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Embora concorde com os muitos comentários publicados no Arab News com relação ao desempenho da Autoridade Palestina e a decepção do povo palestino, discordo do argumento de alguns jornalistas de que, para um movimento de resistência vencer, ele deve adotar uma estratégia de segredo e anonimato. Meu desacordo parte das seguintes razões:
A violência não pode ser uma opção, nem uma estratégia para nós, nem como palestinos nem como árabes. A tragédia do 11 de setembro nos rotulou como “terroristas” e foi claro o sucesso de Ariel Sharon em ligar nossa resistência ao terrorismo.
A principal razão para isto é que nós, tanto árabes como palestinos, fracassamos em humanizar nosso clamor por justiça. Nós focamos apenas demandas políticas, esquecendo que Israel ganhou simpatia internacional e apoio para sua aparente fraqueza.
O mundo árabe como um todo irá, cedo ou tarde, condenar os palestinos como aqueles que espalharam a ideologia da violência. É uma perspectiva assustadora para todos nós. A criação de uma atmosfera onde o povo palestino não mais seja apoiado pelos árabes do mundo.
A violência semeia apenas mais violência. Como eu poderia reassegurar a população israelense de minhas boas intenções se mantenho uma estratégia militarizada? Como poderia eu, como mãe, perdoar ou esquecer a perda de um filho ou outro amigo próximo ou parente? Nenhum de nós somos santos.
Mais do que qualquer coisa, nós precisamos do apoio da população israelense para criar uma mudança no governo israelense, e precisamos disto o quanto antes. Tal mudança deve ser iniciada pelas diásporas judaicas, particularmente pela norte-americana.
Sim, a resistência é um direito legal dos palestinos ocupados. Mas, o exercício desse direito legal não precisa ser feito através de mais violência. Existem outros foros, de cujo apoio nós necessitamos desesperadamente. Entre eles os moderados internacionais e os israelenses.
Podemos iniciar não comprando produtos israelenses, podemos perturbar a calma rotina da vida dos colonos bloqueando estradas e dificultando sua liberdade de movimento. Precisamos educar nosso povo na trilha de não-violência como um direito legal e moral e como obrigação. Qualquer coisa a menos é não só imoral – é uma garantia de um fracasso violento e sangrento.
[ publicado no Arab News (Riad) em 27/07/2004 e traduzido pelo PAZ AGORA|BR ]