A divisão entre Gaza, sob o domínio do Hamas, e a Cisjordânia, sob o campo moderado, apresenta uma oportunidade histórica para que Israel e o governo de Mahmoud Abbas alcancem a paz.
Os governos de Olmert e Abbas aceitam, igualmente, o princípio de ‘Dois Estados para Dois Povos’, a idéia de trocar terra por paz e a abordagem que defende o fim da ocupação israelense.
Ainda existem muitos temas em litígio, mas nenhum que possa criar um abismo entre os dois lados. Negociações intensas podem vencer as diferenças e levar a uma proposta de acordo.
E o que fazer quanto à Faixa de Gaza, que caiu nas mãos do Hamas, aquela mesma Gaza influenciada pelo Irã e inspirada pelo Hizbolá?
É possível ter a esperança de que quando for alcançado um acordo abrangente entre israelenses e palestinos, quando um Estado Palestino independente for estabelecido na Cisjordânia e o fardo da ocupação israelense tiver terminado, um movimento popular será criado em Gaza para se opor ao domínio tirânico e ao fanatismo religioso do Hamas.
As massas de Gaza não serão capazes de ignorar a conquista histórica da população da Cisjordânia. Mergulharão numa luta para se livrar do jugo opressor do Hamas e aderir ao Estado Palestino.
Ambos os governos, de Olmert e de Abbas, estão mostrando sinais positivos de mudança. Israel promoveu uma série de gestos de boa vontade: a libertação de presos palestinos, o consentimento em equipar as forças de Abbas com armas modernas, um acordo sobre suspensão de buscas de pessoas procuradas e outras medidas atenuantes.
Os palestinos, por sua parte, estão fazendo esforços sinceros para controlar a anarquia prevalente na Cisjordânia, coletar armas e evitar ataques a israelenses.
Olmert e Abbas são fortes o suficiente?
O manifesto do gabinete palestino finalmente derrubou a cláusula que instava por uma luta armada e em vez disso está discutindo um acordo a ser alcançado através de negociações com Israel.
Em vez de exigirem o “Direito de Retorno”, que significa a destruição de Israel, os palestinos incluíram em seu manifesto uma cláusula entítulada “uma solução justa e acordada para o problema dos refugiados”.
O importante discurso do primeiro-ministro Olmert em Sharm el-Sheikh, no qual pela primeira vez ele expressou mostrou compreensão e até empatia pelo sofrimento dos refugiados palestinos, confirma o fato de que Israel também está interessado em chegar a uma solução “justa e acordada” para o problema palestino.
Mas os gestos israelenses podem-se provar, no final, meras migalhas atiradas aos pobres, caso não sejam imediatamente seguidos por negociações sérias, que busquem solucionar os controversos problemas restantes e almejem estabelecer um Estado Palestino na Cisjordânia.
A próxima ação, portanto, deve ser o engajamento imediato de Israel em conversações com o gabinete de Abbas sobre as “questões críticas” do conflito: Jerusalém, fronteiras permanentes, futuro dos assentamentos, refugiados de 1948 e lugares santos.
Todos estes tópicos já têm soluções potenciais. Como as fórmulas Clinton, Taba e Genebra.
Serão os governos Olmert e Abbas suficientemente fortes para convencer seus povos a aceitar um acordo no qual ambos os lados terão que fazer concessões dolorosas?
Os líderes podem ter boas expectativas: se ambos forem de fato corajosos e chegarem a uma proposta de acordo, e se esta proposta for levada a um referendo em Israel e na Palestina, ficará visível para todos que os dois povos já estão prontos para uma solução de compromisso.
Ficarão os israelenses e palestinos felizes com o acordo? Dançarão nas ruas quando ele for finalmente assinado? Provavelmente não.
[ publicado no Ynet em 31|07|2007 e traduzido por Moisés Storch para o PAZ AGORA|BR ]