mas, antes disso, diz Nadav Lapid, já havia manifestações constantes de grupos israelenses de esquerda, chamados por ele de radicais, contra o muro de separação que implicou na apropriação de áreas palestinas. Essas manifestações israelenses, consideradas por ele como mini-revoluções, embora pacíficas, são duramente reprimidas, como ocorre no filme.
A história de Hashoter consiste num sequestro cometido por um grupúsculo israelense radical, revoltado com o empobrecimento da maioria e o enriquecimento de alguns, apelando, como nos movimento dos anos 60, aos soldados, na ilusão de serem ouvidos, para se unirem a eles. O sequestro ocorre na cerimônia de casamento da filha de um dos bilionários, onde estão reunidas as famílias economicamente mais poderosas de Israel.
O grupo é liquidado com a intervenção da tropa de elite, chamada a intervir contra os filhos da boa sociedade israelense. Resta vivo apenas um que se dividia entre o amor pela guerrilheira do grupo e sua convição política.
Nadav Lapid considera seu filme como uma antecipação do que poderá ocorrer em Israel, onde a juventude de boa família (só quem vive em grande apartamentos pode pensar) poderá gerar um movimento geral de descontentamento. Mas o cineasta acentua não querer denunciar nem os policiais e nem os extremistas radicais, apenas mostrar seus comportamentos.