Homenagem a ALBERTO CASTIEL
21|11|2006
Alberto Castiel abraçou, ainda muito jovem, as causas da paz e da justiça social e continuou trilhando este caminho até seus últimos suspiros. Deixou-nos para sempre há um mês, mas seus ideais permanecem vivos em nossas mentes e corações. Ao lado de amigos e companheiros de instituições que tiveram o privilégio de contar com a sabedoria e generosidade de Castiel, realizaremos uma pequena homenagem.
Em São Paulo, dia 23 de novembro de 2006, às 20:00 horas, no Auditório “Antonio Rezk” do IPSO – Instituto de Pesquisas e Projetos Sociais e Tecnológicos, à Rua Rego Freitas, 454 – cj 112, Vila Buarque.
ALBERTO CASTIEL, UM AMIGO DA PAZ
por DINA LIDA KINOSHITA – 16|11|2006
Castiel é uma família sefaradita vinda da Turquia no começo do século XX que se estabeleceu em Porto Alegre. Seu filho Alberto nasceu nessa cidade no ano de 1922.
Muito jovem, Alberto Castiel transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde cursou Filosofia na Universidade Nacional do Brasil, atual UFRJ, tendo sido aluno do professor Álvaro Vieira Pinto.
Seus momentos de lazer eram passados com os “Cabiras”, clube dos jovens judeus junto à Biblioteca Israelita Brasileira “Scholem Aleichem” – BIBSA.
Eram tempos pós 2ª Guerra Mundial, com ventos da redemocratização pelo Brasil e no mundo e havia uma grande simpatia pela URSS entre esses jovens, por sua contribuição decisiva para a derrota do nazi-fascismo.
É neste clima de efervescência que Alberto Castiel, como Salomão Malina e Jacob Gorender, entre outros, ingressa no PCB legal e abraça a causa da paz.
Já em 1947, com apenas 25 anos de idade, Alberto participa de um Congresso de Intelectuais pela Paz em Woclaw, na Polônia. Este é um congresso precursor da criação do Conselho Mundial da Paz (CMP) no ano seguinte, em Paris.
O primeiro presidente do CMP foi o Prêmio Nobel Joliot Curie. Integravam sua direção, entre outros, Pablo Picasso, Pablo Neruda, Ilya Ehrenburg e do Brasil, Jorge Amado, Arnaldo Estrela e Cândido Portinari.
Alberto Castiel viveu vários anos em Paris, onde trabalhava na secretaria do CMP. Ali privou do convívio e da amizade daqueles grandes intelectuais, além do físico Mario Schenberg. Voltou ao Brasil em 1952, e precisou viver durante alguns anos na clandestinidade quando teve tarefas muito importantes de educação política da classe operária. A partir dos anos 60 dedicou-se cada vez mais à questão da paz e do desarmamento, sempre com uma visão ampla e não partidarizada. Em 1984 fundou o BRASPAZ – Movimento Brasileiro pelo Desarmamento e Paz, tendo participado de inúmeros eventos relacionados ao tema no Brasil e no exterior.
Nos últimos anos da vida, foi ativista dos Amigos Brasileiros do PAZ AGORA e membro da Cátedra UNESCO de Educação para a Paz, Direitos Humanos, Democracia e Tolerância junto ao Instituto de Estudos Avançados da USP.
Alberto Castiel em Givat Haviva – Centro Árabe-Judaico de Educação para Paz
Sua última participação em eventos internacionais foi em 2003, como delegado do PAZ AGORA|BR e representante do BRASPAZ no Encontro da REDEPAZ – Rede Global de Educação para a Paz, realizado em Nazaré, Israel.
Naquela ocasião também realizou o seu antigo sonho de conhecer a experiência socialista de um kibutz. Castiel nos deixa um exemplo de luta, de respeito ao outro, e a esperança inquebrantável num mundo mais justo e pacífico.
S.PAULO, 16|11|2006
Alberto Castiel em Nazaré – abril de 2003 – Saudades –
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