” Esse palestinos são uma piada. Israel faz concessões, faz todo esforço em medidas para construir confiança, e o que eles fazem? Nada. “
” Em 2000, saímos do Líbano. Em 2005, deixamos Gaza, tirando todos os colonos de lá. Em 2009, concordamos com um congelamento de construções na Cisjordânia. Por 10 meses, o primeiro ministro Benhamin Netanyahu arriscou sua coalizão para possibilitar ao presidente palestino Mahmoud Abbas sentar conosco à mesa de negociações. E o que aconteceu? Nada.”
” O que os palestinos fizeram? Que concessões fizeram? Eles se retiraram de Haifa? Não. Pararam de construir no coração de Tel Aviv? Não. Desmantelaram seus postos avançados em Kfar Saba, que mesmo a suprema corte da Autoridade Palestina julgou ilegais? Nenhum. Nem tentaram deter os ataques semanais às terras agrícolas da planície de Sharon” .
” Não libertaram centenas de presos israelenses detidos sem julgamento em prisões de Ramalah. Sua assembléia legislativa não parou de aprovar leis discriminatórias para preservar o caráter palestino (seja lá o que isso for) do seu Estado” .
O absurdo desta comparação deveria ser claro, mas vamos dizer com todas as letras: os palestinos não têm quase nenhuma concessão que possam fazer. Jão não têm quase nada a oferecer e, portanto, quase nada a perder. E não ter nada a perder não é uma posição de força, como é freqüentemente dito, mas uma posição de fraqueza. Para conseguir manter juntos o corpo e a alma, às vezes se é forçado a aceitar o que seu adversário (não o “parceiro de negociação”) está disposto a oferecer para se livrar de você.
Israel está irritado porque descobriu que os palestinos tembém tem seus limites de perda. Enfrentando um extremamente rico trapaceiro do outro lado do tabuleiro, os palestinos disseram simplesmente: alguns jogos, nós não jogamos.
Certamente, os palestinos poderiam fazer mais para fazer sua sociedade melhor aos olhos de Israel. Poderiam fazer mais para nos fazer sentir mais confortáveis, mais seguros. Gostaríamos muito de ver uma democracia mais transparente (sem hipocrisia), menos corrupção (ídem) e uma distribuição mais equitativa de fundos que entram no território da AP (idem, de novo). Mas isso não é da nossa conta – é da conta deles.
É preciso coragem intelectual
Precisamos olhar para o nosso próprio país. E se o virmos como um Estado, como uma entidade, quando seus atos e palavras forem vistos como um todo, deveremos admitir: Israel não quer a paz.
Netanyahu poderia querer um congelamento completo na construção de assentamentos. Para sempre. Eli Yishai no fundo do coração poderia ser favorável a uma retirada completa para as linhas pré-1967. Avigdor Lieberman poderia acreditar fervorosamente que a evacuação de Ariel é a única forma de avançar. Mas como nada disso aconteceu, é tudo irrelevante. Sem contar os grupos pacifistas ou as pesquisas “provando” que 60%, 70% ou 99% dos judeus israelenses estão dispostos a fazer “concessões dolorosas” pela paz, o que realmente conta é o que Israel faz.
Essas palavras não são dirigidas àqueles que querem manter o controle da Israel sobre a Cisjordânia ou o “transfer” de cidadãos israelenses palestinos. Aqueles, estão ‘curtindo’ todas estas conversas fúteis e rindo de todos nós por sermos tão estúpidos. Não, estas palavras são para aqueles que realmente querem ver o Estado Palestino viável, que reealmente estão dispostos a se retirar para as fronteiras de ‘67.
Não sei quantos eles são. Podem até ser apenas um punhado. Incluem colunistas que reiteram linhas gastas, como “os palestinos não estão fazendo nada”, enquanto expressam seu anseio pela paz? Incluem os analistas que apóiam as operações do EDI sem questionar, enquanto ocultam a crueldade da guerra? Eles incluem a esquerda sionista, inextricavelmente presa entre a rocha do “caráter judeu” e o difícil lugar dos valores democráticos progressistas?
Existe muito pouca coragem intelectual entre os líderes e pensadores de Israel. É difícil saber quem se consideraria parte deste punhado. Mas vamos parar de nos enganar, e exigir honestidade e clareza de pensamento. Se realmente queremos paz, não devemos procurar desculpas e culpar os palestinos pela sua falta.
Digamos alto: Israel está com as cartas, e está jogando com elas impiedosamente para ganhar ainda mais territórios com ainda menos palestinos, às custas dos direitos palestinos e da dignidade humana básica. Enquanto desperdiça toda chance de paz.
Só quando gente suficiente estiver disposta a perceber esta vontade, seremos capazes de exigir do nosso governo, da nossa própria sociedade, que pague o preço não-tão-terrível.
E, afinal, fazer a paz.
[ publicado no Ynet e traduzido pelo PAZ AGORA|BR ]