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Nairóbi, Quênia – A União Africana analisa a possibilidade de transformar sua força de proteção na região sudanesa de Darfur em força de manutenção da paz, em meio a denúncias sobre centenas de mortos em confrontos armados e limpezas étnicas. O Conselho de Paz e Segurança da Organização Pan-africana solicitou que seu presidente, Alpha Oumar Konare, apresente um plano para transformar a força de 308 homens em uma missão de paz, segundo comunicado divulgado nesta quarta (28) em Nairóbi.
A idéia é que a missão garanta o respeito do acordo de cessar-fogo assinado em 8 de abril passado entre o governo sudanês e as forças rebeldes de Darfur. Além disso, o mandato dessas forças pan-africanas visará “ao desarmamento e à neutralização das milícias Janjaweed (pró-governamentais), a proteção da população civil e a facilitação de assistência humanitária”, diz o comunicado.
A região ocidental de Darfur é palco desde fevereiro de 2003 de confrontos armados entre dois grupos rebeldes: o Exército da Libertação do Sudão e o Movimento pela Justiça e a Igualdade, e as milícias árabes Janjaweed, acusadas de realizar uma limpeza étnica contra a minoria negra africana. Segundo as Nações Unidas, Darfur é atualmente o centro da pior crise humanitária mundial, onde, em pouco mais de um ano, 50 mil pessoas morreram e 1,2 milhão foram obrigadas a fugir para campos de refugiados, nos quais a ajuda não chega, dado o nível de violência local.
A agência egípcia Mena informou também nesta quarta que cerca de 200 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas em confrontos entre diversas facções dos grupos rebeldes. Segundo a Mena, os combates ocorreram em um campo de rebeldes na região de Jabal Mora (Darfur). De acordo com as primeiras informações, os combates começaram depois da decisão do Exército de Libertação Sudanês de controlar os comboios de ajuda e as atividades de organizações humanitárias nesta região.
A União Africana informou que seus observadores militares em Darfur verificaram que as milícias Janjaweek saquearam e incendiaram pelo menos uma cidade, e vários de seus moradores foram queimados vivos, segundo a rede britânica BBC. “Toda a vila Ehda foi incendiada e abandonada, exceto por alguns poucos homens”, relata o informe dos observadores, que verificam as denúncias de violações ao cessar-fogo.
“A comissão do cessar-fogo concluiu que este foi um ataque injustificado e não provocado contra a população civil pelas milícias Janjaweed, mas ainda não pode confirmar as acusações de que as forças sudanesas lutaram junto com estas milícias”, informa o relatório. Em julho passado, a União Africana decidiu enviar para a região uma força de proteção de 380 homens, que deveriam chegar rapidamente. Até hoje, só Ruanda e Nigéria se comprometeram com esta missão.
As Nações Unidas analisarão até sexta-feira (30) um projeto de resolução apresentado por Estados Unidos, que propõe sanções ao Sudão, se o governo não acabar com a violência, não desarmar as milícias e não facilitar a entrada de ajuda humanitária. Essa mesma postura é compartilhada pelos países da União Européia, cujos chanceleres assinaram na segunda-feira (24) um documento de advertência ao governo de Jartum.
Outra medida analisada é a intervenção militar em Darfur, à qual o governo sudanês se opõe e adverte que responderá com suas forças a uma ofensiva estrangeira. O porta-voz da chancelaria alemã, Thomas Steg, informou que o seu país enviará outros 20 milhões de euros para ajudar os refugiados do conflito sudanês, aumentando assim a sua contribuição para 32,5 milhões de euros.
[ fonte: Agência Carta Maior / Agência Ansa ]