Bibi nos EUA: Uma declaração de não-paz

Não sei o que está mais ocupado por Israel, a Cisjordânia e seus milhões de palestinos cristãos e muçulmanos, ou o Congresso americano que se compõe preponderantemente de políticos americanos que são mais pró-Israel do que a maioria dos israelenses.

Bibi rejeita acordo baseado nas linhas de '67

Bibi rejeita acordo baseado nas linhas de '67

Como então se poderia descrever a viagem do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, que começou com um encontro gelado com o presidente Barack Obama, um discurso sem concessões à sua base de apoio na AIPAC e sua manifestação inflamada pro-Israel numa sessão conjunta no Congresso americano?

O discurso de Netanyahu foi um insulto intencional a Obama, numa maneira muito passoal, como demonstrado pelos longos aplausos que Netanyahu recebeu, excedendo qualquer aplauso que Obama jamais tenha recebido do Congresso.

Qualquer americano que assistiu à performance – em estilo show de rock – de Netanyahu na Sessão Conjunta do Congresso reconheceu de pronto que sua prioridade foi esbofetear Obama na face, em vez de delinear, como seus assessores haviam prometido, um plano de paz com os palestinos.

Não havia nenhum plano de paz. O único plano que Netanyahu ofereceu foi um plano para perpetuar o conflito, dizendo aos palestinos que eles não têm futuro, ao mesmo tempo em que demanda que eles reconheçam o direito de Israel a existir – o que os palestinos fizeram em 1988, e seis vezes depois disso.

A visão de Netanyahu é uma declaração de que a única opção diante de nós é conflito, dizendo aos palestinos moderados, como eu mesmo, que a paz é impossível com o Israel de Netanyahu e qie estamos sendo dirigidos a um futuro de conflitos piores.

Foi o exemplo mais pungente de um líder no Oriente Médio que perde intencionalmente uma oportunidade de trazer um acordo de paz.

Protesto no Congresso: Ocupação é Indecente!

Protesto no Congresso: Ocupação é Indecente!

O discurso de Netanyahu foi pleno de reivindicações unilaterais e revisões exageradas da História. O mais insultante foi sua referência à Cisjordânia como “Judéia e Samária”, que não é diferentemente insultante da forma como árabes extremistas muitas vezes descrevem Israel, como a “Entidade Sionista”.

Para moderados que acreditam na paz, não houve nada para aplaudir nas declarações de Netanyahu. Se ele não consegue o apoio cego do presidente, está feliz em ter o apoio do Congresso, a julgar pelas 26 ovações em pé que os congressistas fizeram durante seu discurso.

Netanyahu basicamente rejeitou quaisquer negociações com a Autoridade Palestina, como vinha fazendo no passado. Desta vez, sua desculpa foi o acordo de união com o Hamas.

Em nenhum momento do seu discurso, Netanyahu reconheceu que a sua própria coalizão tem vários extremistas viciosos, gente que se recusa a reconhecer os direitos do povo palestino.

O discurso de Netanyahu foi a mais clara declaração de que o futuro da paz não está nas negociações. A única opção que os palestinos tem para alcançar a soberania é levando seu caso para a ONU em setembro, seja o que vier.

Os palestinos devem se preparar para uma reação raivosa de Israel, e declarar seu Estado e receber o reconhecimento da ONU, o único caminho de resta.

Apostando no conflito

Apostando no conflito

O primeiro-ministro acredita errôneamente que os protestos pró-democracia na região mostra que o mundo árabe não liga para o problema israelense-palestino. Mas ele liga. E uma reação confrontante de Israel à ação serveria para catalizar e refocalizar as ruas árabes contra Israel num forma mais poderosa do que jamais havia sido.

As ações do primeiro-ministro tornam impossível para os palestinos acreditar que Israel é sincero no seu desejo por paz.

Os israelenses podem optar entre um futura baseado na paz e em dois Estados, ou aderir à estretégia fatal de Netanyahu.

Ray Hanania é um premiado colunista e consultor de mídia. Pode ser mais conhecido em www.hanania.com

[ publicado no Jerusalem Post e traduzido pelo PAZ AGORA|BR ]

 

– Jerusalem Post – 24/05/2011

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