Assentamentos travam negociações de paz

 

Assentamentos israelenses na Cisjordânia travam novas negociações de paz 
 
A expansão dos assentamentos judeus na Cisjordânia está sendo o principal ponto de atrito nas novas negociações de paz entre israelenses e palestinos. As conversas entre o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o líder palestino Mahmud Abbas foram retomadas nesta terça-feira (14/09) no Egito, com a participação da secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, e se estenderão até quarta-feira.

A caminho do encontro realizado no balneário de Sharm el-Sheikh, Clinton defendeu a prorrogação da moratória para construção de novos assentamentos e disse acreditar que as duas partes chegarão a um acordo sobre esse ponto.

Netanyahu com Obama em Washington

Netanyahu com Obama em Washington

Também o presidente dos EUA, Barack Obama, apelou a Netanyahu para que não permita a construção de novas residências de colonos judeus após o fim da moratória. Abbas ameaçou deixar as negociações caso Israel não impeça as construções. Netanyahu rejeita a exigência dos palestinos, mas disse no último domingo que pode haver limitações.

Um documento militar israelense mostra que a moratória expira no próximo dia 30 de setembro, e não no dia 26, como inicialmente assumido pela imprensa internacional. No dia 26 completam-se exatos dez meses da moratória.

Segundo a organização pacifista PAZ AGORA, o final da moratória pode dar início a um boom de construções judaicas na Cisjordânia. Para ao menos 2.066 residências, os fundamentos já estariam prontos, diz a organização. Haveria outras 11 mil construções já autorizadas por Israel e mais 25 mil requerimentos já apresentados.

 

Maalê Adumim

Maalê Adumim, próximo à Jerusalém Oriental

Assentamentos judeus na Cisjordânia


Israel argumenta que os territórios palestinos não são de fato territórios ocupados. Além disso, Jerusalém Oriental é parte da “eterna e indivisível capital de Israel”. Segundo fontes israelenses, há 290 mil colonos judeus na Cisjordânia e mais 190 mil israelenses vivendo em Jerusalém Oriental.

A organização de direitos humanos B’tselem afirma que os números são muito maiores. Segundo a ONG, há 121 assentamentos judeus oficiais na Cisjordânia e centenas de outros que não têm permissão do governo de Israel.

Assentamento de Maalê Adumim

Assentamento de Maalê Adumim

O PAZ AGORA afirma que 9% da Cisjordânia (descontando o território de Jerusalém Oriental) são ocupados por assentamentos judeus. Em torno de 30% dos colonos são judeus ultraortodoxos e outros 38% seriam religiosos-nacionalistas, que vêem a Cisjordânia como a terra prometida pela Bíblia.

Não apenas os assentamentos judeus são território proibido para os palestinos. Também a utilização de muitas estradas destinadas a colonos judeus é tabu. Segundo o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Unocha) nos territórios palestinos, havia 505 barreiras e postos de controle das forças israelenses na Cisjordânia.

Após Sharm el-Sheikh, as negociações entre Netanyahu e Abbas deverão continuar em Jerusalém nesta quarta-feira. O primeiro desta nova série de encontros foi no início de setembro, em Washington, com a mediação de Obama. A ideia é realizar um novo encontro a cada duas semanas e viabilizar um acordo no prazo de um ano.

[ publicado em 14|09|2010 pela Deutsche Welle ]

Na interpretação da comunidade internacional, os assentamentos judeus na Cisjordânia ferem o artigo 49 da 4ª Convenção de Genebra, que afirma que potências de ocupação não podem assentar parte de sua população civil em territórios ocupados.

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