Considerações finais. Por enquanto…
1. A Palestina já existe. É uma Medina Baderech (Um Estado a Caminho). Todo o aparato de um futuro país já está montado. Voltar a menos que isto é impossível. Manter igual a isto é explosivo e resta o mais que isto: a independência total.
2. É preferível uma Palestina com a benção israelense do que sem esta. Para Israel é preferível um futuro país vizinho com laços estabelecidos do que o contrário.
3. A convivência não será paradisíaca. Os palestinos ainda têm as chaves de suas antigas casas. Só um retardado emocional não entenderia a sensação de perda ocasionada com a Nacba. Só idiotas ou pérfidos exigiriam dos palestinos reconhecer um estado judeu. Basta reconhecer Israel. Já é um passo enorme. Muitos palestinos terão vontade de jogar os israelenses no mar como muitos israelenses terão vontade de jogá-los fora de sua terra. Teremos que conviver com memórias e aspirações conflitivas.
4. Não existem problemas de segurança insolúveis nas relações com o Estado da Palestina. A distância entre Natânia e o Jordão hoje em dia é militarmente irrelevante. Assim como os palestinos podem chegar a Natânia em 10 minutos os israelenses podem chegar ao Mar Morto em 5 minutos.
5. O perigo palpável serão os atos de terrorismo que existiam antes, existem agora e provavelmente ainda existirão depois da proclamação do futuro Estado da Palestina, promovido pelos inconformados e irredentistas.
6. A luta contra o terrorismo só pode ser enfrentada com profundidade desarmando os contextos em que ela se torna atraente e válida. A luta contra o terrorismo envolve basicamente a mudança do status quo. Sem isto se elimina uma intenção aqui e ali sem atacar o que o promove. É enxugar gelo.
7. A verdadeira razão deste governo israelense não querer negociar é a vontade de anexar terras roubadas em nome de mitos bíblicos e atender aos interesses criados em torno delas.
8. Golda Meir não queria recuar do Canal de Suez para não permitir que os egípcios abrissem o mesmo a navegação. Deu no que deu.
9. Grande parte dos israelenses não atina que estão em um período de transição doloroso entre crenças míticas e verdades históricas. Ou eles fazem um aggiornamento para compreender o presente ou se tornarão peças anacrônicas e prescindíveis no jogo da região.
10. Este é o momento em que podemos converter a frase de Aba Eban: estes governos israelenses não perdem ocasião de perder ocasião.
[ Publicação autorizada pelo autor, Henrique Samet, para o PAZ AGORA|BR ]