O JCall, um novo grupo pacifista de judeus europeus, publicou no final de semana uma petição assinada por cerca de 6.000 judeus instando for um fim da ocupação e da expansão israelense na Cisjordânia e Jerusalém Oriental.
Os signatários, incluindo personalidades importantes como os filósofos franceses Bernard-Henri Levy e Alain Finkielkraut, dizem que a política de assentamento mina as perspectivas de paz com os palestinos baseadas numa solução de dois Estados. Eles expressam receio pelo futuro de Israel como Estado judeu, democrático e ético e estão preocupados pela campanha global de deslegitimação contra Israel.
Como os membros do lobby judeu norte-americano ‘J Street’, as pessoas do ‘JCall’ não acreditam que um apoio automático à política israelense – que defende, por exemplo, a construção para judeus em Jerusalém Oriental – serve aos verdadeiros interesses israelenses.
Assim como houve críticas ao ‘J Street’ nos Estados Unidos, as veteranas organizações judaicas na Europa rejeitaram a nova iniciativa, argumentando que a petição servirá aos inimigos de Israel. E assim como o ministério israelense de Informação e Diáspora espera que os turistas israelenses defendam a política governamental de assentamento em suas viagens para o exterior, os críticos estão demandando que os judeus intelectuais e éticos da Diáspora sejam hipócritas.
Espera-se que o governo israelense não se una aos ataques contra o ‘JCall’. Durante a última crise com o governo norte-americano, o primeiro-ministro Benjamim Netanyahu não mediu esforços para conseguir que personalidades judaicas como [o prêmio Nobel] Elie Wiesel se juntassem na batalha contra as pressões por um congelamento das construções em Jerusalém Oriental.
Aqueles que recrutam judeus da direita para apoiar suas políticas devem respeitar o direito da esquerda judaica a expressar suas idéias. A contribuição de pacifistas judeus na Europa é uma resposta adequada ao estrago que membros do governo Netanyahu – destacando-se o ministro do exterior Avigdor Lieberman – estão fazendo aos interessas israelenses no continente.
O conflito violento entre Israel e seus vizinhos e a suspensão de conversações de paz contribuiram para a crescente alienação da comunidade judaica da Diáspora do país. A tendência é particularmente visível entre a juventude.
O fato de que milhares de judeus pelo mundo todo, incluindo intelectuais proeminentes, esteja defendendo um fim para quase 43 anos de maléfica ocupação é uma boa notícia. Esperemos que as vozes dos amigos de Israel em Paris, Londres e Bruxelas sejam ouvidos em Jerusalém.
[ Editorial do HAARETZ em 03|05|10 – traduzido pelo PAZ AGORA|BR ]