Se algum dia as negociações voltarem aos trilhos, haverá mais milhares de colonos israelenses, que precisarão ser realocados em Israel, colocando novos problemas quanto a como acomodá-los quando se criar um Estado Palestino na terra onde vivem muitos deles hoje.
Além da construção de assentamentos na Cisjordânia, as construções para habitações (predominantemente para judeus) na Jerusalém Oriental, onde os palestinos esperam fazer sua futura capital, têm crescido rapidamente, após um intervalo de meio ano, com centenas de unidades aprovadas e milhares projetadas.
Num giro por canteiros de construção na Cisjordânia, Dror Etkes, opositor aos assentamentos que passou seus últimos nove anos monitorando seu crescimento, disse duvidar que já tenha havido tal expansão nas construções de assentamento na última década.
Hagit Ofran, opositora aos assentamentos que monitora seu crescimento para o PAZ AGORA, diz: “Podemos dizer com firmeza que este é o período mais ativo em muitos anos… neste momento existem 2 mil unidades habitacionais sendo construídas e um total de 13.000 prontas para serem iniciadas sem necessidade de novas licenças. Em cada um dos últimos 3 anos, cerca de 3 mil foram construídas.
Embora os dados oficiais só venham a ser publicados no próximo ano, os líderes colonos não contradizem esses números: “o congelamento acabou, e estamos preenchendo o vazio das obras postergadas”, diz David Ha’Ivri, porta-voz do Conselho Regional da Samária no norte da Cisjordânia. “Os números do PAZ AGORA são confiáveis. Sua contagem parece estar correta. A única diferença é que eles os vêem como negativos, e nós como positivos”.
Naftali Bennett, diretor-executivo do Conselho Yesha, a organização ‘guarda-chuva’ dos colonos, diz que apenas tem informações sobre onde falta obras, e não onde havia construções em andamento. Diz que seu grupo quer licitações do governo para mais 4.000 unidades muito necessárias, a maioria em grandes assentamentos.
Líderes palestinos têm dito que não voltarão a negociações de paz com Israel enquanto houver construção de assentamentos. Israel respondeu que quanto antes as conversações começarem, mais cedo os conflitos sobre assentamentos e outras áreas poderão ser resolvidos. O governo Obama está tentando conversar com cada lado esperando achar um terreno comum. Os palestinos também planejam apresentar ao Conselho de Segurança da ONU uma resolução condenando a construção de assentamentos.
Funcionários americanos contactaram o governo israelense sobre a enchente de obras. “Consistentemente com a nossa política, continuamos a demonstrar preocupação com a atividade de assentamento do governo israelense”, disse o porta-voz do Departamento de Estado, Philip J. Crowley. He did not provide further details.
Mark Regev, porta-voz do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que desde o fim da moratória de 10 meses nas obras, o governo se resumiu a construir em assentamentos já existentes e não expropriou mais terras para eles. As obras em andamento “não modificarão nada no mapa final da paz”.
Opositores aos assentamentos discordam. Dizem que quanto maior a população de colonos, , mais recursos – água, estradas e segurança – serão necessários para eles, e mais difícil será a construção de um Estado Palestino. Mais ainda, muitas das novas obras se situam profundamente dentro da Cisjordânia.
O ‘Ir Amim’, grupo israelense dedicado à partilha de Jerusalém, tem observado com alarme o crescimento das obras israelenses em Jerusalém Oriental: “Essas áreas são as únicas para os palestinos construírem, mas em vez disto há projetos judeus planejados”, diz Yudith Oppenheimer, diretora-executiva do grupo, num giro por áreas de Jerusalém Oriental onde se planeja ampliar a habitação de judeus, deixando pouco espaço para qualquer fronteira. “O governo israelense diz que não está criando nada de novo, nem mudando o status quo. Mas ao preencher esses varios e esticando os limites de bairros judeus, Israel está cercando os bairros palestinos e tornando impossível qualquer fronteira futura.
Elie Isaacson, porta-voz do prefeito de Jerusalém, Nir Barkat, que se opõe a dividier a cidade, diz que a prefeitora não constrói especificamente para judeus ou palestinos, pois isso seria discriminatório. “Estão dizendo que devemos estimular segregação religiosa no caso de haver um Estado Palestino? … Nosso trabalho é cuidar de todos os moradores de Jerusalém – Leste e Oeste. Dividir as obras por raça seria ilegal e imoral”.
Na Cisjordânia, a maior parte das obras nos últimos anos tem sido em grandes assentamentos relativamente próximos a Israel, que são amplamente considerados que serão anexados por Israel através da troca de terras num acordo futuro. Osto inclui os assentamentos de Maale Adumim, o bloco Gush Etzion, Beitar Ilit e Modiin Ilit.
A construção nessas áreas normalmente depende de licitações do governo, que se tornado mais lentas. O recente crescimento intenso foi mais de construções privadas, principalmente em assentamentos menores e mais remotos, com nomes como Tapuach, Talmon, Ofra, Eli e Shiló. Uma série de outposts não autorizados também estão apresentando crescimento significativo. O Ministro da Defesa é responsável por toda a atividade na Cisjordânia e tem a autoridade de interromper até mesmo as obras particulares, embora possa mais tarde ter que pagar compensações.
A comunidade internacional considera ilegítimas e ilegais todas as obras de assentamento em terras conquistadas por Israel na guerra dos Seis Dias em 1967 – incluindo Jerusalém Oriental. Israel anexou Jerusalém Leste e não considera a construção ali como sendo um ato de assentamento. Argumenta que a Cisjordânia é disputada – não oupada – e que construir lá habitações para israelenses não viola a lei internacional.
Há mais de 300 mil colonos israelenses na Cisjordânia e mais 200 mil vivendo em Jerusalém Oriental que a maior parte do mundo também considera colonos.
Mas dentro do próprio sistema legal israelenses, os assentamentos são regulamentados, enquanto muitas pequenas comunidades na Cisjordânia – conhecidas como outposts – cresceram ser regulação. Israel já anunciou desmantelar muitos desses outposts, mas não o fez, principalmente para evitar o conflito político interno que tal ação iria acarretar.
Como o estabelecimento de qualquer Estado Palestino certamente envolverá a mudança de dezenas de milhares de colonos para dentro de Israel, quanto mais colonos existirem, mais difícil será a criação desse Estado, a não ser que todos os novos colonos fiquem em blocos fechados e se tornem parte de Israel.
Não apenas boa parte do último boom de construções está localizada foram desses blocos, mas também os limites dos assentamentos são muitas vezes pouco claros. Israelenses estão levantando novas obras que alguns consideram como parte de comunidades já existente, mas outra, mas outros as vêem como expansões ou outposts.
“Muitos dos assentamentos em que não houve construções nos últimos anos, subitamente mostram novas linhas de fundações” – diz Hagit Ofran do PAZ AGORA – “Recentemente enviamos uma carta de acompanhamento do Ministério da Defesa listando todas as construçãos que vimos, com coordenadas exatas e fotos. Responderam que nos darão retorno…”.
[ por Ethan Bronner – The New York Times 22|12|2010 – traduzido pelo PAZ AGORA|BR ]