Yehoshua retrata violência do “fogo amigo” na fronteira da Cisjordânia
Tecer histórias e entrelaçar dados é uma arte. Os incumbidos pela cerzidura levam essa responsabilidade em sua pena. É o caso do escritor e dramaturgo israelense A. B. Yehoshua, que participará da 8ª edição da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), que ocorre de 4 a 8 de agosto deste ano. O autor foi considerado “o mais hábil artesão da literatura israelense” pelo jornal “Maariv”.
No dia 6 de agosto, Yehoshua divide a mesa 9, que discutirá as “Promessas de um velho mundo”, a partir das 17h15, com a iraniana Azar Nafisi (autora de “Lendo Lolita em Teerã“). Com mediação do médico e escritor Moacyr Scliar, os autores registrarão, em uma espécie de testemunho, suas experiências no que diz respeito ao papel da literatura como caminho para um diálogo entre as culturas em conflito.
O autor, que serviu como paraquedista no exército israelense entre 1954 e 1957, lançará “Fogo Amigo” (Companhia das Letras, 2010), seu mais recente livro, durante a festa literária. A narrativa acompanha sete dias decisivos que se instalam na vida de um casal israelense de meia-idade.
Ambientado nas paisagens africanas, o romance evidencia o conflito entre a ancestralidade e as sombras do passado de uma pequena família israelense. O clã sofre pela perda de um de seus membros, morto pelo “fogo amigo” das forças de ocupação na fronteira da Cisjordânia.
Yaari, o protagonista, está ocupado com os cuidados da doença do pai. Sua esposa Daniela, professora do ensino secundário, aproveita o feriado escolar para viajar até um lugarejo perdido nas savanas da Tanzânia. O casal está soterrado pela violência. Em meio ao caos, encontrarão um respiro em sua própria história amorosa.
Yehoshua formou-se em literatura e filosofia na Universidade Hebraica de Jerusalém e desde 1972 é professor de literatura na Universidade de Haifa. Escreveu também “A Mulher de Jerusalém“, “A Noiva Libertada“, “Viagem ao Fim do Milênio” e “Shiva“.
[ da Livraria da Folha ]