Jerusalém, 6 abr (EFE).- Um grupo de personalidades, entre as quais figuram antigos responsáveis de segurança de Israel, apresentou nesta quarta-feira uma nova iniciativa de paz com o mundo árabe.
O novo projeto, divulgado em entrevista coletiva em Tel Aviv, pretende se tornar uma plataforma para pressionar o Governo para que retome as conversas de paz com os palestinos e o mundo árabe.
Entre os fundadores do projeto, estão figuras que estiveram à frente de organismos de segurança como o Shin Bet, o Mossad e o Estado-Maior, assim como velhos conhecidos da política, empresários, acadêmicos, especialistas e personalidades religiosas.
Baseada na iniciativa de paz árabe de 2002, a nova proposta combina a experiência tirada de negociações entre israelenses e palestinos na última década com planos existentes e ideias inovadoras.
Com cerca de 50 adesões em seu lançamento, seus promotores tentam tirar o país do estagnado processo de paz com os palestinos e o mundo árabe.
“Estamos vivendo um momento histórico e o Governo israelense tem que fazer algo agora, não pode continuar com a atual passividade e surdez nas negociações de paz”, disse à Agência Efe Edan Ring, porta-voz da iniciativa.
Contida em um documento de duas páginas, exorta a criação de um Estado palestino na Faixa de Gaza, praticamente em toda Cisjordânia e com capital em boa parte de Jerusalém Oriental, assim como compensações financeiras para os refugiados e que se permita a alguns deles retornar a seus antigos lares em Israel.
Também estipula a retirada israelense das Colinas de Golã e um pacote de garantias em matéria de segurança regional e cooperação econômica.
O Estado judeu rejeitou a iniciativa árabe lançada em 2002 e referendada em 2007 pela Liga Árabe, principalmente porque estimula o retorno de todos os refugiados e uma completa retirada dos territórios ocupados na Guerra dos Seis Dias.
Além disso, os últimos governos israelenses ignoraram outros planos procedentes da sociedade civil e rubricados por israelenses e palestinos, como a Iniciativa de Genebra (2003).
No entanto, os signatários do novo projeto acreditam que as pressões internacionais sobre Israel e seu isolamento internacional, ao qual se somam as recentes revoltas democráticas no mundo árabe, representam uma situação ideal.
“Agora é o melhor momento para se alcançar um acordo regional”, ressaltou Ring.
A princípio, o primeiro-ministro israelense aceita uma solução de dois Estados, mas as últimas negociações de paz entre israelenses e palestinos fracassaram em setembro pela recusa do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, de interromper a colonização.
Contudo, a nova iniciativa pretende impulsionar a paz com os palestinos através de um marco de referência regional que englobe todo o mundo árabe.
“Ninguém sabe como vão terminar as revoltas no mundo árabe. Israel pode escolher entre observar e rezar para que saiam bem ou influir e estender a mão à paz”, afirmou seu porta-voz.
Outro aspecto inovador é que o grupo é integrado por especialistas em diferentes assuntos que representam “o consenso israelense”.
Entre eles está o empresário Idan Ofer, quem ressaltou na apresentação que a paz com o mundo árabe é uma necessidade para Israel não só no âmbito da segurança e nas relações internacionais, mas também no econômico.
Também fazem parte desse grupo Yuval Rabin, filho do primeiro-ministro assassinado Yitzhak Rabin e Yaacov Peri, ex-chefe do Shin Bet, Amram Mitzna, entre outros.
A iniciativa foi apoiada pelo presidente israelense, Shimon Peres, pelo movimento PAZ AGORA e pelo Departamento de Estado americano, que afirmou em comunicado “que espera que possa servir como contribuição positiva na busca da paz”.
[ fonte: Agência EFE – 06/04/2011 ]