06|11|2012 – Essa é a data em que Barack Obama irá se candidatar a um segundo mandato. Até novembro de 2011, ele ja estará profundamente envolvido em campanha e a maior parte da sua atenção estará focalizada no meio dos EUA e não no Oriente Médio. Em 2 de novembro, eleições intermediárias serão realizadas nos EUA, na qual membros do Congresso (incluindo todos os 435 da Casa de Representantes e 34 dos 100 senadores) estarão diante do eleitorado.
O calendário político americano é um mapa da janela de oportunidade que poderá existir para o avanço da paz israelense-palestina.
Não há chance para um acordo sem envolvimento direto e decisivo do presidente americano. Após 3 de novembro, Obama será capaz de liberar tempo e espaço político da sua agenda para se envolver diretamente na negociação de um acordo de paz. Ele terá cerca de um ano em que poderá dedicar seu tempo e seus aliados políticos para essa missão. Após isto, voltará para a trilha da sua campanha e irá colocar seu sucesso no Oriente Médio no topo de sua campanha, ou terá que enterrar seu fracasso e explicar por que esta causa é impossível, mas que “Fiz todo o humanamente possível para ajudá-los a resolver seu conflito”.
Mas, mesmo antes de chegarmos ao 3 de novembro, uma outra data salta do calendário com luzes vermelhas piscando: 26 de setembro, o final da moratória de 10 meses para novas obras de assentamento. Se o governo lançar uma liberação de novas obras, como prometido por vários ministros, o agonizante processo de paz irá morrer. Obviamente, os esforços do mediador americano George Mitchell estão focalizados atualmente em prover uma dose vital de adrenalina na forma de um estímulo a negociações diretas.
A idéia é que, caso se iniciem negociações diretas, o premier Binyamin Netanyahu será capaz de prorrogar a moratória de obras por vários meses para dar às conversações uma chance de sucesso. E mesmo caso adote esta fórmula, tentará alcançar um entendimento com Obama para continuar a construir dentro dos blocos de assentamento, ‘porque estes seriam anexados a Israel no escopo de um acordo’.
Os palestinos irão, quase certamente, rejeitar tal entendimento, afirmando que o congelamento – de todas as construções de assentamento – é uma condição para negociações diretas, porque sem isto não existiria uma verdadeira demonstração de intenções de os israelenses no futuro se retirarem da Cisjordânia, permitindo a criação de um Estado Palestino.
O cronograma para negociações está colocado. Existe uma janela de cerca de um ano para chegar a um acordo. Até o final de 2011, o plano Fayyad para criação de instituições do Estado Palestino já estará concluído.
Os palestinos estarão mais ansiosos do que nunca para se tornarem independentes e reconhecidos pela comunidade internacional como membros plenos da comunidade das nações. Esperarão e trabalharão por uma filiação completa à ONU e por sanções contra Israel se, como resultado da contínua atividade de assentamento, não houve um verdadeiro processo de paz, em estágios avançados, rumo a um acordo.
Ao mesmo tempo, eles provavelmente estarão voltados para seus próprios eleitores. Sem progresso na frente diplomática, será duvidoso que sua liderança atual, pragmática e moderada, se sustente. O presidente Mahmoud Abbas já declarou sua intenção de não concorrer à reeleição. Com a exceção de Salam Fayyad – que não tem nenhum partido ou movimento político o apoiando – o cenário de possíveis candidatos é bem menos promissor do que o atual governo palestino.
O fator tempo para chegar à paz nunca foi tão claro. Nem tão urgente. O relógio continua andando e o tempo acabando.
Nos 32 anos em que estive envolvido no processo de paz, nunca falei sobre um prazo fatal. Mas, hoje, ele está aí, e o tempo não está a nosso favor.
Se isto fizer com que alguém se sinta melhor, posso também dizer que o tempo tampouco está ao lado deles. O tempo está acabando para nós e eles.
Não há solução para o conflito que seja diferente de “Dois Estados para Dois Povos”.
Há uma grande possibilidade de que, quando a janela de oportunidade se fechar ao final de 2011, não mais haja uma real possibilidade de alcançar um acordo negociado. Poderá não mais existir uma liderança palestina moderada e pragmática com a qual possamos negociar. E poderá não mais haver uma maioria palestina que aceite esta solução.
Neste momento está tudo nas mãos de Netanyahu. É o homem que pode fazer acontecer. A questão de assentamento se tornou o fator número um para determinar a própria possibilidade de haver uma negociação construtiva. Netanyahu é o único líder israelense que hoje pode declarar que o principal objetivo do sionismo hoje é o de consolidar o Estado de Israel dentro de fronteiras negociadas e reconhecidas.
Isto significa que a empreitada sionista precisa concentrar sua atenção em fortalecer o que temos, e em transformar Israel no Estado exemplar com que Theodor Herzl sonhou. Para conquistar isto, é necessário dizer em alto e bom som que os que desejam continuar construindo assentamentos são anti-sionistas, trabalham contra a visão sionista e levam o movimento sionista para um suicídio nacional.
Um verdadeiro sionista é hoje o que trabalha pela paz , enquanto anti-sionista é aquele que busca impedir a paz, construindo mais assentamentos.
O verdadeiro sionismo trata da sustentabilidade do Estado de Israel. A maior ameaça a esta sustentabilidade é a continuação do conflito com o povo palestino.
Artigo original em inglês publicado no Jerusalem Post, em 19/07/10.