As imagens que recebemos do Egito, Tunísia e Yemen me fazem feliz. Elas indicam que o mundo árabe, finalmente, está se unindo à tendência mundial, de mudar de ditaduras para democracias. Como sabemos, a democracia não é perfeita. Mas é ainda a melhor alternativa já inventada.
Os que acompanham os acontecimentos no Oriente Médio, estão vendo um retrato onde esta parte do mundo tem suas próprias regras. Cerca de 200 milhões de cidadãos vivem sob regimes que vão desde ditaduras militares a monarcas apoiados por exército, e repúblicas, como o Egito, onde o presidente escolhido para o cargo nos últimos 29 anos tenta nomear o seu filho como sucessor.
Aqueles que continuam olhando para o leste descobrirão outro fato preocupante – não existem democracias no território que fica entre Israel e Ìndia. Nenhuma.
Há quem diga que é melhor para Israel ser rodeado por regimes cujo poder é concentrado nas mãos de uma única pessoa. Mas isto está longe de ser certo. Surpreendentemente, nossos líderes políticos novamente não aprenderam a lição do que aconteceu na Europa Oriental, a começar pela queda do muro de Berlim até a Glasnost da União Soviética.
Processo acelerado de democratização
Estimo que, dentro de 5 a 10 anos, assistiremos a um processo acelerado de democratização nos países árabes ao nosso redor. Isto acontecerá com a Síria, que também é governada por um regime transferido de pai para filho protegido pelas baionetas do exército. Também no Irã e possivelmente na Jordânia.
Quando nossos vizinhos estiverem acostumados a viver sob democracia, finalmente irá se tornar possível falar uma linguagem comum com eles. Afinal, democracia é o domínio do povo e, qundo o povo se engajar em conversações com seus vizinhos, decidirão em favor do interesse mais amplo, a favor da paz.
Mais ainda, um tratado de paz assinado com a participação da população será muito mais forte e durável do que um acordo com um ditador. E é notável que os revoltosos no Egito não queimaram bandeiras de Israel e nenhum protesto foi realizado diante da embaixada de Israel.
A Irmandade Muçulmana não liderou a luta no Egito. Foram pessoas simples em busca de trabalho e dignidade. Os mesmos que estão fartos e cansados de ver uma elite vivendo como nobres, enquanto eles mesmos não conseguem ter uma vida decente. Da mesma maneira, os estudantes tomaram as ruas do Irã no passado. E voltarão.