Homenagem aos Heróis do Gueto de Varsóvia

 

O Povo Judeu Vive!

O Povo Judeu Vive!

Aconteceu em abril

No dia 19 de abril de 1943, primeiro dia do Pessach daquele ano, a Organização Combatente Judaica do gueto de Varsóvia iniciou uma revolta contra o exército nazista. Naquela altura, quase 90% da população judaica do gueto já havia sido deportada para os campos de extermínio.

O Gueto de Varsóvia Arde

O Gueto de Varsóvia Arde

A insurreição durou quase um mês, após o qual praticamente só restaram escombros na área antes ocupada pelo gueto. Foi uma luta desigual. Um punhado de jovens, precariamente armados e debilitados pela fome, resistiu a um exército profissional, bem treinado e equipado com armas pesadas. Resistir só foi possível por duas razões: um comando militar unificado e o uso eficiente de táticas de guerrilha. Os nazistas, achando que os judeus não passavam de uma sub-raça, foram surpreendidos pela eficiência dos guerrilheiros.

De acordo com o escritor e artista plástico Marek Alter, o levante do gueto de Varsóvia foi o terceiro e último estágio das resistências possíveis. O primeiro, tradicional entre os judeus, foi o da palavra. O gueto, na concepção nazista, era uma espécie de “cemitério de gente viva”, seus habitantes estavam condenados ao desaparecimento, à extinção. Muitos nazistas visitavam o gueto, curiosos, inaugurando uma espécie de turismo macabro. Fotografavam e filmavam os “sub-homens”. Foi aí que alguns grupos de judeus, que falavam alemão, ousaram se aproximar e falar com eles. Eram, afinal, homens e não animais ! Pode-se imaginar quanta coragem precisaram acumular, nas penosas condições do gueto, para se dirigir aos de “raça superior”. Opuseram, como ressalta Halter, o verbo à violência.

Quando Himmler interditou o acesso ao gueto, surgiu a segunda fase da resistência: a do testemunho. O exemplo mais acabado desta etapa foi a organização do arquivo Oyneg Shabes, idealizado e coordenado pelo historiador Emmanuel Ringelblum. Foram recolhidos documentos, depoimentos, crônicas, cartazes, poesias e tudo que pudesse preservar para as gerações futuras as imagens do cotidiano do gueto, da barbárie totalitária. Registros terríveis, que sobreviveram à guerra acondicionados em latões. Ringelblum e a maioria de seus colaboradores acabaram assassinados.

A Marcha do Gueto para os Trens da Morte

A Marcha do Gueto para os Trens da Morte

A ideia do levante, da insurreição armada, surgiu quando ficou claro o plano nazista de aniquilação total dos judeus. Foi o instrumento adequado para aquelas circunstâncias. Como assinalou o historiador Raul Hilberg, era a primeira vez em mais de 2 mil anos que os judeus deixaram de se submeter e recorreram à força.

Aquele distante abril de 1943 deixou lições importantes. Cada geração escolherá a melhor forma de lutar contra as violências, pesando as condições objetivas e a correlação de forças com os opressores. Mesmo divididos em grupos, partidos e movimentos, os judeus do gueto souberam unir-se para enfrentar seu inimigo de morte. Demonstraram, com seu sangue, que é possível conviver com as diferenças e trabalhar juntos. Seu exemplo jamais será esquecido.

Como disse Hirsh Glik, no Partizaner lid (Hino dos partisans) em 1943 (inspirado nas notícias que vinham do gueto de Varsóvia):

Mir zainen do !

NÓS ESTAMOS AQUI !

19 de abril de 1943 – 19 de abril de 2011

 
Amigos Brasileiros do PAZ AGORA   ( www.pazagora.org )
ASA – Associação Scholem Aleichem de Cultura e Recreação   ( www.asa.org.br )
Centro Cultural Mordechai Anilevitch
Hashomer Hatzair – RJ   ( www.hashomer.org.br )
Hashomer Hatzair – SP   ( www.hashomerhatzair.org.br )
ICIB – Instituto Cultural Israelita Brasileiro   ( www.icibr.org.br )
ICUF – Federación de Entidades Culturales Judias    ( Argentina )
Meretz Brasil


 

Ouça a histórica interpretação do Hino dos Partisans Judeus por Paul Robeson em 1949, homenageando os resistentes do Gueto de Varsóvia.

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